FESTA DOS 120 MÁRTIRES DA CHINA É AMANHÃ CELEBRADA (9 DE JULHO)

FESTA DOS 120 MÁRTIRES DA CHINA É HOJE CELEBRADA (9 DE JULHO)

Por Santo Agostinho Zhao Rong e seus Companheiros

A Igreja em Macau une-se hoje, 9 de Julho, à Igreja universal na celebração da Festa dos 120 Mártires da China. Esta data também é celebrada sob a denominação de “Santo Agostinho Zhao Rong e 119 Companheiros mártires na China”. Como indica, são todos eles mártires católicos da China e outros santos da Igreja Católica, que foram canonizados no dia 1 de Outubro de 2000 pelo Papa São João Paulo II. O grupo de mártires engloba, no seu todo, 87 chineses e 33 missionários ocidentais (em que se incluem sete religiosas), que foram martirizados entre 1648 e 1930.

A maior parte destes mártires (86) morreu durante a Revolta dos Boxers (1899-1900), um levantamento popular de camponeses e ultra-nacionalistas chineses que atacaram e mataram muitos ocidentais que viviam na China, entre os quais muitos cristãos chineses, missionários e religiosos. Os 33 missionários estrangeiros, a maioria também sacerdotes e religiosos, incluíam membros da Ordem dos Pregadores, Frades Menores, Jesuítas, Salesianos e Missionários Franciscanos de Maria. Muitos dos mártires recusaram a apostasia, ou seja, renunciar à fé cristã, tendo sido depois supliciados.

As questões religiosas na China em relação a confissões ocidentais ocorreram em diversos períodos da sua História. A primeira querela deu-se na Dinastia Yuan (1281-1367). Prosseguiu mais tarde na Dinastia Ming (1606-1907), recrudescendo de forma especial em 1900 com a Revolta dos Boxers. Continuou depois até à Guerra do Pacífico.

A Igreja estabeleceu-se na China há vários séculos, desde a chegada da mensagem cristã no Século VII com a vinda do monge sírio Alopen e dos nestorianos até Xian, capital da Dinastia Tang, no ano de 635. Foram várias as tentativas de evangelização do País, nem sempre de forma pacífica. Discrepâncias de credos, questões linguísticas, eurocentrismo e arrogância de vários missionários, contrastes de culturas ou divisões e rivalidades entre as congregações religiosas missionárias presentes no território, foram vários os factores das tensões ocorridas.

SANTO AGOSTINHO ZHAO RONG –A figura mais proeminente deste grupo é a de Santo Agostinho Zhao Rong (n: 1746, Wuchuan, Guizhou – m: 1815, Chengdu, Sichuan). Ordenado em 1781, foi o primeiro sacerdote chinês nativo a tornar-se mártir. Aos vinte anos de idade alistou-se no exército imperial e, aos 26, na qualidade de carcereiro de Wuchuan, ficou encarregado de manter os cristãos presos, após as tensões desencadeadas em 1772. Foi um dos soldados que escoltaram o bispo D. Jean Gabriel Taurin Dufresse até ao seu martírio em Pequim. Nesta escolta, aconteceria algo de extraordinário: ao longo do trajecto, detinha-se, cada vez mais, a ouvir os sacerdotes, que não deixavam de anunciar o Evangelho, nem durante a sua detenção. Assim, quase sem perceber, converteu-se ao Cristianismo!

O testemunho de fé (martírio) do referido bispo incitou Agostinho a converter-se e a procurar o Baptismo aos trinta anos, quando recebeu o nome de Agostinho. Cinco anos depois, foi ordenado sacerdote, em 1781, após terminar os estudos teológicos necessários. Colocou-se ao serviço dos missionários, ficando encarregado de baptizar e catequizar as crianças, além de amparar os pobres e famintos.

Agostinho tornou-se um grande pregador, capaz de comover, até às lágrimas, com as suas pregações sobre a Paixão de Jesus, granjeando muitas conversões. Foi posteriormente enviado a Yunnan para evangelizar a população local. Mas, em clima de grandes dificuldades, Agostinho, reconhecido como sacerdote, foi preso e submetido a torturas até ao martírio. O seu exemplo e virtude tornaram-no numa figura importante no mundo cristão, sendo como que uma âncora na História do Cristianismo na China.

Vítor Teixeira

Universidade Fernando Pessoa

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