O que são as Virtudes Teológicas?
A fé sobrenatural é uma das muitas virtudes sobrenaturais. As virtudes sobrenaturais (ou infusas) são as que Deus nos concede sempre que recebemos a Graça, isto é, quando rezamos ou recebemos os Sacramentos.
As outras virtudes são naturais ou humanas, ou adquiridas: podemos desenvolver estas virtudes com exercícios consistentes – algo parecido com o modo como desenvolvemos um músculo. Diligência, pontualidade, cortesia, optimismo, respeito, veracidade, consideração, firmeza, lealdade, tacto, justiça e coragem são exemplos de virtudes adquiridas.
De entre as virtudes sobrenaturais, as mais importantes são as que chamamos de “virtudes teológicas”: «Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor; mas a maior de todas é o amor (I Coríntios 13:13)».
E por que a fé, a esperança e a caridade são chamadas de teológicas? A palavra “Teológica” vem do Grego “Theos” (“Deus”) e “Logos” (“explicação”, “razão”, “palavra”, entre outras). Basicamente, há três razões para que estas três virtudes sejam denominadas como teológicas.
1– Elas têm Deus como a sua fonte ou origem: emanam de Deus e crescem quando Deus concede maior virtude à nossa alma. Por isso precisamos de rezar a Deus se quisermos que elas cresçam em nós. Quando sinto falta de fé, preciso de pedir a Deus que me conceda maior firmeza. Quando a minha esperança se esvanece, preciso que Deus ma reanime. Quando o meu amor esfria, tenho que pedir a Deus que a reaqueça. O amor que Deus nos dá é tão poderoso que é capaz de amar os inimigos e pessoas de quem não goste. Todos nós precisamos de pedir a Deus, sempre: “Domine, adauge nobis fidem, spem et caritatem!” – “Senhor, aumentai a nossa fé, a nossa esperança e o nosso amor”.
2– As virtudes teológicas têm Deus como motivo ou razão: a razão para acreditarmos, esperarmos ou amarmos é Deus. São excluídas quaisquer outras razões, tais como as que têm por base uma qualquer criação.
2.1– Acreditamos porque Deus «falou connosco(Hebreus 1:2)», e não porque o padre X diz homilias grandiosas, porque o bispo Y é um bom homem ou porque os católicos dão consistentemente bons exemplos (o que muitas vezes não fazemos!). Acreditamos, não porque compreendemos completamente, mas porque Ele nos falou.
2.2– Temos esperança porque «o Senhor é fiel em todas as suas palavras»; Ele cumpre as suas promessas e É misericordioso. De facto, o conteúdo da Bíblia fala de cumprimento de promessas e compaixão. Temos esperança não porque as circunstâncias sejam favoráveis ou porque pensemos que somos capazes de conseguirmos o nosso objectivo. «A minha alma espera apenas por Deus, em silêncio, porque a minha esperança é apenas Nele(Salmo 62:5)». «Toda a minha esperança», exclamou Santo Agostinho, «não é mais que a sua Grandiosa Misericórdia».
2.3– «Amamos porque Ele nos amou primeiro(I João 4:19)». Recebemos amor em abundância e precisamos de dar em abundância. Amamos os outros não porque são bons para nós, respeitam-nos ou porque nos ouvem. Amamos os outros porque Deus nos amou e nos ordenou: «Dou-vos um mandamento novo; que se amem uns aos outros, como eu vos amei(João 13:34)».
Acreditamos porque Deus nos falou. Temos esperança porque Ele cumpriu as Suas promessas, e amamos porque Ele nos amou «com um amor eterno (Jeremias 31:3)».
3– As virtudes teológicas têm Deus como fim ou objectivo: é em Deus que nós acreditamos, é por Deus que nós esperamos. É Deus quem nós amamos e é pelo Seu amor que amamos os outros. O que podemos comparar com as virtudes teológicas?
A fé é como um par de óculos de visão nocturna. Mesmo na escuridão parece rodear-nos – a fé dá-nos uma certa espécie de visão.
A esperança é como um par de binóculos. Permite-nos ver bastante longe, em frente e para onde vamos.
O amor é a energia que nos fornece força, até que possamos chegar ao nosso destino.
Pe. José Mario Mandía