Por uma boa causa
O padre Jojo Ancheril, missionário claretiano, não ficou indiferente à devastação causada no Nepal pelo sismo ocorrido no passado dia 25 de Abril, tendo permanecido uma semana, em Junho, naquele país asiático para tentar minorar o sofrimento de uma povoação remota onde ainda não chegou a electricidade, os telemóveis e a Internet.
«Tive conhecimento da tragédia e ficámos preocupados com o sucedido. Inicialmente mandámos algum dinheiro via Cáritas de Macau, mas como algumas pessoas me perguntavam como estava a situação no Nepal decidi gastar uma semana das minhas férias para ver o que se estava a passar», disse a’O CLARIM o pároco da igreja de São Lourenço.
Tendo chegado a Katmandu com alguns claretianos da Índia, onde também esteve de férias, rumou depois ao distrito de Chitwan, a cerca de 230 quilómetros da capital nepalesa.
«Tenho lá uma prima a trabalhar, das Missionárias da Caridade. Foi ela o meu contacto. Fiquei numa escola gerida por alguns padres da Congregação da Pequena Flor. Depois de alugar um “jeep” parti às seis horas da manhã e, antes de chegar ao meu destino, na remota aldeia de Wasbang, ainda tive que andar a pé cerca de três horas, demorando toda a viagem quase um dia», explicou o padre Jojo Ancheril.
«Para nós, claretianos, também foi a primeira vez que visitámos esta área. Deparámo-nos com casas feitas de pedra e lama praticamente todas desabadas. A população sobrevivia do que cultivava, como por exemplo, do arroz. Havia abrigos temporários feitos de plástico, coisa horrível de ver. Em termos de higiene, imagine-se o que é viver sem roupas apropriadas ou condições sanitárias básicas», descreveu.
Apesar das dificuldades, «as pessoas eram alegres, porque tinham muita simplicidade. Não eram corruptas no pensamento. Embora passassem por momentos difíceis, perguntei-lhes o que poderíamos fazer para ajudá-las, mas mesmo assim não souberam responder», salientou, assegurando que em Wasbang nunca houve electricidade, telemóveis ou Internet.
A destruição de uma escola, aliada ao número de crianças da aldeia, a rondar as oitenta, chamou a atenção do padre Jojo Ancheril, que se prontificou a fazer os possíveis por dar uma ajuda na reconstrução do estabelecimento de ensino.
Para tal, contraiu em Chitwan, junto dos padres da Congregação da Pequena Flor, um empréstimo de 1,5 milhões de rúpias nepalesas [cerca de 118 mil patacas], apenas para revestir o tecto com telhas. «Prometi que iria ajudá-los. Vou também tentar obter apoios em Macau para minorar as dificuldades que estejam a passar», justificou, referindo-se aos habitantes da aldeia de Wasbang.
PEDRO DANIEL OLIVEIRA
pedrodanielhk@hotmail.com