Diocese celebra o Santo António de Lisboa
A 13 de Junho a Igreja universal comemora o Santo António de Lisboa e a diocese de Macau também assinala a data a rigor. No passado Domingo, na igreja de Santo António, o bispo D. Stephen Lee presidiu à última missa do dia, encerrando assim o programa da Festividade, organizado pela Irmandade de Santo António.
Entre os dias 31 de Maio e 12 de Junho houve Trezena – “novena” de 13 dias –, em Chinês e Português, em honra do Taumaturgo Português.
A missa presidida pelo bispo de Macau levou muitos fiéis à igreja de Santo António, tendo esta sido pequena para tantos devotos.
No dia anterior, no âmbito da iniciativa “Junho, Mês de Portugal em Macau”, realizou-se um arraial dedicado ao santo casamenteiro nas instalações da Fundação Oriente.
UM POUCO DE HISTÓRIA
Santo António nasceu em Lisboa, numa família nobre, por volta de 1195, e foi baptizado com o nome de Fernando Martins de Bulhões. Ao longo de oitocentos anos, tornou-se um dos santos mais populares e de grande devoção na Igreja Católica. Na casa onde nasceu e viveu a sua infância, encontra-se hoje uma igreja a ele dedicada, a igreja de Santo António. Desde criança teve um temperamento calmo e contemplativo; recebeu boa educação e vivia com conforto, mas sem luxos. Conta-se que desde cedo começou a realizar prodígios. Na adolescência pede autorização para ingressar na Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. Primeiro, esteve no mosteiro de São Vicente, em Lisboa, e depois no de Santa Cruz, em Coimbra. Dedicou-se com interesse e solicitude ao estudo da Bíblia e dos Padres da Igreja, adquirindo a ciência teológica que o fez frutificar nas actividades de ensino e pregação.
Em Coimbra deu-se um facto que marcou uma mudança decisiva na sua vida: em 1220 foram expostas as relíquias dos primeiros cinco missionários franciscanos que se haviam dirigido a Marrocos, onde encontraram o martírio. Este acontecimento fez nascer no jovem Fernando o desejo de imitá-los e de avançar no caminho da perfeição cristã. Então, pediu para deixar os cónegos agostinianos e converter-se a frade menor. A petição foi acolhida, e tomando o nome de António, também ele partiu para Marrocos, mas a Providência Divina dispôs-lhe outro rumo.
Devido a uma doença, viu-se obrigado a voltar a Itália e, em 1221, participou no famoso “Capítulo das Esteiras”, em Assis, onde encontrou São Francisco de… Assis. Depois, viveu algum tempo escondido num convento, perto de Forlì, no Norte de Itália, onde o Senhor o chamou para outra missão.
Convidado, por circunstâncias totalmente casuais, a pregar por ocasião de uma ordenação sacerdotal, António mostrou estar dotado de tal ciência e eloquência, que os superiores o destinaram à pregação. Começou assim, em Itália e França, uma actividade apostólica tão intensa e eficaz que levou muitas pessoas que haviam deixado a Igreja a regressarem. Esteve também entre os primeiros professores de Teologia dos Frades Menores, tendo começado a leccionar em Bolonha, com a bênção de Francisco de Assis, o qual, reconhecendo as virtudes de António, lhe enviou uma breve carta com estas palavras: “Eu gostaria que leccionasse teologia aos frades”.
Nomeado superior provincial dos Frades Menores da Itália Setentrional, continuou com o ministério da pregação, alternando-o com as tarefas de governo. Concluído o mandato de provincial, retirou-se para perto de Pádua, onde já havia estado outras vezes. Um ano depois viria a falecer às portas da cidade, no dia 13 de Junho de 1231, numa sexta-feira, no convento de Santa Maria de Arcella. A população de Arcella quis sepultá-lo na sua igreja mas as gentes de Pádua exigiram que a última vontade de Santo António fosse cumprida. Após intensa disputa entre as duas cidades, Pádua acabou por acolher o corpo de António, sendo sepultado na igreja de Santa Maria “Mater Domini”. No ano seguinte, a cidade decidiu edificar uma basílica em sua honra, e a pequena igreja onde está o corpo do santo foi integrada na construção.
O Papa Gregório IX – que depois de tê-lo escutado pregar, o definiu como “Arca do Testamento” – canonizou-o em 1232, também a partir dos milagres ocorridos por sua intercessão, ainda não se completara um ano sobre a sua morte – caso único na História da Igreja Católica, já que nem São Francisco de Assis teve tal privilégio.
Santo António já irradiava santidade em vida; dizia-se que bastava vê-lo para que os pecadores caíssem de joelhos. Multidões o seguiam e iam ao seu encontro para o escutar, tanto na igreja como em lugares públicos onde pregava. A fama de santo casamenteiro vem do facto de ajudar as meninas pobres que necessitavam de dote e a ele recorriam para que a Providência Divina as socorresse por sua intercessão.
Para o Papa Bento XVI, António contribuiu de maneira significativa para o desenvolvimento da espiritualidade franciscana, com os seus fortes traços de inteligência, equilíbrio, zelo apostólico e, principalmente, fervor místico.
Hoje são queridas dos fiéis as imagens e estátuas que representam Santo António com o lírio, símbolo da sua pureza, ou com o Menino Jesus nos braços, recordando uma aparição milagrosa mencionada por algumas fontes literárias.
Santo António vive no coração dos fiéis e da sua morada celeste continua a interceder por quem o invoca.
Santo António, rogai por nós!
Miguel Augusto
com Catequese do Papa Bento XVI