TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (234)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (234)

Que oração resume todo o Evangelho?

O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica explica, no ponto 579, a importância da Oração do Senhor; a oração que o próprio Senhor Jesus nos ensinou: “O Pai Nosso é a ‘síntese de todo o Evangelho’ (Tertuliano), ‘a oração perfeitíssima’ (São Tomás de Aquino). Situado no centro do Discurso da Montanha (Mt., 5-7), retoma, sob a forma de oração, o conteúdo essencial do Evangelho”.

Seguindo a explicação de São Tomás de Aquino, o padre jesuíta John Hardon comenta no seu livro “História e Teologia da Graça” que é muito importante “saber que temos no Pater Noster um compêndio de todas as lições que os cristãos devem aprender sobre a oração: [1] como devemos rezar, [2] que prioridade de valores observar, [3] quais objectos pedir e [4] como declarar as nossas petições”.

Além disso – continua o sacerdote – dentro das próprias petições está incluída toda a religião cristã em miniatura. Cristo deu-nos um composto de fé e súplica que tem uma eficácia comparada nos escritos patrísticos com um dos Sacramentos. É a oração mais recomendada para obter o dom da perseverança final.

Santo Agostinho, depois do Concílio de Trento, destacou a Oratio Dominica (Pai Nosso) como um meio quase sacramental para obter a remissão dos pecados veniais diários: “Visto que vivemos no meio do mundo, onde ninguém pode viver sem pecar, o perdão das nossas faltas encontra-se não só nas águas sagradas do baptismo, mas também na repetição diária da Oração do Senhor. É como que o nosso baptismo diário” (Santo Agostinho).

Neste âmbito, o Papa Bento XVI explicou que Nosso Senhor não apenas nos diz para repetirmos algumas palavras, pois é algo que envolve muito mais. Em “Jesus de Nazaré”, o Santo Padre escreveu: “Jesus (…) envolve-nos na sua própria oração; conduz-nos ao diálogo interior do amor trino; Ele atrai as nossas dificuldades humanas profundamente no coração de Deus, por assim dizer. Isto também significa, porém, que as palavras do Pai Nosso são indicações para a oração interior, fornecem uma orientação fundamental para o nosso ser e visam configurar-nos à imagem do Filho. O significado do Pai Nosso vai muito além da mera disposição de um texto de oração. Visa formar o nosso ser, formar-nos na atitude interior de Jesus (cf. Fl., 2,5). (…) Devemo-nos esforçar para reconhecer os pensamentos que Jesus nos quis transmitir com estas palavras. Mas também devemos ter presente que o Pai Nosso nasce da sua própria oração, do diálogo do Filho com o Pai. Significa que ela alcança profundidades muito para além das palavras”.

É por isso que não podemos rezar o Pai Nosso apenas com os lábios. O Catecismo da Igreja Católica refere no ponto 2766: “Mas Jesus não nos deixa uma fórmula para ser repetida maquinalmente. Como em toda a oração vocal, é pela Palavra de Deus que o Espírito Santo ensina os filhos de Deus a rezar ao seu Pai. Jesus dá-nos, não somente as palavras da nossa oração filial, mas também, ao mesmo tempo, o Espírito pelo qual elas se tornam em nós ‘espírito e vida’ (Jo., 6, 63). Mais ainda: a prova e a possibilidade da nossa oração filial é que o Pai ‘enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho que clama: Abbá! ó Pai!’ (Gl., 4, 6). Uma vez que a nossa oração traduz os nossos desejos diante do Pai, é ainda Aquele que sonda os corações, o Pai, que ‘conhece o desejo do Espírito, porque é de acordo com Deus que o Espírito intercede pelos santos’ (Rm., 8, 27)”.

Pe. José Mario Mandía

LEGENDA: Igreja do Pai Nosso, em Jerusalém

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