Matriz católica faz a diferença
A Universidade de São José representa uma nova etapa no longo percurso profissional de Maria Antónia Espadinha. A’O CLARIM, a recém-empossada vice-reitora disse que se espera «rigor científico e exigência», numa instituição de «matriz católica que faz uma grande diferença em Macau».
A vice-reitora da Universidade de São José (USJ), Maria Antónia Espadinha, disse a’O CLARIM que a instituição de ensino superior marca a diferença em Macau.
«É a única universidade de matriz católica, o que faz uma grande diferença, muito embora haja professores e estudantes católicos em outras universidades», referiu, na passada segunda-feira, após a tomada de posse no novo cargo.
«Espera-se rigor científico e exigência», mas «sobretudo que [a USJ] dê aos seus alunos uma formação humana de excelência e sólidos princípios morais», sustentou Maria Antónia Espadinha, que não deixou passar em claro «um importante factor» a ter em conta: «Creio que a base religiosa faz sempre a diferença, seja qual for a religião».
Mostrando-se convicta que a USJ pode contribuir para a formação de novos dirigente locais, a vice-reitora salientou também que está à espera que o novo “campus” possa trazer «melhores condições de trabalho e de estudo aos docentes e alunos», facto que se traduzirá «numa mais-valia».
Espadinha sublinhou ainda que «a lusofonia já constitui, de várias maneiras, uma mais-valia na formação de alunos de Humanidades», acrescentando que «a USJ está a crescer e que são visíveis os frutos do trabalho que já está feito» e que se traduzirá «no que estará por vir».
Depois de ter sido directora do Departamento de Estudos Portugueses da Universidade de Macau, também se mostrou convicta que vai haver um reforço da língua de Camões no programa curricular da USJ. «Espero que sim, mas não sei ainda de que forma. Vou integrar uma equipa já constituída e cabe ao reitor, padre Peter Stilwell, a atribuição das tarefas a desempenhar nas minhas áreas de intervenção», explicou.
Quanto ao balanço que fez da sua actividade na Universidade de Macau (UMAC), assinalou que tem «a consciência de ter trabalhado honestamente e de ter cumprido com os [seus] deveres», adiantando «em termos pessoais» que «valeu a pena». Todavia, reconheceu que «muito terá ficado por fazer e algumas das coisas que se fizeram foram alteradas por força de novos regulamentos».
«A Universidade de Macau foi a minha casa desde que aqui cheguei. São quase vinte e um anos de muito trabalho, muitas alegrias, muitas coisas boas. Nesta altura, as regras pelas quais a universidade se rege dificultam o trabalho de seniores, a não ser daqueles que contribuem muito para o seu prestígio», afirmou.
«Há dois anos fui nomeada professora emérita, o que é uma grande honra, mas a minha actividade estava agora limitada a aulas a tempo parcial e a dar apoios a alunos, etc. O convite da USJ trouxe-me a esperança de poder contribuir um pouco mais para a educação terciária de Macau e foi uma grande honra à qual corresponderei com o meu esforço por fazer um bom trabalho», garantiu.
Na cerimónia da tomada de posse, que contou com a presença de D. José Lai, bispo de Macau, do padre José Tolentino Mendonça, vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa e do padre Peter Stilwell, reitor da USJ, para além de Maria Antónia Espadinha, tomaram ainda posse Susana Mieiro, como administradora, e Vincent Yang, como pró-reitor para os assuntos académicos.
Docência que marca uma vida (Caixa)
Maria Antónia Espadinha nasceu em Vila de Frades, no Alentejo. Licenciou-se na Faculdade de Letras de Lisboa, fez o estágio no Liceu Pedro Nunes e o respectivo Exame de Estado (exame de profissionalização). Efectuou o doutoramento em Salzburg (Áustria), onde foi leitora de Português. A vinda para Macau foi fruto de um convite do então director do Instituto de Estudos Portugueses, Luís Filipe Barreto. «É-me difícil destacar alguma passagem especial da minha vida profissional. Tanto no tempo em que trabalhei no ensino secundário, como na minha passagem de cinco anos por Salzburg, quinze anos pela Faculdade de Letras de Lisboa ou duas décadas pela UMAC, os cargos que fui convidada a desempenhar, e que tentei desempenhar o melhor que pude, não os considero pelo que são em si, mas pelo que me ensinaram», sustentou. «Cada um dos cargos e trabalhos que me ocupam, aquele que mais me preenche é o de ser professora», disse Maria Antónia Espadinha, que também não esqueceu o facto de «ter podido trabalhar com tantos colegas e alunos» ao longo de várias décadas ao serviço do ensino superior.
PEDRO DANIEL OLIVEIRA