SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR – Ano C – 1 de Junho

SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR – Ano C – 1 de Junho

Ascensão como nova forma de proximidade e presença

A Igreja celebrou ontem, quinta-feira, a Solenidade da Ascensão do Senhor. Em muitos lugares, como Macau, esta data não é dia feriado, podendo a celebração ser transferida para o Domingo seguinte. Este dogma da Fé Católica ensina que quarenta dias após a Sua Ressurreição ocorre o encerramento da manifestação física de Jesus na Terra: Ele ascende aos céus e coloca-se à direita de Deus, Pai Todo-Poderoso.

Após a Ressurreição, Jesus permanece com os Seus Apóstolos durante quarenta dias, assegurando-lhes a certeza da Sua vitória sobre a morte (Papa Pio X). Durante esse tempo, eles dialogam, aprendem e compartilham refeições com o Senhor. Embora haja relatos de ressurreições no Evangelho e na História da Igreja, o que aqui acontece é inédito. A Ressurreição não apenas devolve a vida a Jesus, mas também cria um novo espaço de existência que transcende a história, estabelecendo um estado de vida definitivo. Como afirmou o Papa Bento XVI, a Ressurreição não é um evento histórico como o nascimento ou a crucificação de Jesus; é algo novo e sem precedentes. Jesus inicia um novo estado de vida, onde continua presente e actuante na Igreja, embora de forma não visível.

A partida de Jesus não se dá para um lugar físico distante, mas sim para uma comunhão plena de força e vida com o Deus vivo, uma presença que supera o espaço. Assim, Ele não se afasta dos Apóstolos; passa a estar presente de uma maneira diferente e definitiva. Agora existe uma nova forma de vida, antecipada por Jesus, à qual na terra participamos de forma limitada e todos que se unirem a Ele na eternidade vivenciarão de forma definitiva.

O Evangelho deste Domingo relata que Jesus sobe ao mesmo tempo que abençoa os Seus Apóstolos, revelando que naquele momento o Senhor cumpriu plenamente a Sua missão e deu início ao Tempo da Igreja. Sentado à direita do Pai, posição de honra acima de toda criatura, Ele reina e, em seguida, enviará o Espírito Santo para que a Igreja permaneça fiel e corajosa no anúncio da Palavra por Ele revelada. Agora, Jesus não está restrito a um lugar específico do mundo, como antes da Ascensão; através da Sua força que ultrapassa o espaço físico, Ele está presente e acessível a todos, em todos os lugares e ao longo da história.

Cabe a cada um de nós, como corpo místico de Cristo, anunciar a Boa Nova a todas as nações, baptizando em nome da Santíssima Trindade (cf. Mt., 28, 19). Vivemos num momento em que o respeito pelas diferentes opiniões muitas vezes serve como justificativa para um esfriamento na Evangelização. Tudo isto é fruto do relativismo religioso e moral do nosso tempo, como se todas as religiões fossem igualmente boas e cada um pudesse se salvar onde preferisse. Devemos dialogar e respeitar a todos, mas – segundo o Evangelho de São Mateus – Jesus confere uma missão aos Apóstolos: evangelizar todos os povos.

O modo de evangelizar deve ter em conta a realidade histórica e cultural de cada povo. Contudo, o desejo de fazer Cristo conhecido, amado e servido, deve impulsionar a oração dos cristãos de hoje, assim como fez com os mártires dos primeiros séculos, que deram a vida pelo Senhor, e os missionários do fim da Idade Média, que atravessaram oceanos para evangelizar. A novidade que o mundo procura pode ser encontrada em Cristo, que trouxe toda a novidade a Si mesmo (São Irineu).

Que a presença gloriosa de Cristo, que nunca nos abandona, nos impulsione na evangelização das nossas famílias, ambientes sociais e em todos os lugares onde pudermos levar a mensagem do Senhor.

Pe. Daniel Ribeiro, SCJ

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