TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (228)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (228)

Qual foi a característica mais comum da oração de Jesus?

Porque Jesus era um verdadeiro homem, seus pais devem tê-lo ensinado a rezar na tradição judaica (cf. Compêndio nº 541).

Mas Jesus era ao mesmo tempo Deus verdadeiro, por isso a “sua oração brota duma fonte secreta, porque Ele é o Filho eterno de Deus, que, na sua santa humanidade, dirige a seu Pai a oração filial perfeita” (CCIC nº 541).

A oração de Jesus foi a oração filial perfeita, a conversa do Filho Amado com seu Pai Sábio, Amoroso e Todo-poderoso. Foi assim que Jesus rezou e é assim que Ele quer que rezemos.

Sempre que elevava o Seu coração ao céu, chamava o seu Aba! Pai! Pai! Os Evangelhos registam algumas das palavras do próprio Cristo.

«Graças te dou, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos; sim, Pai, porque tal foi a tua graciosa vontade» (Mateus 11, 25-26; cf. Lucas 10, 21-22).

Antes de ressuscitar Lázaro dos mortos, Jesus orou: «Pai, dou-te graças porque me ouviste. Eu sei que sempre me ouves» (João 11, 41-42).

Antes da Paixão, Jesus disse: «Agora minha alma está perturbada, e o que direi? Pai, salva-me desta hora? Não! Eu vim precisamente com esse propósito e para esta hora. Pai, glorifica o teu Nome!» (João 12, 27-28).

Na oração da Última Ceia, registada em João 17, Jesus menciona a palavra “Pai” por seis vezes. «Pai, é chegada a hora…» (versículo 1). «E agora, Pai, glorifica-me junto a Ti» (v. 5). «Pai santo, protege-os em Teu Nome, o Nome que me deste» (v. 11). «Para que todos sejam um, Pai, como Tu estás em mim e Eu em Ti» (v. 21). «Pai, Eu desejo que os que me deste estejam comigo onde Eu estou» (v. 24). «Pai justo, o mundo não te tem conhecido; Eu, porém, te conheci» (v. 25).

Quando Jesus rezou no Jardim do Getsémani, expressou a mesma terna conversa com o Pai (cf. Mateus 26, 36-46; Marcos 14, 32-42; Lucas 22, 39-46). «Ó meu Pai, se possível for, passa de mim este cálice! Contudo, não seja como Eu desejo, mas sim como Tu queres» (Mateus 26, 39).

A crucificação não mudou a atitude de Jesus, embora tenha experimentado o estado miserável de um pecador que se separou livremente de Deus: «Meu Deus, Meu Deus! Por que me abandonaste?» (Mateus 27, 46; cf. Marcos 15, 34; Salmo 22:1). Ele teve que passar pelo sentimento da separação pois assumiu a culpa pelos pecados de todos os homens, para que todos tivessem a possibilidade de obter a felicidade eterna. «Mas, de facto, ele foi transpassado por causa das nossas próprias culpas e transgressões, foi esmagado por conta das nossas iniquidades; o castigo que nos propiciou a paz caiu todo sobre ele, e mediante suas feridas fomos curados» (Isaías 53, 5). No entanto, rezou por aqueles que lhe impuseram o castigo: «Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem» (Lucas 23, 34). Até ao fim, Ele rezou como Filho Amado: «Pai! Em tuas mãos entrego o meu espírito» (Lucas 23, 46).

O Compêndio observa, no ponto 543: “A oração de Jesus durante a agonia no Jardim de Getsémani e nas últimas palavras sobre a cruz revelam a profundidade da sua oração filial: Jesus conduz à sua realização o desígnio de amor do Pai e toma sobre si todas as angústias da humanidade, todas as interrogações e intercessões da história da salvação. Ele apresenta-as ao Pai que as acolhe e escuta, para lá de toda a esperança, ressuscitando-O dos mortos”.

Pe. José Mario Mandía

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