Padaria inclusiva na ilha da Taipa

CÁRITAS DE MACAU REVELOU A’O CLARIM NOVO PROJECTO PARA 2024

Padaria inclusiva na ilha da Taipa

Na segunda metade de 2024, a Cáritas de Macau tenciona inaugurar uma padaria na Taipa, totalmente operada por portadores de deficiência intelectual. Entretanto, a instituição liderada por Paul Pun lançou uma nova loja virtual com o propósito de vender produtos artesanais feitos por alguns dos seus pacientes.

Depois de uma clínica médica e de um restaurante, uma padaria. A Cáritas de Macau tenciona acrescentar, na segunda metade do próximo ano, uma nova empresa social aos projectos que já detém, com a abertura de uma padaria, totalmente operadora por cidadãos portadores de deficiência, na ilha da Taipa.

A iniciativa, explicou Paul Pun em declarações a’O CLARIM, tem como principal objectivo alterar a percepção que a população do território tem dos portadores de deficiência intelectual e eliminar o estigma que ainda persiste em relação ao contributo que podem dar à sociedade. A Cáritas já deu formação aos funcionários que irão assumir o projecto, mas a abertura do espaço está ainda dependente de procedimentos burocráticos. «A Cáritas tem o objectivo de lançar uma pequena padaria, com o propósito de criar oportunidades a portadores de doenças ou deficiências de cariz intelectual. Já formámos alguns aprendizes, que neste momento já estão capacitados para produzir alguns tipos de pão. É óbvio que eles têm algumas dificuldades para produzir grandes quantidades de pão, mas a prioridade do projecto é dar-lhes confiança. A venda do pão que produzem é uma forma de lhes mostrar que o fruto do seu trabalho pode ser admirado e aceite pelos outros. É esse o propósito deste projecto», disse o secretário-geral da Cáritas de Macau. «É uma forma de se sentirem aceites, de se sentirem acarinhados. Em Macau, as padarias são todas operadas por pessoas comuns. A única diferença deste projecto para as demais padarias é que o pão será feito por pessoas portadoras de deficiência. Sempre que os clientes lá forem, vão estar a transmitir o seu apoio aos portadores com deficiência», reforçou.

O projecto, que numa fase inicial poderá criar seis novos postos de trabalho, deverá estar operacional em Agosto de 2024. A Cáritas aguarda que as autoridades locais emitam as licenças necessárias para que a padaria possa operar em conformidade com a lei, um processo que se deverá arrastar por seis meses, de acordo com Paul Pun. O responsável referiu ainda que a opção pela ilha da Taipa teve em conta o melhor interesse dos pacientes envolvidos no projecto. «Na pior das hipóteses, contamos que a padaria esteja em funcionamento antes da próxima edição do Bazar de Caridade. De qualquer forma, não podemos esperar durante um período muito prolongado, até porque não nos podemos dar ao luxo de estar a pagar renda para manter um espaço vazio. Temos de nos mexer com alguma celeridade», sublinhou Paul Pun. «Os utilizadores dos nossos serviços estão agora a residir na Taipa, e essa é a razão pela qual decidimos avançar com este projecto na Taipa. Temos dois lares residenciais, situados nas imediações do hospital psiquiátrico, e a nossa posição, desde a primeira hora, foi que a padaria ficasse situada a curta distância dos dois lares, para que os funcionários não tenham que recorrer a transportes para se deslocar. Se o espaço ficasse situado em Macau, teríamos que garantir transporte ou teriam que apanhar o autocarro, o que significa que seria necessário destacar funcionários para os acompanhar», explicou.

Para Paul Pun, mais do que o resultado económico que se venha a obter, o projecto vale pela mensagem que tenciona transmitir à população. A iniciativa, que não conta com o apoio do Instituto de Acção Social nem de qualquer outro departamento governamental, é totalmente custeada pela Cáritas e serve uma causa nobre: «Tencionamos iniciar as operações com seis funcionários, que se deverão revezar na loja. São necessárias pelo menos duas pessoas em permanência na padaria. O número não é grande, mas o significado por detrás deste projecto é importante. É uma forma de reintegrar estas pessoas, de mostrar que estão preparadas para contribuir para a sociedade».

ARTESANATO EM LOJA “ONLINE”

Ainda em fase embrionária, a futura padaria é apenas um dos projectos que a Cáritas idealizou para acelerar a reintegração social de portadores de deficiência intelectual. A instituição de solidariedade social lançou recentemente uma loja electrónica que vende produtos artesanais concebidos pelos seus pacientes.

Entre as peças comercializadas estão velas, sacos de tecido, brinquedos e jogos, pulseiras, colares e outros adereços. Para além de proporcionar uma fonte de rendimentos aos artesãos, outro objectivo é mostrar que estas pessoas também têm capacidade para produzir peças de grande beleza. «O programa ‘Caritas.net’ já está em funcionamento. Trata-se de uma nova iniciativa que oferece às pessoas que acompanhamos a oportunidade de vender as peças que produzem. O objectivo deste portal electrónico é vender produtos artesanais feitos por portadores de deficiência. Colocamos fotografias dos produtos na loja virtual e ajudamo-los a vendê-los. Desta forma, os produtos podem ser admirados por um maior número de pessoas, e se eles os conseguirem vender obtêm alguns rendimentos», disse Paul Pun.

Apenas em língua chinesa, a nova loja virtual da Cáritas está disponível emhttps://www.caritasnet.org.mo/.

Marco Carvalho

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