ÚLTIMA ETAPA: SINGAPURA

ÚLTIMA ETAPA: SINGAPURA

Papa elogia «mosaico» pacífico de etnias, culturas e religiões

O Papa elogiou ontem o «mosaico» pacífico de etnias, culturas e religiões em Singapura, ao falar perante responsáveis políticos e representantes da sociedade civil. «O respeito mútuo, a cooperação, o diálogo e a liberdade de professar as próprias crenças, no respeito pelo direito comum, são condições decisivas para o sucesso e a estabilidade de Singapura, pré-requisitos para um desenvolvimento não conflitual e caótico, mas equilibrado e sustentável», declarou, no primeiro discurso da visita, proferido na Universidade Nacional.

O encontro aconteceu após a cerimónia oficial de boas-vindas a Francisco, que decorreu na “Parliament House”, seguida de reuniões com o Presidente Tharman Shanmugaratnam e o Primeiro-Ministro Lawrence Wong.

O discurso papal destacou o crescimento do País, que se tornou um centro comercial e financeiro de dimensão global, a partir de «origens humildes».

Francisco alertou para o «risco de um certo pragmatismo e da exaltação do mérito», que podem levar a «legitimar a exclusão dos que estão à margem dos benefícios do progresso».

«Que seja dada especial atenção aos pobres, aos idosos, cujo trabalho lançou as bases da Singapura que hoje conhecemos», apelou.

Num país em que quarenta por cento da população activa é imigrante, o Papa pediu que «seja protegida a dignidade dos trabalhadores migrantes, que tanto contribuem para a construção da sociedade e a quem deve ser garantido um salário justo».

A intervenção alargou-se para o cenário internacional, «ameaçado por conflitos e guerras sangrentas», e para a crise ambiental, com destaque para as «soluções inovadoras» do arquipélago.

Na mesma ocasião, o Santo Padre aludiu também aos temas das tecnologias digitais e da inteligência artificial, considerando «essencial cultivar relações humanas reais e concretas».

«Que estas tecnologias possam ser exploradas precisamente para nos aproximarmos uns dos outros, promovendo a compreensão e a solidariedade, e não para nos isolarmos perigosamente numa realidade fictícia e intangível», advertiu.

Singapura tem 5,6 milhões de habitantes e conta com a presença de várias religiões: o Budismo é maioritário (26 por cento) e os cristãos são dezassete por cento, mas os católicos representam pouco mais de três por cento da população; São João Paulo II visitou a cidade-Estado em 1986.

Francisco elogiou o trabalho da Igreja em Singapura, especialmente nos domínios da Educação, da Saúde e da Ajuda Humanitária, recordando os 43 anos de estabelecimento de relações diplomáticas entre a Santa Sé e Singapura.

O Papa encorajou a minoria católica a «prosseguir a sua colaboração com todos os homens e mulheres de boa vontade, com alegria e dedicação, para a construção de uma sociedade civil sã e coesa, para o bem comum e para um testemunho cristalino da sua própria fé».

A sessão foi inaugurada pelo Presidente de Singapura, que citou a Encíclica Laudato Si (2015), da autoria do Papa Francisco, tendo aludido aos desafios da transição ecológica.

Shanmugaratnam destacou também a importância da «solidariedade e a harmonia», para o País.

A sessão de boas-vindas incluiu, antes dos discursos, uma cerimónia tradicional, em que o convidado de honra dá o nome a uma orquídea. O Papa foi homenageado com um “dendrobium” branco, variedade de orquídea do Sudeste Asiático, onde colocou uma vara com a inscrição “Dendrobium His Holiness Pope Francis”.

Antes, no livro de honra do Palácio Presidencial, Francisco escreveu: “Como a estrela que guiou os Magos, assim a luz da sabedoria guie sempre Singapura na construção de uma sociedade unida, capaz de transmitir esperança”.

In ECCLESIA

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *