Sempre!
Em 1995, Laura Hammond escreveu uma pequena história sobre os seus avós. «Os meus avós estiveram casados por mais de meio século e de tempos a tempos jogavam um jogo privado muito especial, que vinha do tempo em que se tinham conhecido. O objectivo era escrever a palavra “SHMILY” (em Português: “VQETA”) e escondê-la num local surpreendente para que o outro encontrasse a palavra. Eles revezavam-se a deixar a palavra “SHMILY” em vários lugares da casa». Um dia os seus avós explicaram aos filhos e netos que esse jogo era uma forma de lembrarem a cada um deles: “Vê Quanto Eu Te Amo” (“See How Much I Love You”).
A Criação Divina também está escrita em todo o lado nessas palavras. Deus deixou as marcas do Seu amor nas mais pequenas partículas sub-atómicas das galáxias imensas. Ele diz-nos: “Vê Quanto Eu te Amo”.
Foi por essa razão que São Josemaría Escrivá escreveu: «É preciso estarmos convencidos que Deus está SEMPRE perto de nós. Demasiadas vezes vivemos como se pensássemos que o Nosso Senhor se encontra em qualquer lugar afastado – talvez onde brilham as estrelas. Nós não conseguimos realizar que Ele está ao nosso lado – SEMPRE!» (Caminho, ponto nº 267).
E porque quer que nós verifiquemos que Ele está perto de nós? Porque deseja que nos lembremos Dele, que falemos com Ele. Que pai dedicado não deseja estar sempre com os seus filhos? E qual o filho que não quererá sentir-se seguro junto do calor e o amor dos seus pais?
«Eu tenho o Senhor sempre na minha frente (Salmo 16:8)». É por isso que Cristo ensinou aos seus discípulos que «eles têm que rezar sempre (Lucas 18:1)».
Os Salmos inspiram-nos a termos sempre presente a presença de Deus, para Lhe falarmos ou ouvirmos “de manhã” (Ps 5:3; 59:16; 88:13; 143:8); “à noite” (Ps 141:2; 63:6; 119:55, 62, 148); “de dia e de noite” (Ps 92:1-2; 42:8; 88:1); “de manhã, ao meio dia e ao fim do dia” (Ps 55:17); “durante todo o dia” (Ps 25:5; 35:28; 71: 8, 15, 24; 119:97); e “dia após dia” (Ps 61:8; 145:2).
Mas num mundo ultra ocupado como poderemos lembrar-nos? São Josemaría recomendava o uso do que ele chamava “despertadores”.
O que um despertador faz? Acorda-nos. Os despertadores espirituais são “lembretes” que acordam a nossa alma e fazem-nos verificar a presença de Deus. Por exemplo, que despertador pode uma pessoa usar num autocarro apinhado? A chamada de um telefone de uma outra pessoa. Quando ouvir o telefone a tocar posso lembrar-me: “Ah, Deus meu Pai quer falar comigo. Ele está à minha procura”.
Na realidade, também podemos usar objectos religiosos como “lembretes” – uma imagem de Nossa Senhora ou um Crucifixo… «O nosso Crucifixo. Como Cristão, devemos trazer sempre o nosso Crucifixo. E colocá-lo na nossa secretária. E beijá-lo quando vamos para a cama, e quando acordamos: e quando o teu pobre corpo se rebela com a tua Alma beija-o de novo» (Caminho, ponto nº 302).
O Papa Francisco diz que «olhar para o crucifixo, beijar as feridas de Jesus, beijá-lo na Cruz beneficiar-nos-á a todos. Deixem-nos beijar o Crucifixo e dizer: “de mim obrigado Jesus, por mim”» (Audiência Geral em 16 de Abril de 2014).
Na missa rezamos “é Verdadeiro e Justo, nosso Dever e nossa Salvação, dar graças sempre em toda a parte a Deus, Pai Santo e Omnipotente e Eterno, através de Cristo Nosso Senhor, sempre e em toda a parte”.
Também podemos dizer “lamento”, podemos dizer “ajude-me”, podemos dizer “amo-te”, podemos dizer o que bem quisermos. Mas o que importa é estar com Ele, porque aquele que faz, dizem as Sagradas Escrituras, «é como uma árvore que manda as suas raízes pela corrente, e não teme quando o calor chega, porque as suas folhas continuam verdes, e não fica ansioso em tempo de seca, porque continuará a dar fruto (Jeremias 17:8)». «Em tudo o que faz, Ele prospera (Salmo 1:3)».
Pe. José Mario Mandía
(Tradução: António R. Martins)