Cristo alguma vez riu?
“O Filho de Deus trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-Se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, excepto no pecado” (Gaudium et Spes, citado no Catecismo da Igreja Católica nº 470).
ALMA HUMANA– Jesus Cristo tinha uma alma humana como qualquer outro ser humano. E, tal como qualquer outra alma, a Sua alma foi criada. O ponto 471 do Catecismo da Igreja Católica refere que em caso de haver algum erro a Igreja clarifica este tema: “Apolinário de Laodiceia afirmava que, em Cristo, o Verbo tinha ocupado o lugar da alma ou do espírito. Contra este erro, a Igreja confessou que o Filho eterno assumiu também uma alma racional humana (São Dâmaso I)”.
DOIS INTELECTOS: UM HUMANO E UM DIVINO– Como Deus, Jesus possuía o Conhecimento Divino. Como homem, também possuía intelecto humano.
O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica ensina no ponto 90: “O Filho de Deus assumiu um corpo animado por uma alma racional humana. Com a sua inteligência humana, Jesus aprendeu muitas coisas através da experiência. Mas também, como homem, o Filho de Deus tinha um conhecimento íntimo e imediato de Deus seu Pai. Penetrava igualmente os pensamentos secretos dos homens e conhecia plenamente os desígnios eternos que Ele viera revelar”.
Para além do Seu conhecimento divino, Jesus Cristo possuía três tipos de conhecimento humano:
1) Conhecimento (Experimental ou Empírico) Humano, ou seja, o conhecimento que alguém adquire através dos sentidos ou por experiencia própria.
O Catecismo da Igreja Católica explica no ponto 472: “Esta alma humana, que o Filho de Deus assumiu, é dotada de um verdadeiro conhecimento humano. Como tal, este não podia ser por si mesmo ilimitado. Exercia-se nas condições históricas da sua existência no espaço e no tempo. Foi por isso que o Filho de Deus, fazendo-Se homem, pôde aceitar «crescer em sabedoria, estatura e graça» (Lc., 2, 52) e também teve de Se informar sobre o que, na condição humana, deve aprender-se de modo experimental (Marcos 6:38; 8:27; João 11:34; etc.). Isso correspondia à realidade do seu abatimento voluntário na «condição de servo» (Filipenses 2:7)”.
2) Conhecimento Infundido. Devido à união da Natureza Humana com a Divina, a mente humana de Jesus podia conhecer os planos de Deus, assim como os mais íntimos pensamentos dos homens (CIC nºs 473 e 474).
3) Conhecimento Beatífico. O Conhecimento Beatífico acontece por meio da união de Deus no Céu. Como Jesus esteve sempre ligado ao Pai, podemos dizer que como homem possuía a mesma visão que os santos têm de Deus no Paraíso.
DUAS VONTADES: UMA HUMANA E UMA DIVINA– A existência de duas vontades em Cristo aparece na agonia no orto onde Jesus rezou assim: «Não é o Meu desejo, mas o Vosso desejo(Mateus 26:39, 42; Marcos 14:36-41; Lucas 22:41-42; Terceiro Concílio de Constantinopla III)».
Alguma vez houve conflito entre a vontade de Jesus Cristo homem e a Sua vontade divina? O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (nº 91) resume os ensinamentos da Igreja sobre esta matéria: “Jesus tem uma vontade divina e uma vontade humana. Na sua vida terrena, o Filho de Deus quis humanamente o que divinamente decidiu com o Pai e o Espírito Santo para a nossa salvação. A vontade humana de Cristo segue, sem oposição ou relutância, a vontade divina, ou melhor, está subordinada a ela”.
CORPO DE CRISTO– Se Jesus foi homem verdadeiro, deveria não só ter alma humana como também corpo humano. O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (nº 92) sublinha: “Cristo assumiu um verdadeiro corpo humano, através do qual Deus invisível se tornou visível. Por esta razão, Cristo pode ser representado e venerado nas santas imagens”. Ao assumir um corpo humano, Jesus santificou-o. É por isso que precisamos manter os nossos corpos puros, em pensamentos, palavras e acções. Para além de que devemos oferecer os nossos corpos – não apenas as nossas mentes e almas – a Deus (Romanos 12:1).
E é claro que Jesus tinha de continuar a ter coração humano. “Jesus conheceu-nos e amou-nos com um coração humano. O Seu coração trespassado para nossa salvação é o símbolo daquele infinito amor com o qual Ele ama o Pai e cada um dos homens” (CCIC nº 93). Ele sabe o que significa estar triste «até à morte(Mateus 26:38; Marcos 14:34)»; Ele compreende as nossas tristezas e fica comovido ao ver-nos «assediados e desamparados(Mateus 26:38; Marcus 14:34)»; Ele ensina-nos o que é a verdadeira felicidade; Ele quer «que a minha felicidade possa estar convosco, e que a vossa felicidade possa ser total (João 15:11)».
Cristo alguma vez riu? Claro que sim! Os dias que os Apóstolos passaram com o Senhor foram repletos de riso (alegria): «Tu me mostraste o caminho da vida; na Sua presença há plenitude de alegria, na tua mão direita há prazeres para sempre(Salmo 16:11)».
Pe. José Mario Mandía