NOSSA SENHORA DAS DORES (15 DE SETEMBRO)

NOSSA SENHORA DAS DORES (15 DE SETEMBRO)

Nome de igreja em Ká-Hó, e não só…

Dá o nome à igreja que se encontra na Antiga Leprosaria de Ká-Hó, hoje um espaço explorado pela Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM). Mas a homenagem a Nossa Senhora das Dores não se resume a uma igreja de “pedra e cal”. Todos os anos, também os católicos de Macau celebram Nossa Senhora das Dores, no dia seguinte à Festa da Exaltação da Santa Cruz.

Associada ao Calvário e à Cruz, a Festa da “Mater Dolorosa” é uma das inúmeras invocações marianas na Igreja. A invocação (Dores) destaca o sentimento de dor da Mãe diante do sofrimento do Filho, na Cruz. A devoção surgiu no Século XI, entre os monges beneditinos, ganhando popularidade na centúria seguinte. Em 1239 foi fundada a Ordem dos Servos de Maria (ou Servitas), na arquidiocese de Florença. A fixação da Festa a 15 de Setembro surgiu neste élan mariano no Ocidente. Em 1221 levantou-se o primeiro altar da Mater Dolorosa, no mosteiro cisterciense de Schönau, na Baviera.

A Festa formal de Nossa Senhora das Dores, como a conhecemos hoje, tem origem num sínodo provincial de Colónia, na Alemanha, em 1423. Foi designada para a sexta-feira depois do terceiro Domingo após a Páscoa, com o título de “Comemoratio angustiae et doloris B. Mariae V.” (Comemoração das Angústias e Dores da Virgem Maria). Tinha como fulcro espiritual a tristeza (“sete dores”, ou tristezas) de Maria durante a Crucificação e Morte de Cristo. Todavia, antes do Século XVI, esta Festa estava circunscrita às dioceses da Alemanha do Norte, Escandinávia e Escócia, além das comunidades de Servitas. Desde 1482 que existia também, no Missal Romano, a Festa de Nossa Senhora da Compaixão (a palavra compaixão deriva do Latim “cum” e “patior”, ou “sofrer com”). Depois de 1600 tornou-se popular em França, comemorando-se na sexta-feira antes do Domingo de Ramos. Em 1727 o Papa Bento XIII estendeu-a a toda a Igreja Latina, sob o título “Septem dolorum B.M.V.” (“Sete Dores da Bem-Aventurada Virgem Maria”).

As “sete dores” referem-se aos sete episódios da vida de Jesus Cristo, contados pelos Evangelhos, que fizeram Maria sofrer. As sete dores são: a profecia de Simeão sobre Jesus (Lucas 2,34-35); a Fuga da Sagrada Família para o Egipto (Mateus 2,13-21); O desaparecimento do Menino Jesus durante três dias (Lucas 2:41-51); O encontro de Maria e Jesus a caminho do Calvário (Lucas 23,27-31); Maria perante o sofrimento e morte de Jesus na Cruz – ou “Stabat Mater” (João 19,25-27); Maria recebe o corpo do Filho descido da Cruz (Mateus 27,55-61); Maria acompanha o corpo do Filho a ser depositado no Santo Sepulcro (Lucas 23,55-56).

A imagem de Nossa Senhora das Dores é representada ferida por sete espadas no seu Imaculado Coração (ou uma só espada), em alusão ao trespassamento por uma “espada de dor”, aquando da Paixão e Morte de Jesus, unindo-se ao seu sacrifício redentor. É seu símbolo também o Rosário das Lágrimas (ou Terço das Lágrimas), com 49 contas brancas divididas em sete partes de sete contas cada. Aparece também frequentemente representada com uma expressão de dor diante da Cruz, contemplando o Filho morto (daí o referido hino medieval “Stabat Mater”), ou então a segurando Jesus morto nos braços, após o Seu descimento da Cruz (origem do tema da “Pietà”).

V.T.

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