TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (230)

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Quais as formas de oração?

Seguindo o exemplo e o ensinamento de Jesus Cristo, os Apóstolos cultivaram a oração pessoal e comunitária desde o início do Cristianismo. O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC) refere, no ponto 548: “No início dos Actos dos Apóstolos está escrito que na primeira comunidade de Jerusalém, educada pelo Espírito Santo na vida de oração, os crentes «eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, fiéis à união fraterna, à fracção do pão e às orações» (Act., 2, 42)”.

O Compêndio indica o papel do Paráclito nesta comunidade de oração: “O Espírito Santo, Mestre interior da oração cristã, forma a Igreja para a vida de oração e a faz entrar cada vez mais profundamente na contemplação e na união com o insondável mistério de Cristo. As formas de oração, tais como as revelam os Escritos apostólicos e canónicos, permanecerão sempre normativas para a oração cristã” (nº 549).

Quais são estas “formas de oração”? “São a bênção e a adoração, a oração de petição e a intercessão, a acção de graças e o louvor. A Eucaristia contém e exprime todas as formas de oração” (CCIC nº 550). Estas formas de oração são uma continuação da tradição de oração que já vimos no Antigo Testamento e nos Evangelhos.

BÊNÇÃO –Esta forma de oração revela ser uma troca entre o Homem e Deus. “A bênção é a resposta do homem aos dons de Deus: nós bendizemos o Omnipotente que primeiramente nos abençoa e enche dos seus dons” (CCIC nº 551). A bênção é um sinal de amor. «Amamos porque Ele nos amou primeiro» (1 João 4, 19).

ADORAÇÃO –“A adoração é a prostração do homem que se reconhece criatura diante do seu Criador três vezes santo” (CCIC nº 552). São João Paulo II, ao abordar a Adoração Eucarística, escreveu: “Através da adoração, o cristão contribui misteriosamente para a transformação radical do mundo e para a sementeira do Evangelho. Aqueles que estão diante do Senhor estão, assim, a cumprir um serviço eminente. Estão a apresentar Cristo a todos aqueles que não O conhecem ou estão longe dEle: eles vigiam em Sua presença, em Seu nome” (Carta ao Bispo de Liège, 28 de Maio de 1996).

PETIÇÃO –Esta forma de oração é provavelmente a mais espontânea e a que tendemos fazer a todo o tempo. “Pode ser um pedido de perdão ou mesmo uma súplica humilde e confiante em relação a todas as nossas necessidades espirituais ou materiais. Mas a primeira realidade a desejar é a vinda do Reino” (CCIC nº 553). Devemos pedir porque precisamos sempre de Deus. Ao pedir, reconhecemos a nossa necessidade diante de Deus. Ao pedir, reconhecemos que somos criaturas e que somos Seus filhos.

INTERCESSÃO –“A intercessão consiste no pedir em favor doutro. Ela conforma-nos e une-nos à oração de Jesus que intercede junto do Pai por todos os homens, em especial pelos pecadores. A intercessão deve estender-se também aos inimigos” (CCIC nº 554). A intercessão ajuda-nos a pensar mais nos outros. A intercessão é a maneira mais fácil de amar os nossos inimigos. «Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus, pois que Ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos. Porque se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos igualmente assim?» (Mateus 5, 44-46).

ACÇÃO DE GRAÇAS –“A Igreja dá graças a Deus incessantemente, sobretudo ao celebrar a Eucaristia, na qual Cristo a faz participar na sua acção de graças ao Pai. Todos os acontecimentos se convertem para o cristão em motivo de acção de graças” (CCIC nº 555). Diz São Paulo: «Conservai permanentemente a vossa alegria! Orai constantemente. Dai graças em toda e qualquer circunstância, porquanto essa é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco» (1 Tessalonicenses 5, 16-18). No Prefácio da Missa, repetimos sempre “É verdadeiramente certo e justo, nosso dever e nossa salvação, sempre e em toda parte, dar-te graças, Senhor, Pai santo, Deus todo-poderoso e eterno, por Cristo nosso Senhor”.

LOUVAR –“O louvor é a forma de oração que mais imediatamente reconhece que Deus é Deus. É completamente desinteressada: canta Deus por Ele ser quem é e glorifica-O porque Ele é” (CCIC nº 556).

O louvor é uma oração altruísta, mas beneficia-nos. Certa vez, o Papa Francisco perguntou: “Para quem é útil o louvor? A nós ou a Deus? Um texto da liturgia eucarística convida-nos a rezar a Deus assim, diz assim: ‘Embora não precises do nosso louvor, a nossa acção de graças é um dom teu, porque os nossos louvores não acrescentam nada à tua grandeza, mas beneficiam-nos para a salvação’” (Audiência Geral, 13 de Janeiro de 2021).

Pe. José Mario Mandía

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