Ensinar ajuda a compreender os Ensinamentos da Fé

MARIANA ANTUNES FERREIRA PARTILHA COM O CLARIM A SUA EXPERIÊNCIA COMO GUIA DA “INFÂNCIA MISSIONÁRIA”

Ensinar ajuda a compreender os Ensinamentos da Fé

Em Junho de 2021, duas féis católicas abordaram o padre Eduardo Agüero, SCJ, que havia sido designado, naquele mesmo mês, como vigário paroquial da igreja de Nossa Senhora do Carmo para a comunidade de língua portuguesa.Transportavam em si uma inquietude: devido à pandemia, muitas famílias da comunidade de língua portuguesa não puderam ir a Portugal nas férias de Verão. O grande problema era o que fazer com os seus filhos adolescentes, já que para estes não havia actividades. Perguntaram ao padre Eduardo se para eles poderia ser organizado um encontro ou acampamento. O sacerdote aproveitou o momento e sugeriu que começassem com a “Infância Missionária” na Paróquia. Tal significava treinar jovens para servirem como guias dos mais novos. Estes jovens seriam responsáveis por conduzir a animação das crianças da Catequese. As mães aceitaram e sugeriram como possível coordenador dos jovens, João Sampayo, um jovem engenheiro que integra o coro de Santa Maria, que actua na Missa Dominical do Carmo.

O padre Eduardo, que havia sido o catequista para o Crisma desde 2020, após uma Missa Dominical pediu um compromisso aos jovens que foram confirmados na Sé Catedral em Maio de 2021: pediu-lhes que fundassem a infância missionária na Taipa. Com alegria, aceitaram. Naquele Verão, foram organizadas sessões de treino para os jovens com a colaboração de João Sampayo e de alguns dos pais dos adolescentes, que se tornaram “Assessores da Infância Missionária”. Assim, com estes três níveis, a infância missionária começou a funcionar em Setembro de 2021. A maioria dos materiais catequéticos são retirados do “site” da Infância Missionária de Portugal, que o padre Eduardo adaptou para cada Domingo. Foram então constituídos quatro grupos de infância missionária com crianças entre cinco e nove anos de idade, e quinze jovens guias. A formação dos guias continuou com a realização de encontros periódicos.

Quatro destes jovens estão a deixar Macau este Verão para continuarem os seus estudos em Portugal: a Mariana, a Carolina, o Tomás e o Xico. Havia-se preparado uma despedida, com um envio missionário para que eles continuassem a missão na nova etapa das suas vidas. Lamentavelmente, devido à pandemia, a ideia não pôde ser concretizada. A jovem Mariana Antunes Ferreira partilha com O CLARIMa sua experiência enquanto jovem missionária.

O CLARIM– Foste escolhida para guia da infância missionária. Como explicas, a quem nunca ouviu falar destes guias, do que consiste a vossa actividade?

MARIANA ANTUNES FERREIRA – Cada guia da infância missionária, juntamente com outro ou mais guias, fica encarregue de um grupo da Catequese (no meu caso fiquei com o 4.º ano), sendo responsável por transmitir vários ensinamentos da Igreja Católica (um diferente por semana) por meio de jogos dinâmicos e orações. Para além disso, combinamos de vez em quando um encontro entre todos os jovens; por vezes apenas um piquenique a seguir à Missa, outras vezes passamos um dia inteiro juntos, onde fazemos alguns jogos mas, sobretudo, discutimos assuntos actuais importantes, dando todos a nossa opinião, e aprendemos mais sobre a nossa missão e a fé cristã.

CL– A vosso cargo têm crianças entre os cinco e os nove anos. Hoje as crianças têm um sentido mais crítico, quando comparadas com as crianças das gerações anteriores. De que forma conseguem transmitir-lhes os ensinamentos da Igreja, sem que elas duvidem do que ouvem?

M.A.F. – Sempre que lhes ensinamos algo de novo, é normal que as crianças tenham muitas dúvidas e tentamos esclarecê-las o melhor possível com situações do dia-a-dia, por exemplo. Claro que, no início, pode ser um bocado difícil perceberem os temas, o que é normal. À medida que vão crescendo, vão aprendendo mais e vão compreendendo melhor.

CL– Os mais novos já nascem ligados às tecnologias de informação. De que modo vêm utilizando os chamados “gadgets” para os estimular durante a sua formação catequética?

M.A.F. – A verdade é que não utilizamos muito os “gadgets” durante a Catequese, excepto para mostrar uma ou outra imagem na Internet sobre o tema do dia, mas acho que é algo que poderíamos melhorar nesse aspecto.

CL– Alguns de vós já estão nos últimos anos do Ensino Secundário e até há quem esteja quase a entrar para a Universidade. Sente que a experiência como guia da infância missionária vos influenciou para o futuro, em termos de fé e até de escolhas profissionais?

M.A.F. – Sim! Ser guia da infância missionária foi uma experiência em que tivemos de aprender a ensinar, o que apesar de por vezes ser difícil foi também algo muito gratificante e que me deu vontade de no futuro participar em mais acções de voluntariado e solidariedade. Também me ajudou bastante relativamente à fé, porque ao estudar os ensinamentos para poder ensiná-los aprendi muito.

CL– Macau é uma região muito pequena e é muito frequente os jovens pertenceram em mais do que um movimento de inspiração cristã. Considera que seria importante outros grupos – como os escuteiros, por exemplo – darem o seu contributo no caminho das crianças para a fé em coordenação com as paróquias?

M.A.F. – Sim, acho que seria algo positivo e que as crianças iam gostar.

CL– A próxima Jornada Mundial da Juventude vai decorrer em Lisboa em 2023. Tendes planos para participar como voluntária e/ou peregrina?

M.A.F. – Sim, gostava de participar! Acho que seria uma experiência muito interessante, já que reúne jovens como nós de todo o mundo e por isso seria uma boa oportunidade de aprender com eles através da partilha da fé.

CL– Como podeis continuar a vossa missão em Portugal na nova etapa de vida que agora iniciais?

M.A.F. – Através de acções de voluntariado ou qualquer outra coisa onde eu possa ajudar e dar o meu contributo.

Pe. Eduardo Emilio Agüero, SCJ

com José Miguel Encarnação

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