Implantação da RPC foi há 65 Anos

Exército de libertação respeitou Macau

«As tropas da libertação do povo não são tropas de invasão, portanto, a posição da vizinha Macau será absolutamente respeitada. Esperamos também que as autoridades do Governo de Macau respeitem as tropas de libertação», noticiava O CLARIM, na edição de 13 de Novembro de 1949, citando declarações de Uóng Lôk, presidente do Comité Militar do Distrito de Chung Sán, efectuadas ao jornalista Luís Chan, do Tai Chong Pou.

«Após a libertação do Distrito de Tchông-Sán, toda a estrada da Companhia Kéi-Kuán passou a ser vigiada pelas tropas. Não foram porém enviadas tropas para vigiar a fronteira entre Macau e a China nem para a zona neutra entre Portugal e a China. Isto demonstra claramente que as tropas de libertação do Distrito de Tchong-Sán respeitam em extremo o procedimento do governo da terra vizinha», acrescentava Uóng Lôk, ao abordar os acontecimentos regionais subsequentes à implantação da República Popular da China, a 1 de Outubro de 1949.

Na edição de 20 de Novembro do mesmo ano relatava-se o que se passava não muito longe de Macau. «A aproximação das forças comunistas do general Lim Piao, que desembarcaram em Seak Ki, em número de 10.000 homens, deu origem à retirada dos soldados nacionalistas, a maioria dos quais se dirigiu para a Ilha da Lapa, em pequenos barcos – as típicas sampanas dos chineses», descrevia David Barrote n’O CLARIM.

A apreensão reinava no lado de cá das Portas do Cerco: «Todo este movimento à vista de Macau não deixou de constituir uma preocupação para as autoridades desta colónia [sic], intensificando-se imediatamente a mais rigorosa vigilância diurna e nocturna, com patrulhamento reforçado, com jeeps armados, do Exército e da Polícia, brenes e caminhões com soldados armados de metralhadoras».

De igual forma, explicava que «as vedetas da Capitania dos Portos, armadas também, navegavam em permanente vigilância, encaminhando os barcos com os refugiados civis ou militares para a única ponte, onde o desembarque era permitido».

Ainda segundo David Barrote, «nada se registou de anormal, embora durante a noite se ouvissem as metralhadoras e o canhoeiro e a explosão de bombas, que aviões nacionalistas lançavam em Chin San, a cerca de 5 kilómetros de Macau».

Apesar do conflito “bater à porta”, também referiu: «Nesta colónia, onde o sossego é absoluto, não foi disparado um único tiro, pois as forças em retirada têm acatado ordeiramente o que as autoridades portuguesas determinaram» para as águas territoriais que então estavam no seu raio de acção.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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