TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (133)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (133)

Na Comunhão, recebemos um corpo vivo ou morto?

De tempos a tempos, os fiéis perguntam por que razão a Comunhão é dada, normalmente, por meio da Hóstia Consagrada. O ponto 1390 do Catecismo da Igreja Católica (CIC) refere: “Graças à presença sacramental de Cristo sob cada uma das espécies, a comunhão apenas sob a espécie de pão permite receber todo o fruto de graça da Eucaristia. Por razões pastorais, esta maneira de comungar estabeleceu-se legitimamente como a mais habitual no rito latino. ‘A sagrada Comunhão tem uma forma mais plena, enquanto sinal, quando é feita sob as duas espécies. Com efeito, nesta forma manifesta-se mais perfeitamente o sinal do banquete eucarístico’ (Institutio Generalis Missalis Romani – Instrução Geral do Missal Romano nº 240). É a forma habitual de comungar, nos ritos orientais”.

Também o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC) especifica, no ponto 282: “Jesus Cristo está presente na Eucaristia dum modo único e incomparável. De facto, está presente de modo verdadeiro, real, substancial: com o seu Corpo e o seu Sangue, com a sua Alma e a sua Divindade. Nela está presente em modo sacramental, isto é, sob as espécies eucarísticas do pão e do vinho, Cristo completo: Deus e homem”. Por outras palavras, o que vemos como pão não é apenas o Corpo, mas Cristo completo; o que vemos como vinho não é apenas o Sangue, mas Cristo completo.

O que aconteceria se o “pão” fosse apenas o Corpo de Cristo, sem o Seu Sangue? Um corpo sem sangue seria um corpo sem vida! Seria um cadáver! Um cadáver não pode dar vida! Mas note-se que quando o padre dá a Comunhão, diz: “Corpo de Cristo”, não diz “Cadáver de Cristo”, pois o que recebemos é o glorioso e ressuscitado Corpo de Cristo, que está totalmente vivo, completo com a Sua Divina Natureza, com os Seus ossos, carne e sangue.

A Comunhão sob a forma de pão é o método da Igreja nos ensinar que Cristo inteiro está em cada uma das espécies (pão e vinho). Há uma razão para tal na Igreja Latina. Quando a Igreja fala sobre a administração da Comunhão, recorre ao estipulado na Instrução Redemptionis Sacramentum. Esta diz, no ponto 101: “Deve-se excluir totalmente quando exista perigo, inclusive pequeno, de profanação das sagradas espécies”. Devemos ter sempre presente que “Cristo está presente todo em cada uma das espécies e todo em cada uma das suas partes, de maneira que a fracção do pão não divide Cristo” (CIC nº 1377). Uma pequena parte da Hóstia Consagrada, ou um pingo do Vinho Consagrado, contém a totalidade de Cristo e não apenas uma parte Dele. Se alguém, infelizmente, pisar numa só partícula da Hóstia Consagrada ou numa gota do Vinho Consagrado, estará a pisar Cristo e não apenas numa das Suas pernas ou num dos Seus braços, por exemplo. Por isso, a Instrução Redemptionis Sacramentum ensina-nos, no ponto 102: “Não se administre a Comunhão com o cálice aos fiéis leigos onde seja tão grande o número dos que vão comungar”.

Quando a Sagrada Comunhão é administrada por meio da Hóstia e do Vinho, “o Sangue do Senhor pode comungar-se bebendo directamente do cálice, ou por intinção, ou por meio de uma cânula, ou por meio de uma colherinha” (Instrução Geral do Missal Romano nº 245).

No que diz respeito à administração da Comunhão aos fiéis leigos, “os Bispos podem excluir, nos lugares onde não seja costume, a Comunhão com palheta ou com colher pequenina, permanecendo sempre, não obstante, a opção de distribuir a Comunhão por intinção. Para se utilizar esta forma, usam-se hóstias que não sejam nem demasiadamente delgadas nem demasiadamente pequenas e o comungante receba do sacerdote o sacramento, somente na boca(Instrução Redemptionis Sacramentum nº 103).

O ponto nº 104 do mesmo documento acrescenta: “Não se permita ao comungante molhar por si mesmo a hóstia no cálice, nem receber na mão a hóstia molhada. No que se refere à hóstia que se deve molhar, esta deve ser de matéria válida e estar consagrada; estando absolutamente proibido o uso de pão não consagrado ou de outra matéria”.

Pe. José Mario Mandía

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