Deus pode fazer tudo o que deseja?
«Ele faz aquilo que quer (Salmo 115:3)».
Pela razão (raciocínio) descobrimos os muitos atributos de Deus. A nossa fé confirma esses atributos. No entanto, de entre os atributos divinos, temos a obrigação, pelo Credo, de enaltecer um: Deus é omnipotente. “De todos os atributos divinos, só a omnipotência é nomeada no Símbolo: confessá-la é de grande alcance para a nossa vida. Nós acreditamos que ela é universal, porque Deus, que tudo criou, tudo governa e tudo pode; amorosa, porque Deus é nosso Pai; misteriosa, porque só a fé a pode descobrir, quando «ela actua plenamente na fraqueza (2 Cor., 12, 9)»” (Catecismo da Igreja Católica nº 268).
Pela Filosofia, aprendemos que Deus é puro Acto de Ser, sem potência. Pela Revelação, lemos como “as Sagradas Escrituras confessam, a cada passo, o poder universal de Deus. Ele é chamado «o Poderoso de Jacob» (Gn., 49, 24; Is., 1, 24: etc.), «o Senhor dos Exércitos», «o Forte, o Poderoso» (SI., 24, 8-10). Se Deus é omnipotente «no céu e na terra» (Sl., 135, 6), é porque foi Ele quem os fez. Portanto, nada Lhe é impossível e Ele dispõe à vontade da sua obra; Ele é o Senhor do Universo, cuja ordem foi por Ele estabelecida e Lhe permanece inteiramente submissa e disponível; Ele é o Senhor da história; governa os corações e os acontecimentos segundo a sua vontade: «O vosso poder imenso sempre vos assiste – e quem poderá resistir à força do Vosso braço?» (Sb., 11, 21)” (CIC nº 269).
Os pais da Igreja ensinam isto unanimemente. Apenas um exemplo: Teófilo de Antioquia (115-181) escreveu: “Mas Ele é o Senhor, porque rege o universo; Pai, porque É antes de todas as coisas; Talha e Faz, porque é o criador e construtor do universo; o Maior, porque está acima de tudo; e Todo Poderoso, porque Ele próprio rege e controla tudo. E as alturas do Céu e as profundezas do Abismo, e os confins do Mundo, estão nas Suas mãos. E não há lugar para o Seu descanso. Os céus são obra Sua, a terra Sua criação, os mares Seus trabalhos manuais; o Homem a Sua concepção e à Sua imagem; o Sol, a Lua e as estrelas são Seus elementos, feitos para serem sinais e estações, e os dias, e os anos, para que possam servir e ser escravos do Homem; e Deus fez tudo isto a partir de coisas que não eram coisas, de forma que, através do Seu trabalho, a Sua grandeza possa ser conhecida e entendida”.
Acreditamos que o Deus Omnipotente não nos tenha apenas criado, mas também nos redima e faça santos como Ele. É por isso que “fiel ao testemunho da Escritura, a Igreja dirige muitas vezes a sua oração ao ‘Deus todo-poderoso e eterno’ (‘omnipotens sempiterne Deus’), crendo firmemente que «a Deus nada é impossível (Gn., 18:14; Lc., 1:37; Mt., 19:26)»” (CIC nº 276).
E então qual é o problema se Ele é poderoso? Que atitude se exige de nós? Encontramos a resposta no Salmo 95: “Vinde, cantemos ao SENHOR! Cantemos com júbilo à rocha da nossa salvação! Apresentemo-nos ante a sua face com louvores e celebremo-lo com salmos. Porque o SENHOR é Deus grande e Rei grande acima de todos os deuses. Nas suas mãos estão as profundezas da terra, e as alturas dos montes são suas. Seu é o mar, pois ele o fez, e as suas mãos formaram a terra seca. Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos! Ajoelhemos diante do SENHOR que nos criou. Porque ele é o nosso Deus, e nós, povo do seu pasto e ovelhas da sua mão. Se hoje ouvirdes a sua voz, não endureçais o coração, como em Meribá e como no dia da tentação no deserto, quando vossos pais me tentaram; provaram-me e viram a minha obra. Quarenta anos estive desgostado com esta geração e disse: é um povo que erra de coração e não tem conhecimento dos meus caminhos. Por isso, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso”.
Se Ele é o Todo Poderoso, nós temos que nos alegrar, elogiá-lo, agradecer-lhe, adorá-lo, dobrar os nossos joelhos e ouvi-lo. “O homem que aprende a crer também aprende a ajoelhar. Uma fé ou uma liturgia já não mais familiar com o acto de ajoelhar, estará doente no seu íntimo” (cardeal D. Joseph Ratzinger / Papa Bento XVI).
Mas porque é que aparentemente o Demónio por vez O supera? Deixaremos isso para outra discussão.
Pe. José Mario Mandía