EMPRESÁRIA COM LIGAÇÕES A MACAU É UMA DAS PRINCIPAIS MECENAS

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Fomento, as escolas católicas que estão na mira dos alunos chineses

Há um número cada vez maior de alunos chineses a procurar os quatro colégios da rede Fomento, em Portugal. A cooperativa, que mantém desde a sua fundação um convénio com a Prelatura do Opus Dei, aposta na educação diferenciada e integral das crianças. A empresária Emily Kuo Vong está entre os principais mecenas.

As escolas da Cooperativa Fomento de Centros de Ensino, uma rede de colégios que advoga a formação integral das crianças, tendo como inspiração os valores defendidos por São Josemaría Escrivá, está a atrair um número crescente de alunos provenientes de Macau, Hong Kong e até da China continental. A informação é avançada a’O CLARIMpor Vitório Rosário Cardoso, membro do Gabinete de Fundraising do Fundo de Bolsas dos Colégios Fomento em Portugal.

Criada em 1978 por um grupo de pais, com a finalidade de proporcionar às famílias uma educação integral e completa, a Cooperativa administra actualmente quatro colégios – dois em Lisboa e dois no Porto – e faz a apologia do método de educação personalizada idealizado pelo pedagogo e professor catedrático da Universidade Complutense de Madrid, Victor Garcia Hoz. «Os Colégios Fomento foram criados com a ideia de, obviamente, serem colégios de inspiração católica com o apoio espiritual da Prelatura do Opus Dei. O elemento que os distingue das demais instituições de ensino é o envolvimento das famílias. As famílias têm uma intervenção estratégica e preponderante no desenvolvimento do sistema de ensino. As famílias tornam-se complementares à acção dos professores e, para além disso, os colégios fomentam também uma grande interacção e coesão entre as famílias», explica Vitório Cardoso.

O envolvimento dos pais no projecto pedagógico dos Colégios Fomento, aliado à aposta numa educação diferenciada e integral, é, no entender de Vitório, uma das razões que justificam o cada vez maior interesse das famílias chinesas na educação holística e personalizada oferecida pela rede. «Os colégios estão abertos a todos a gente, a diferentes credos, diferentes nacionalidades e posso adiantar que o Colégio em si, agora pegando nesta questão ligada a Macau e à China, está a começar a ter muitos estudantes inscritos, vindos da China continental, de Macau e de Hong Kong. Porquê? Porque os pais vêem neste tipo de ensino algo com que já estão familiarizados nestas regiões. Para as famílias que vão viver para Portugal acontece encontrarem nos Colégios Fomento algo que lhes é familiar e que lhes inspira confiança», sustenta. «O envolvimento com a Igreja em Macau acredito que possa servir de boa fonte de inspiração e de confiança para que as famílias de Macau tenham os filhos em colégios católicos; para que possam, eventualmente, optar por estes colégios em Portugal. Neste momento, há vários estudantes etnicamente chineses de nacionalidade portuguesa inscritos no Colégio, ou seja, gente de Macau, mas também chineses da China continental, que estão a viver em Portugal, mas não têm documentos portugueses», acrescenta.

Apesar de se manterem abertos a alunos de diferentes credos e nacionalidades, as quatro instituições que integram a rede de Colégios Fomento – os Colégios Planalto e Mira Rio, em Lisboa; e Cedros e Horizonte, no Porto – promovem um projecto educativo que foi pensado para que os pais tomassem parte activa na formação escolar dos seus filhos, garantindo que esta não está alheada dos valores cristãos. A exemplo do que sucede em Espanha, país onde os primeiros Colégios Fomento apareceram, a rede portuguesa assinou logo aquando da fundação das primeiras escolas, um convénio com a Prelatura do Opus Dei. Assim, a nomeação dos capelães e professores de Religião cabe à instituição fundada por São Josemaría Escrivá, visto que a espiritualidade da Prelatura esteve sempre presente na iniciativa dos pais que se uniram para fundar, no final da década de 70, a Cooperativa Fomento de Centros de Ensino. «O acompanhamento espiritual é feito através do padre capelão. Todos os colégios têm as suas capelas e têm os seus próprios padres capelões, que acompanham de facto o desenvolvimento espiritual das crianças, desde o berçário até ao último ano do Secundário», explica Vitório Cardoso, pai de duas crianças que estudam no Colégio Mira Rio, em Lisboa.

Um dos propósitos da rede de Colégios Fomento é contribuir para que as novas gerações tenham acesso a um método educativo que fomente a cooperação e a entreajuda e permitir a afirmação de elites bem-formadas em todos os estratos sociais. Entre os mil e 800 alunos que frequentam as quatro instituições estão alunos provenientes de famílias menos endinheiradas, que a própria Cooperativa ajuda através da atribuição de bolsas de estudo. «Obviamente que o fito é produzir elites. E produzir elites de todos os estratos sociais. Formar pessoas de grande mérito e pessoas válidas para a sociedade portuguesa, não só tecnicamente válidas, mas também ética e moralmente bem-formadas. Para além da parte técnica, para que o desenvolvimento holístico possa ser alcançado, é necessário acautelar também a parte, ética, moral e espiritual», sublinha Cardoso. «Na altura do início da pandemia em Portugal, muitas famílias – nomeadamente pais que eram pilotos e que ficaram “em terra” – foram afectadas pelo impacto que o COVID teve na economia. Começámos a detectar situações de alguma dificuldade ou de desespero de algumas famílias, para fazer face às mensalidades do Colégio, e um grupo de pais decidiu, por isso, reunir-se com a direcção do Colégio para tentar ajudar a mitigar um pouco estas situações».

Membro do Gabinete de Fundraising do Fundo de Bolsas dos Colégios Fomento em Portugal, Vitório ajudou a angariar verbas para cerca de uma centena de bolsas, que foram distribuídas pelos alunos mais necessitados das quatro instituições.

Entre os habituais mecenas dos Colégios Fomento está uma empresária do sector da hotelaria com ligações a Macau. Emily Kuo Vong, que em 2020, no auge da pandemia de COVID-19, ofereceu uma centena de ventiladores ao Serviço Nacional de Saúde português, foi quem pagou pela nova Sala de Música do Colégio Mira-Rio, em Lisboa. «A Senhora Emily Kuo Vong tem apoiado de forma muito generosa a criação da Sala de Música do Colégio Mira Rio. Porquê? Porque Emily Kuo Vong é também a presidente da chamada World Choral Federation. O marido, William Vong, é um músico que começou a sua formação na Academia Pio X de Macau e que, nos anos 70, com uma bolsa da Gulbenkian, foi estudar música para Portugal e completou a sua formação, enquanto pianista, no Conservatório Real da Bélgica», acentua Vitório Cardoso.

Marco Carvalho

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