O que o Primeiro Mandamento requer de nós?
No primeiro dos Mandamentos que Deus entregou a Moisés, disse: «Eu Sou Yahweh, teu Deus, aquele que te libertou e fez sair da terra do Egipto, da casa da escravidão! Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem, de nada que se assemelhe ao que existe lá em cima, no céu, ou cá embaixo, na terra, ou nas águas que estão debaixo da terra. Não te prostrarás diante desses deuses tampouco lhes prestarás qualquer tipo de culto» (Deuteronómio 5, 6-9).
O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC) explica, no ponto 442: “Que implica a afirmação: «Eu sou o Senhor teu Deus» (Ex., 20, 2)? Implica, para o fiel, guardar e praticar as três virtudes teologais e evitar os pecados que se lhes opõem”. As três virtudes teologais são a fé, a esperança e a caridade.
Além disso, o Primeiro Mandamento exige que adoremos somente a Deus. Assim, o Senhor Jesus lembrou ao diabo: «Vai-te, Satanás, porque está escrito: “Ao SENHOR, teu Deus, adorarás e só a Ele servirás”» (Mateus 4, 10).
O culto ou adoração é um acto de virtude da religião.
FÉ
“A fé crê em Deus e rejeita o que lhe é contrário, como, por exemplo, a dúvida voluntária (1), a incredulidade (2), a heresia (3), a apostasia (4) e o cisma (5)” (CCIC nº 442). Já explicamos esta virtude em TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ nº 27. Vejamos, de seguida, os pecados contra a Fé?
(1) A dúvida voluntária ou deliberada “em relação à fé negligencia ou recusa ter por verdadeiro o que Deus revelou e a Igreja nos propõe para crer” (Catecismo da Igreja Católica nº 2088). É diferente da dúvida involuntária, em que uma pessoa hesita em acreditar e tem dificuldade em superar as objecções relacionadas com a fé, ou fica ansiosa porque a fé é obscura.
(2) A incredulidade ou descrença “é o desprezo da verdade revelada ou a recusa voluntária de lhe prestar assentimento” (CIC nº 2089). Em termos práticos, a dúvida voluntária ou deliberada é o mesmo que incredulidade ou descrença.
(3) Um católico baptizado comete heresia quando, deliberadamente, duvida ou nega um dogma de fé.
(4) Quando um católico repudia totalmente a sua fé, tal acto é denominado de “apostasia”.
(5) Comete um cisma se se recusar a submeter ao Romano Pontífice ou se se separa da comunhão com os membros da Igreja sujeitos ao Papa (cf. CIC nos 2088 e 2089).
ESPERANÇA
“A esperança é a expectativa confiante da visão bem-aventurada de Deus e da sua ajuda, evitando o desespero e a presunção” (CCIC nº 442).
A partir desta definição, o objecto da esperança é duplo: (1) a esperança de que Deus nos concederá felicidade infinita e ilimitada junto d’Ele, desde que lutemos; e (2) a esperança de que Deus nos ajudará a alcançar essa felicidade, dando-nos os meios para sermos bem-sucedidos nos nossos esforços.
A partir da mesma definição, aprendemos que alguém pode pecar contra a esperança por (1) desespero – “o homem deixa de esperar de Deus a sua salvação pessoal, os socorros para a atingir, ou o perdão dos seus pecados” (CIC 2091) – ou por (2) presunção – “o homem ou presume das suas capacidades (esperando poder salvar-se sem a ajuda do Alto), ou presume da omnipotência ou misericórdia divinas (esperando obter o perdão sem se converter, e a glória sem a merecer)” (CIC 2092).
Por mais diferentes que sejam, tanto o desespero quanto a presunção, levam a pessoa a desistir de todo o esforço na vida espiritual.
CARIDADE
“A caridade ama a Deus sobre todas as coisas: são rejeitadas portanto a indiferença, a ingratidão, a tibieza, a acédia ou preguiça espiritual e o ódio a Deus, que nasce do orgulho” (CCIC nº 442).
O Catecismo da Igreja Católica descreve, no ponto 2094, os pecados contra a caridade:
“(1) A indiferença descuida ou recusa a consideração da caridade divina; desconhece-lhe o cuidado preveniente e nega-lhe a força.
(2) A ingratidão não reconhece, por desleixo ou recusa formal, a caridade divina, não retribuindo amor com amor.
(3) A tibieza, que é hesitação ou negligência em corresponder ao amor divino, pode implicar a recusa de se entregar ao movimento da caridade.
(4) A acédia ou preguiça espiritual chega a recusar a alegria que vem de Deus e a aborrecer o bem divino.
(5) O ódio a Deus nasce do orgulho: opõe-se ao amor de Deus, cuja bondade nega, e ousa amaldiçoá-lo como Aquele que proíbe o pecado e lhe inflige o castigo”.
Pe. José Mario Mandía