Júlio Pereira sobre a ameaça terrorista no Ocidente

Liberdades e garantias são o pior inimigo dos terroristas

A crescente insegurança que se vive na Europa, fruto da ameaça terrorista vinda de grupos radicais, não deve ser atribuída à permissividade de vários Estados europeus face ao Islamismo, quando abdicam dos seus valores e tradições, a bem da tolerância étnica e religiosa, disse a’O CLARIM Júlio Pereira, secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP).

«A tolerância religiosa é um dos valores matriciais da União Europeia, não se podendo ir aí procurar as causas dos problemas com que hoje se defronta.

Onde alguns países europeus falharam foi na incapacidade de executar políticas tendentes a incutir e a fazer respeitar, nas diferentes comunidades, os valores do Estado de Direito, que estão acima da diversidade religiosa e para além das diferentes etnias», afirmou Júlio Pereira, orador na conferência “A resposta penal à ameaça terrorista”, que decorreu na passada terça-feira, na Galeria da Fundação Rui Cunha.

De igual forma, considerou que as liberdades e garantias assentes em valores democráticos não são o pior inimigo da Europa no combate ao extremismo islâmico: «As liberdades e garantias são o pior inimigo mas é dos grupos terroristas “jihadistas”. Ninguém na Europa questiona o respeito pelas liberdades e garantias. O que se discute é saber em que medida se torna necessário reforçar a segurança, como condição de preservação das próprias liberdades e garantias face aos riscos da ameaça terrorista».

Abordando a crise migratória na Europa, que também tem dificultado a acção das autoridades e agências de segurança na prevenção do terrorismo, admitiu que «a circulação de pessoas envolve naturalmente riscos». Contudo, lembrou que «os fluxos de refugiados são inerentes à existência de conflitos», como «o que se regista no Médio Oriente», e que «diversos países muito mais pobres do que os da União Europeia acolhem milhões de refugiados».

Para Júlio Pereira, «nesta matéria tem que ser respeitado o Direito Internacional Humanitário», sendo que «entre todas as pessoas que se deslocam de país em país, os refugiados serão porventura os que são objecto de maior escrutínio».

Quando questionado sobre o que tem falhado nas relações entre o Ocidente e o Médio Oriente, o ex-adjunto do primeiro alto Comissário contra a Corrupção em Macau vincou que, «ao encontrar uma resposta o mais esclarecedora possível», diria com rigor «uma simples palavra: tudo».

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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