TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (97)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (97)

Quais os Direitos e Deveres dos Católicos na Sociedade?

DIREITOS E DEVERES– A Sociedade deve reconhecer os direitos e obrigações dos católicos para estes poderem actuar na arena política, de acordo com a sua fé. Se os políticos respeitarem a dignidade da Pessoa, não quer dizer que fiquem subjugadas à religião. Pelo contrário, a política é que está ao serviço da Pessoa, e como tal deve respeitar as normas morais. O mesmo é dizer que o indivíduo deve respeitar e promover as leis morais de cada ser humano. Além disso, deve dedicar-se à actividade política por motivos transcendentais, isto é, que estão para além do material e temporal, indo ao encontro do pleno desenvolvimento da natureza humana.

PLURALISMO– Ao mesmo tempo, devemos reconhecer que há espaço para o pluralismo em questões temporais: os católicos podem ter posições e opiniões diferentes. Nenhuma dessas opiniões deve pretender ser a única alternativa adequada. A Igreja deve reconhecer a autonomia legítima dos leigos, para que possam gerir os seus assuntos temporais, desde que o façam de acordo com a doutrina católica. Além disso, os fiéis também devem agir sob sua responsabilidade pessoal, não justificando as suas acções como sendo ditames da Igreja Católica.

O pluralismo não é um mal menor; antes um elemento positivo. Está enraizado na liberdade do homem. É preferível aceitar a diversidade nas questões temporais do que alcançar a uniformidade à custa da liberdade pessoal. No entanto, o pluralismo não deve confundir-se com o relativismo ético. O relativismo ético não leva em conta os princípios morais, ao contrário do verdadeiro pluralismo. Ignora o Direito Natural, a ordem pública e os direitos humanos básicos.

PARTICIPAÇÃO NA VIDA POLÍTICA E SOCIAL– O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (nº 519) responde à pergunta “Como é que os cristãos participam na vida política e social?”: “Os fiéis leigos intervêm directamente na vida política e social animando, com espírito cristão, as realidades temporais e colaborando com todos, como autênticas testemunhas do Evangelho e promotores da paz e da justiça”.

Na sua obra “Forja”, São Josemaría Escrivá escreveu: “Nós, os filhos de Deus, cidadãos com as mesmas condições como qualquer outro, devemos participar sem temor de todas as actividades e organizações humanas honestas, para que Cristo esteja sempre presente nelas. Nosso Senhor pedirá uma estrita conta de cada um de nós se, por negligência ou amor ao conforto, não nos empenharmos livremente na participação do desenvolvimento humano e das decisões de que dependem o presente e o futuro da sociedade”.

Os católicos devem aprender a exercer os seus direitos civis e a cumprir os seus deveres enquanto membros da sociedade. Ao preencher todas as suas acções com amor a Deus e aos homens, os católicos santificam a sociedade por dentro; tornam-na santa e agradável a Deus. Portanto, precisam ter um grande espírito de iniciativa e responsabilidade. Não podem renunciar à participação em todas as vertentes humanas, incluindo a política. Tudo pode ser purificado dentro da imperfeição humana, elevado à ordem sobrenatural, santificado e transformado num meio de aproximação das almas a Deus, e de Deus às almas.

CARIDADE ACIMA DE TUDO

O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (404) refere: A autêntica convivência humana “requer o respeito da justiça, a justa hierarquia de valores e a subordinação das dimensões materiais e instintivas às superiores e espirituais. Em especial, onde o pecado perverte o clima social, é necessário apelar à conversão dos corações e à graça de Deus, para obter mudanças sociais que estejam realmente ao serviço de cada pessoa e de toda a pessoa. A caridade, que exige e torna capaz da prática da justiça, é o maior mandamento social”.

Na encíclica “Caritas in veritate”, o Papa Bento XVI afirma: “A caridade na verdade (…) é o principal motor do desenvolvimento autêntico de cada pessoa e de toda a humanidade. (…) A caridade está no centro da doutrina social da Igreja”.

Pe. José Mario Mandía

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *