TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (222)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (222)

O que é a oração?

“‘Mistério admirável da nossa fé!’. A Igreja professa-o no Símbolo dos Apóstolos (primeira parte) e celebra-o na liturgia sacramental (segunda parte), para que a vida dos fiéis seja configurada com Cristo no Espírito Santo para glória de Deus Pai (terceira parte). Este mistério exige, portanto, que os fiéis nele creiam, o celebrem e dele vivam, numa relação viva e pessoal com o Deus vivo e verdadeiro. Esta relação é a oração”, ensina-nos o Catecismo da Igreja Católica, no ponto 2558.

O seu Compêndio define a oração em vários ângulos: “A oração consiste em elevar a alma a Deus ou em pedir a Deus bens conformes à sua vontade. Ela é sempre um dom de Deus que vem ao encontro do homem. A oração cristã é relação pessoal e viva dos filhos de Deus com o Pai infinitamente bom, com o seu Filho Jesus Cristo e com o Espírito Santo que habita no coração daqueles” (CCIC nº 534).

Em primeiro lugar, o Compêndio descreve a oração como a elevação da mente e do coração a Deus. Significa que quando rezo não estou a tentar descer Deus ao meu nível, mas, ao invés, estou a tentar elevar-me, com a ajuda de Deus, ao Seu nível, ao nível sobrenatural. Não estou a tentar ajustar o pensamento de Deus ao meu pensamento, mas sim a ajustar o meu pensamento ao pensamento de Deus, e a alinhar os meus desejos aos desejos do Seu Sagrado Coração. Não estou apenas a tentar explicar as minhas razões, pois essas já Ele as conhece – «o vosso Pai, sabe tudo de que tendes necessidade, antes mesmo que lho peçais» (Mateus 6, 8). Deixo que Ele fale, para que eu possa conhecer as Suas razões, os Seus pensamentos, os Seus planos: «planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dor e prejuízo, planos para dar-vos esperança e um futuro melhor» (Jeremias 29, 11).

Em segundo lugar, o Compêndio refere o entendimento comum da oração. Trata-se de uma petição de coisas boas de Deus, “segundo a sua vontade” (nº 534). A segunda parte desta frase é de grande importância – é a parte da definição que muitas vezes esquecemos. Na maioria das vezes, não vemos o quadro geral, não conhecemos toda a história e, portanto, não sabemos realmente o que será melhor para nós a longo prazo. Mas Deus sabe, porque Ele tudo sabe!

Em terceiro lugar, o Compêndio sublinha que a oração é, na verdade, um “dom de Deus”. «Nós amamos porque Ele nos amou primeiro», diz São João, na sua Primeira Carta (I João 4, 19). Quando éramos literalmente nada, foi Ele quem pensou em nós, nos criou e nos procurou. Quando oramos, estamos simplesmente a responder à Sua bondade. Diz o Compêndio no ponto 535: “Ésempre Deus que primeiro e incessantemente atrai cada uma das pessoas para o encontro misterioso da oração”.

Por último, o Compêndio explica que a oração é a “relação pessoal e viva dos filhos de Deus com o Pai infinitamente bom, com o seu Filho Jesus Cristo e com o Espírito Santo”. Esta relação exige uma conversa, um intercâmbio constante, que nem sempre precisa de palavras. Na interacção com cada uma das três Pessoas Divinas, Deus quer «que arraigados e fundamentados em amor, nos seja possível, em união com todos os santos, compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade dessa fraternidade, e, assim, entender o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que sejamos preenchidos de toda a plenitude de Deus» (Efésios 3, 17-19).

Pe. José Mario Mandía

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