Macau “saltou” de alegria

FESTA DA VISITAÇÃO DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA CELEBROU-SE NA PASSADA TERÇA-FEIRA

Macau “saltou” de alegria

A Igreja em Macau uniu-se à Igreja universal na celebração da Festa da Visitação da Bem-Aventurada Virgem Maria, na passada terça-feira. A par das outras paróquias da diocese de Macau, a data foi celebrada na missa das 18:00 horas, em Português, na igreja da Sé Catedral. Mas do que falamos, quando falamos da Visitação?

No Cristianismo, por Visitação entende-se a visita de Maria, que estava grávida de Jesus, a Isabel, sua prima, que estava grávida de João Baptista, segundo o Evangelho de Lucas (Lc., 1,39-56). Todavia, a história da Festa da Visitação da Bem-Aventurada Virgem Maria não é, claro está, tão antiga como o episódio narrado. A definição da festa litúrgica remonta ao Século XIII ou XIV.

A data actual da Festa, 31 de Maio, foi fixada ainda mais recentemente, em 1969, para que fosse posterior à Anunciação do Senhor (25 de Março) e precedesse à Natividade de São João Baptista (24 de Junho), “(…) para que se harmonize melhor com a história do Evangelho”. Nos calendários tradicionais, entre 1263 e 1969, a data caía a 2 de Julho, estando fixada no dia 30 de Março no Cristianismo Oriental. Maria é também celebrada com o título de “Medianeira de Todas as Graças”. Em 1247, a Festa da Visitação aparece referenciada na lista das festas elencadas pelo Concílio de Le Mans, em França.

São Boaventura introduziu a Festa na Ordem Franciscana, de onde viria a passar por várias dioceses. Tornou-se universal em 1404, quando o Papa Bonifácio IX a generalizou para toda a Igreja, a fim de obter o socorro do Céu à Igreja em desunião, pois estava-se em pleno Cisma do Ocidente (1378-1417). Alguns advogam a data de 1389 para inserção no Calendário Romano, na referida data de 2 de Julho, iniciativa do Papa Urbano VI. A Igreja Católica na Alemanha (tal como a igreja luterana) manteve, com o consentimento da Santa Sé, a data de 2 de Julho como uma variação nacional do Calendário Romano-Geral, o mesmo acontecendo na Eslováquia. No calendário tridentino, era uma festa dupla. Quando o missal do Papa Pio V foi substituído pelo de Clemente VIII em 1604, a Visitação passou a ser uma festa dupla de segunda classe. Permaneceu assim até à sua reclassificação pelo Papa João XXIII em 1962, tendo ganhado maior importância. Os católicos romanos que seguem o calendário anterior a 1969 (os chamados vetero-católicos) e os anglicanos, que se guiam pelo Livro de Oração Comum (“Book of Commom Prayer”), de 1662, comemoram a Festa a 2 de Julho. Na Igreja Católica, a Visitação é o segundo Mistério Gozoso do Rosário.

A VISITAÇÃO

De acordo com a narrativa bíblica, depois da Anunciação, Maria partiu em visita à sua parente Isabel, também grávida, mas de mais tempo (no sexto mês). Foi para uma cidade de Judá, que poderia ser a actual Hebron (a cerca de 130 quilómetros de Nazaré), a sul de Jerusalém. Muitos referem que Maria ficou três meses com a prima, para a apoiar no nascimento de João. Muitos defendem também que seja provável que José tenha acompanhado Maria até Judá e depois tenha regressado a Nazaré, vindo três meses depois buscar Maria, já com seis meses de gestação.

É um dos poucos episódios sobre a vida de Maria na Sagrada Escritura. Maria revela neste episódio simples toda a sua doação e alegria de servir, em prontidão, o carácter humanitário. «Também Isabel, tua parente, até ela concebeu um filho na sua velhice» (Lc., 1, 36) – foi este o incentivo do Arcanjo Gabriel que pôs Maria no caminho, numa demonstração de grande força espiritual.

Maria venceu o longo e difícil percurso, chegando a casa de Zacarias, marido de Isabel. Lucas revela no seu Evangelho que Maria logo «entrou na casa de Zacarias e saudou a Isabel» (Lc., 1,40). Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, «o menino saltou-lhe de alegria no ventre e Isabel ficou plena do Espírito Santo» (Lc., 1, 41). Isabel respondeu então à saudação: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre». Em resposta a Isabel, Maria proclamou então o Magnificat («A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, nosso Salvador», Lc., 1, 46-55), também denominado por “Cântico de Maria”, cujo substracto bíblico assenta nos Salmos e nos Provérbios, bem como o Cântico de Ana (1 Sm., 2, 1-10).

Vítor Teixeira

Universidade Fernando Pessoa

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