Radiografia às estradas de Macau

Qualidade de construção preocupa

A qualidade do pavimento das estradas não está de acordo com a pressão exercida pelo grande volume de tráfego rodoviário que circula diariamente em Macau, facto que tem levado ao desgaste do piso em muitas áreas do território, com incidência nas ilhas da Taipa, de Coloane, e no COTAI.

«A pressão exercida no asfalto é maior do que devia, ou então a qualidade não é necessariamente a ideal. Por isso o desgaste sobre as estradas é evidente. Apesar de ter uma estrutura em betão armado na base, o abatimento do nível do asfalto verifica-se por causa da movimentação de terras, especialmente nas zonas dos aterros», disse a’O CLARIM Paulo Rosa Rodrigues, empresário e especialista em engenharia de minas.

Notando que o desgaste também acontece em várias estradas que apenas estão revestidas com betão armado, sustentou que parte de todo o problema é causado pelos «veículos pesados de mercadorias, muitos deles a circular com excesso de peso», razão pela qual as autoridades competentes devem «reforçar a fiscalização nas fronteiras e em vários pontos estratégicos do território».

«A solução no momento é suspender a importação de veículos, porque o território é manifestamente pequeno para comportar um parque automóvel assim tão grande. A única excepção seria permitir a substituição dos que fossem abatidos», referiu Paulo Rodrigues, acrescentando que a medida iria «mexer com os interesses dos importadores mais influentes em Macau».

Para o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro, «o sistema prático de fluidez do trânsito rodoviário está antiquado», o que «tem causado muitos engarrafamentos em variadíssimos “pontos cegos” [das estradas], originando acidentes em várias zonas da cidade».

A «falta de sincronização da sinalização» também mereceu reparos, porque a sua optimização «podia tornar o trânsito mais fluido», mas como o actual sistema «não funciona», notou haver «a necessidade de recorrer constantemente à “muleta” dos policias de trânsito, sobretudo nas horas de ponta».

Afirmando que «falta criatividade», defendeu que o foco deve estar na «promoção de políticas claras» que possam beneficiar, não só a «eficácia do trânsito rodoviário», como também a «melhoria do ambiente», que considerou estar «muito poluído», sendo «até mesmo tóxico para a cidade». «Duas soluções práticas é incentivar a utilização de veículos eléctricos, começando por autocarros e motorizadas, e promover mais percursos pedonais livres de poluição», concluiu Vizeu Pinheiro.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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