TRÍDUO PASCAL: CELEBRAÇÕES EM PORTUGUÊS CENTRADAS NA SÉ CATEDRAL

TRÍDUO PASCAL: CELEBRAÇÕES EM PORTUGUÊS CENTRADAS NA SÉ CATEDRAL

O triunfo da Vida e os mistérios da Fé

Milhões de católicos em todo o mundo iniciam hoje (Quinta-feira Santa) o Tríduo Pascal. Em Macau, os três dias que antecedem o Domingo de Páscoa são marcados por uma programação especial que recorda, passo-a-passo, os momentos fundamentais da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. As cerimónias direccionadas para a comunidade católica de língua portuguesa estão este ano centradas na igreja da Sé Catedral.

«O Tríduo Pascal é o coração da Semana Santa». É desta forma que o padre Daniel Ribeiro, vigário paroquial da igreja da Sé Catedral, sintetiza a importância que o período de três dias que hoje se inicia tem para milhões de católicos um pouco por todo o mundo. As celebrações pascais, que arrancaram no passado fim-de-semana com a celebração do Domingo de Ramos, prosseguem hoje com a Missa da Ceia do Senhor e o ritual do Lava-Pés.

A cerimónia, que tem início às 18:00 horas na Catedral da Natividade de Nossa Senhora, pauta o arranque do Tríduo Pascal, o período mais importante do Ano Litúrgico e centro de gravidade da fé católica. «Porque é que estes três dias são os mais importantes? E o que significam para a Igreja Católica? Significam o Mistério Pascal de Cristo. A Páscoa não é só a ressurreição. A Páscoa é o sofrimento, a morte, a ressurreição. E é isso que celebramos no Tríduo Pascal quando celebramos o Mistério Pascal de Cristo: a instituição da Eucaristia, o sofrimento, a morte e também a ressurreição», explica o padre Daniel Ribeiro.

Presidida pelo bispo de Macau, D. Stephen Lee, a Missa da Ceia do Senhor vai ser celebrada em Cantonense e Português, mas alguns dos momentos mais significativos da caminhada de preparação para a Ressurreição de Jesus Cristo serão celebrados de forma autónoma pela comunidade católica que reza em Português. É o caso das cerimónias da Sexta-feira Santa e da Via Sacra. «A Sexta-feira Santa é o único dia do ano em que não há Missa. Há apenas a celebração da Paixão do Senhor. As leituras estão centradas na Paixão do Senhor. É um dia muito pesado, de muita dor, em que temos de nos solidarizar com Cristo sofredor. Sofredor não apenas há dois mil anos. Cristo está a sofrer hoje na Ucrânia», salienta o padre Eduardo Aguero. «A Sexta-feira Santa vai ser celebrada em Português, aqui na Sé, pelo bispo D. Stephen Lee. As outras celebrações, também na Catedral, vão decorrer num modelo misto: em Chinês, com um pouco de Português e Inglês. A Vigília Pascal será realizada neste modelo, mas a Via Sacra será orientada em Português pelo padre Daniel», acrescenta o missionário argentino, que a exemplo do padre Daniel Ribeiro também integra a Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos).

CONVERGÊNCIA NA SÉ CATEDRAL

Este ano as cerimónias direccionadas para a comunidade católica de língua portuguesa estão, assim, concentradas na Sé Catedral, sendo que para além da Via Sacra e das cerimónias da Sexta-feira Santa o único retiro pascal organizado para a comunidade lusófona decorre esta sexta-feira e no sábado de manhã, na cave do edifício do Cartório da Sé. «É uma iniciativa para a comunidade [de língua]portuguesa. Na Sexta-feira Santa e no Sábado Santo, o padre Daniel vai orientar um encontro de reflexão. Há uns dias foi feito também um outro retiro, na Universidade de São José. Esta iniciativa teve uma participação muito boa este ano», considera o padre Eduardo Aguero.

Na tarde de sexta-feira, o bispo D. Stephen Lee junta-se aos católicos de expressão portuguesa para as cerimónias da Paixão do Senhor e para a Procissão do Senhor Morto, ritual que encerra o primeiro dos três dias do Tríduo Pascal. «Depois destas cerimónias, presididas pelo Senhor Bispo e que acontecem a partir das 15 horas e 30, há uma pequena procissão na igreja – a procissão do Senhor Morto – com o caixão de Jesus. Os fiéis veneram a imagem do Senhor Morto, em sinal de respeito, e este momento marca o início do segundo dia do Tríduo Pascal», explica Daniel Ribeiro. «Desde o início da noite de sexta-feira, até ao final da tarde de sábado, nada acontece. É um dia dedicado inteiramente ao silêncio. É uma jornada de dor e de tristeza, e estas circunstâncias prolongam-se até ao sábado à tarde, quando termina o segundo dia do Tríduo», complementa o sacerdote.

Com o início do terceiro dia do Tríduo, ao cair da noite de sábado, a esperança vence o desespero. «Na Vigília Pascal, no sábado à noite, já se celebra a ressurreição de Jesus. Para os católicos, é a missa mais solene. É a missa mais importante do ano, porque é a Eucaristia em que é anunciada a ressurreição de Jesus Cristo. A Missa começa com as luzes apagadas, com as velas todas apagadas. As velas são depois acesas, uma a uma; tocamos o sino, é cantada a “Glória” e anunciada a ressurreição do Senhor», ilustra o padre Daniel Ribeiro.

Agendada para as 20:00 horas de sábado, a Missa da Vigília Pascal vai ser conduzida em Cantonense e em Português, tendo um significado ainda mais solene para a comunidade católica chinesa, que recebe com júbilo os novos fiéis. «Durante a Missa serão administrados os sacramentos do Baptismo, da Eucaristia e da Confirmação dos adultos da comunidade chinesa. É uma missa muito especial, em que as pessoas recebem estes três sacramentos da iniciação cristã», assinala o sacerdote brasileiro.

Para os católicos de língua portuguesa, as celebrações do Mistério da Morte e da Ressurreição de Jesus Cristo culminam, no Domingo, com a celebração de missa presidida por D. Stephen Lee. «O terceiro dia do Tríduo Pascal prossegue no Domingo de manhã. Os católicos reúnem-se e também celebram a ressurreição. A missa deste Domingo vai ser presidida pelo Senhor Bispo, em língua portuguesa, às 11:00 horas e 30. É desta forma que o Tríduo é celebrado», conclui o padre Daniel Ribeiro.

Marco Carvalho

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