Ambiente: Ex-Governador Português prevê o futuro

China a caminho da liderança mundial

O ex-secretário de Estado do Ambiente português José Eduardo Martins relativizou a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas, a qual abre caminho «óbvio» à liderança global da China.

«A saída dos Estados Unidos, além de criar um vazio político que permite a liderança chinesa a nível global, como é óbvio, de facto não tem assim um impacto muito grande, porque o que se consegue consegue-se com políticas domésticas», defendeu José Eduardo Martins em declarações à agência LUSA, à margem de um seminário em Macau sobre o Acordo de Paris.

«Os Estados Unidos deram um passo para trás na possibilidade de liderança sem capital que exerciam no mundo pelo exemplo e pela moral. A União Europeia é um bloco muito dividido e, portanto, a China emerge como o actor do futuro nesta matéria», observou.

Para o antigo secretário de Estado do Ambiente também «é bom que assim seja», uma vez que «quem caminha para uma hegemonia comercial e económica obviamente vai ter que pensar no futuro com uma mudança de paradigma energético e até de consumo».

«Quem quer liderar daqui a cem anos não anda para trás», enfatizou, defendendo que a saída de Washington configura antes um problema para os próprios Estados Unidos e uma «oportunidade» para outros blocos.

A retirada acaba por configurar «um retrocesso no quadro mental que havia antes de Quioto: “de dizer que se os outros não fazem eu também não faço”», contextualizou José Eduardo Martins, apontando que «quem pensa a longo prazo [como a China] sabe que estas coisas são inescapáveis».

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