TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (167)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (167)

Em que se baseia a dignidade humana?

Em TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ nº 5 falámos sobre a dignidade humana. Vimos que o Homem é dotado de intelecto e vontade, o que lhe dá a capacidade e o direito à autodeterminação: ele pode moldar a sua própria vida, ele pode traçar o seu futuro. Todos os homens e mulheres têm dignidade, porque cada um tem a capacidade de autodeterminação. Por outro lado, as coisas não vivas e os seres não racionais não têm capacidade de autodeterminação: não decidem o que fazer com as suas vidas. Existem apenas devido a outros factores.

A nossa fé não apenas a confirma como eleva a dignidade humana, pois acrescenta uma razão mais importante e sobrenatural: “A dignidade da pessoa humana radica na criação à imagem e semelhança de Deus” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica nº 358). É este facto que explica porque temos a capacidade de autodeterminação: porque somos dotados de liberdade. O mesmo ponto do CCIC continua: “Dotada de uma alma espiritual e imortal, de inteligência e de vontade livre, a pessoa humana está ordenada para Deus e chamada, com a sua alma e o seu corpo, à bem-aventurança eterna”.

Muitas vezes tomamos a liberdade como garantida, mas na realidade existem certas escolas de pensamento que negam a sua existência. Estas podem ser divididas, grosso modo, em dois campos extremos e opostos: o determinismo e o indeterminismo.

DETERMINISMO –Os deterministas negam a existência da liberdade porque dizem que as decisões humanas são ditadas por determinados factores.

Algumas pessoas defendem que o comportamento depende dos genes que herdámos dos pais, e estes dos seus antepassados. Isto é, o nosso comportamento é determinado pela nossa NATUREZA. Outros defendem que é resultado da educação e das experiências vividas no passado.

Neste âmbito, há o DETERMINISMO FISÍCO, segundo o qual o comportamento humanos é resultado da casualidade dos eventos naturais; o DETERMINISMO BIOLÓGICO, em que as acções do Ser Humano resultam dos seus instintos animais; e o DETERMINISMO PSICOLÓGICO, que se baseia na ideia de que a vontade escolhe, necessariamente, o motivo mais forte ou escolhe o objecto de maior valor.

INDETERMINISMO –O indeterminismo acredita que a vontade actua por si própria, não se manifestando por uma qualquer razão, nem mesmo pelo intelecto. No entanto, como veremos mais tarde, seja qual for a razão, a liberdade necessita do intelecto para tomar decisões.

A liberdade tem um papel fulcral na salvação e santificação de cada um de nós. Deus conta com a nossa livre cooperação para levar a cabo o Seu plano.

No livro de Deuteronómio (30:19) está escrito ao povo de Israel: «Hoje invoco o céu e a terra como testemunhas contra ti, de que apresentei claramente diante de ti os caminhos da vida e da morte; a bênção e a maldição. Escolhe, pois, o caminho da vida, para que viva plenamente, tu e tua descendência». Este ponto é reiterado pelo Eclesiástico (15: 14-17): «Desde o princípio, Deus criou o homem e o entregou ao poder das suas próprias decisões. Se o homem quiser, observará os mandamentos, e a sua fidelidade vai depender da boa vontade que ele mesmo tiver. Deus colocou o homem diante do fogo e da água, e este poderá estender a mão para aquilo que pretender. A vida e a morte estão diante dos homens, e a cada um será dado o que cada um escolher».

Pe. José Mario Mandía

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