Comunidade de língua inglesa da Sé Catedral com novo projecto pastoral
A comunidade de língua inglesa da igreja da Sé Catedral foi convidada recentemente a constituir um grupo e a definir um programa pastoral. São Padre Pio foi escolhido para patrono do referido grupo, estando o padre Leonard Dollentas encarregado de guiar esta comunidade. A’O CLARIM, o sacerdote filipino falou dos objectivos que se pretendem alcançar com mais esta iniciativa pastoral, que engloba membros de diversas nacionalidades, como filipinos, indianos, coreanos e outros paroquianos que falam Inglês – fiéis que «costumam frequentar as missas das 17:00 horas e das 18 horas e 30, ao Domingo, na Sé Catedral».
O padre Leonardo Dollentas revelou a’O CLARIM as intenções do grupo recentemente constituído por membros da comunidade de língua inglesa que frequentam a igreja da Sé Catedral: «Não é uma entidade independente da Sé Catedral, mas parte integrante da mesma. Foi formado para criar um ambiente acolhedor para os fiéis de língua inglesa pertencentes a diferentes nacionalidades e culturas. Embora sejam mantidas as normas litúrgicas da igreja, a comunidade de fé integra ocasionalmente outras línguas e culturas dentro da liturgia, para prover acolhimento e garantir um clima de respeito pela multiculturalidade existente. Esta é, primariamente, uma comunidade de língua inglesa».
Todos os primeiros Domingos de cada mês, a celebração eucarística dominical das 18 horas e 30 inclui uma sessão de Cura. O sacerdote, no fim da missa, dirige-se a todos os presentes, profere algumas orações, e de seguida os fiéis – que procuram uma cura interior ou física – juntam-se no corredor central da igreja. Um a um, apresentam-se em frente ao padre, que impondo-lhes as mãos reza sobre eles unido à intercessão do Padre Pio. Concluída a oração de imposição das mãos, o sacerdote ministra a unção com o óleo dos enfermos, fazendo o Sinal da Cruz na testa dos fiéis. Assim aconteceu no passado Domingo.
Durante a habitual semana de trabalho, as missas em Inglês da Sé Catedral são celebradas à terça-feira e à quinta-feira, pelas 18 horas e 45, sendo que todas as terças-feiras, quintas-feiras e sextas-feiras há confissão em Tagalog, Inglês, Espanhol e Chinês, entre as 18 horas e 30 e as 19 horas e 30.
PADRE JEAN DEROBERT,
FILHO ESPIRITUAL DO PADRE PIO
O saudoso padre Jean Derobert foi um dos filhos espirituais de São Padre Pio. Da sua relação próxima com o santo resultou uma transformação profunda da sua pessoa, assim como da sua vivência na fé. Por tudo o que viveu e viu, deu vários testemunhos sobre o Padre Pio, alguns deixados por escrito em obras entretanto publicadas.
O padre Jean Derobert, num dos seus testemunhos, recorda a tarde de Outubro de 1955, quando ainda seminarista, em Roma, chegou a San Giovanni Rotondo, depois de uma longa viagem de comboio. Foi então conduzido por um frade capuchinho ao encontro do Padre Pio, à época já dado como santo. Ao passar pelo corredor das celas – conta Derobert – «deparei-me ao lado de um religioso que tossia, tinha apanhado um resfriado e irritava-me bastante». Ao olhar o frade junto de si diz ter pensado: “Que coisa curiosa, eu conheço esta cara, já vi esta fisionomia em algum lugar”. No momento em que este passou a mão pela cabeça, Derobert viu a mão coberta com uma luva, e exclamou: «É o Padre Pio!». Segundo Derobert, os olhos do Padre Pio elevavam-se por vezes em direcção a um crucifixo colocado na parede.
Mais tarde o Padre Pio desceu o corredor que separava a igreja do convento, onde havia muita gente. «O Padre Pio saiu rodeado por quatro frades capuchinhos que lhe serviam de “guarda-costas”. Um deles era o que me tinha levado até ele. Fiquei espantado: porquê tanta segurança? Entendi logo a necessidade desse cuidado, pois as pessoas caiam em cima dele», refere Derobert. O Padre Pio olhava-o por cima das cabeças dos fiéis, indo ao seu encontro. «No momento em que o frade capuchinho me apresenta ao Padre Pio, diz-lhe: “– Padre, é um padre francês que quis vir vê-lo”. E o Padre Pio, sem me olhar, responde: “– Não, padre não, seminarista apenas!”». Jean Derobert sentiu-se tocado – «foi para mim um “click” e ajoelhei-me». Neste momento, o Padre Pio tomou-lhe a cabeça entre as mãos e apertou-a contra o seu coração. Derobert afirma ter sentido um perfume. «Eu não sabia que era o seu sangue. Ele impôs-me as mãos e senti como que um choque eléctrico, algo de fantástico, de fenomenal, que nunca havia sentido». Esta experiência fê-lo recordar as palavras do Evangelho: «E toda a multidão procurava tocar-lhe, pois emanava dele uma força que a todos curava» (Lucas 6:19).
No dia seguinte, aos quinze minutos para as cinco da manhã, Jean Derobert subiu à igreja do convento. Eram muitos os fiéis que se amontoavam à porta. Havia quem recitasse o Terço a uma velocidade vertiginosa. «Ouviu-se barulho de chaves, a porta da capela abriu-se com força, e aquelas pessoas entraram como loucas para o interior. O Padre Pio celebrou a Santa Missa, de uma forma absolutamente extraordinária». A eucaristia durou duas horas e assistiram-se a fenómenos fantásticos: «Ele falava com alguém que estava sobre o altar. Eu tinha finalmente conseguido chegar perto, mais ou menos a um metro e meio de onde ele estava. Vi muito bem que falava com alguém – era Nosso Senhor que estava ali. Afastava violentamente o demónio, que o queria impedir de consagrar. Com uma mão, às vezes com as duas, empurrava-o. Era impressionante!». O Padre Pio ficava em adoração diante do seu Deus, que se tinha feito presente no pão e no vinho. «E depois, no momento da Comunhão, dava-se o fenómeno da luminosidade. Ele tudo iluminava!».
Derobert conta que ao seu lado se encontrava um eclesiástico. Tratava-se de um monsenhor, secretário do cardeal de Bolonha, com quem havia conversado. «Eu estava emocionado, e via o monsenhor ao meu lado com lágrimas nos olhos». O jovem perguntou-lhe: «– Monsenhor, o que se está a passar?». Este respondeu: «– Olhe bem, é o fenómeno da luminosidade que é próprio dos grandes místicos. O espírito toma posse de tal modo da matéria que ela se torna translúcida e brilhante», tendo acrescentado: «Lembra-se de quando Jesus se transfigurou no monte Tabor, foi exactamente isso que aconteceu!».
Depois da celebração eucarística o Padre Pio desceu para o confessionário. «Então preparei a minha confissão. Ele estava sentado numa cadeira no confessionário com o cotovelo sobre o tampo. E eu ajoelhado ao lado dos seus pés; as nossas cabeças ficaram muito próximas». Jean Derobert falou dos seus pecados mais recentes, sendo que para o Padre Pio estes já os havia confessado. Preferiu mostrar-lhe outras acções – antigas – que Derobert pensava serem inofensivas, mas que haviam feito sofrer Nosso Senhor. Disse-lhe: «Nosso Senhor te perdoou, Nosso Senhor te chamou!».
Durante a confissão, perguntou a Derobert se acreditava no seu Anjo da Guarda, e este afirmou: «Padre, o meu Anjo da Guarda… nunca o vi. Foi então que apanhei o mais solene par de bofetadas da minha existência». O Padre Pio apontou com o dedo por cima do seu ombro direito, e acentuou: «O teu Anjo da Guarda está aqui, atrás de ti! Ele é grande, ele é belo!». Derobert revela: «Voltei-me e não vi nada. E quando olhei de novo para ele [padre Pio]fiquei surpreendido. O seu rosto inteiro estava iluminado por uma luz estranha, e nas pupilas dos seus olhos havia o reflexo do Anjo. Disse-me: “Quando quiser dizer-me alguma coisa, envie-me o seu Anjo da Guarda”».
No dia seguinte, Jean Derobert despediu-se do Padre Pio, entregando-se ao seu cuidado. «Ajoelhei-me diante dele. Impôs-me as mãos com vigor e senti o choque eléctrico. Abraçou-me e disse: “Escuta: eu acolho-te como filho espiritual. Prometo-te assistir sempre e em todo lugar. Eu nunca te deixarei, porque você é um filho do meu coração”».
O sacerdote diz haver pessoas que muito se interrogam sobre a vida mística do Padre Pio: Porquê tanto sofrimento? Como explicar os seus estigmas? Segundo Derobert, para se compreender o mistério do Padre Pio tem que se aferir que «toda a vida do Padre Pio não é mais do que a vivência na Paixão de Jesus, para ajudá-Lo a carregar a Sua cruz. Se não se compreende isto, não se compreende o Padre Pio». «Quantas vezes vi o Padre Pio ser crucificado durante a Missa! Vi, com os meus próprios olhos, pérolas de sangue correrem pela sua testa, pela coroa de espinhos. Vi o sangue correr dos estigmas – vi uma coisa espantosa: a película que fechava a chaga da mão esquerda do Padre Pio abrir-se, e através do orifício vi a chama de uma vela. Vi-o sangrar dos pés e as suas meias impregnadas de sangue; senti os aromas de perfume que saíam das suas chagas».
O Padre Pio vivia constantemente em oração; sobretudo rezava muito o Terço. «Na verdade, o Padre Pio era um “devorador” de Terços. Rezava incessantemente à Virgem Maria». Certo dia, o Padre Pio disse a Derobert: «O Terço é a corrente de amor que liga o teu coração ao coração da tua Mãe! E repetia muitas vezes: Amem Nossa Senhora, façam com que a amem muito!». Jean Derobert, já sacerdote, ouviu numa determinada ocasião o Padre Pio dizer precisamente aquilo que sente ter sido o chamamento do Senhor ao seu coração: «No centro da tua vida, meu filho, deve haver, como para mim, um altar e um confessionário».
Miguel Augusto
com Associação Regina Fidei (promotora da devoção a São Padre Pio)