TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (140)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (140)

Que tipo de veneração devemos prestar à Eucaristia?

A fé católica implica três graus de veneração. São eles:

1) Latria– É o acto de adoração ou reverência concedida a Deus: «E Deus falou todas estas palavras: Eu Sou Yahweh, o SENHOR, teu Deus, que te fez sair da terra do Egipto, da casa da escravidão! […]Não terás outros deuses além de mim (Êxodo 20:1-3)».

2) Hiperdulia– Esta é a honra (não adoração ou veneração) concedida à Santíssima Virgem Maria: «de hoje em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada (Lucas 1:48)».

3) Dulia– Esta é a honra concedida aos santos, a quem pedimos para rezarem, por nós, a Deus: «A súplica de uma pessoa justa é muito poderosa e eficaz (Tiago 5:16)».

E que tipo de veneração dedicamos à Eucaristia? A mais alta, a LATRIA. Porque a Eucaristia não é outro que não o próprio Jesus Cristo, que é Deus e Homem. Enquanto Deus, Ele merece a nossa adoração. Na Sua presença devemos estar de joelhos, em adoração (corporal ou externa), submetendo o nosso espírito, a nossa mente, o nosso coração e a nossa vontade em obediência (adoração espiritual ou interna).

O Catecismo da Igreja Católica ensina, no ponto 1378: “Na liturgia da Missa, nós exprimimos a nossa fé na presença real de Cristo sob as espécies do pão e do vinho, entre outras maneiras, ajoelhando ou inclinando-nos profundamente em sinal de adoração do Senhor. ‘A Igreja Católica sempre prestou e continua a prestar este culto de adoração que é devido ao sacramento da Eucaristia, não só durante a missa, mas também fora da sua celebração: conservando com o maior cuidado as hóstias consagradas, apresentando-as aos fiéis para que solenemente as venerem, e levando-as em procissão’ (Paulo VI, Encíclica Mysterium fidei, 56)”.

O cardeal Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI) refere no livro da sua autoria “The Spirit of the Liturgy” (Espírito da Liturgia) que “ajoelhar não vem de nenhuma cultura – vem da Bíblia”. E acrescenta que o “homem que aprende a acreditar [na Presença Real] também aprende a ajoelhar-se”.

Já na condição de Papa, Joseph Ratzinger disse na homilia proferida por ocasião da Procissão de Corpus Christi, a 22 de Maio de 2008: «Adorar o Deus de Jesus Cristo, que se fez pão repartido por amor, é o remédio mais válido e radical contra as idolatrias de ontem e de hoje. Ajoelhar-se diante da Eucaristia é profissão de liberdade: quem se inclina a Jesus não pode e não deve prostrar-se diante de nenhum poder terreno, mesmo que seja forte. Nós, cristãos, só nos ajoelhamos diante do Santíssimo Sacramento, porque nele sabemos e acreditamos que está presente o único Deus verdadeiro, que criou o mundo e o amou de tal modo que lhe deu o seu Filho único (Jo., 3, 16)[…]A adoração é a oração que prolonga a celebração e a comunhão eucarística na qual a alma continua a alimentar-se: alimenta-se de amor, de verdade, de paz; alimenta-nos de esperança, porque Aquele diante do qual nos prostramos não nos julga, não nos esmaga, mas liberta-nos e transforma-nos».

O TABERNÁCULO

No Antigo Testamento, Deus deu a Moisés instruções detalhadas de como construir a tenda ou tabernáculo que iria abrigar a Arca da Aliança (Êxodo 25-27). A Arca da Aliança é apenas um símbolo da presença de Deus, mas muito cuidado foi tido e bastantes materiais preciosos foram usados na sua construção. Este facto leva-nos a reflectir e ensina-nos como um tabernáculo, para albergar a Sagrada Eucaristia, deve ser feito. E também como o tabernáculo da nossa alma deve ser preparado para receber Jesus na Sagrada Comunhão.

É no “tabernáculo” que Jesus espera por nós. Ele não necessita que façamos marcação para nos receber; podemos aparecer a qualquer hora, conforme a nossa conveniência. Daí que o Papa Paulo VI tenha escrito: “Durante o dia, não deixem de visitar o Santíssimo Sacramento, que se deve conservar nas igrejas no lugar mais digno, e com máxima honra, segundo as leis litúrgicas; cada visita é prova de gratidão, sinal de amor e dever de adoração a Cristo Senhor nosso, ali presente (Encíclica Mysterium Fidei, 68)”.

Neste âmbito, o Papa João Paulo II escreveu igualmente na Carta Apostólica Dominicae Cenae: “A Igreja e o mundo têm grande necessidade do culto eucarístico. Jesus espera-nos neste sacramento do amor. Não regateemos o tempo para estar com Ele na adoração, na contemplação cheia de fé e disposta a reparar as faltas graves e os pecados do mundo. Que a nossa adoração não cesse jamais”.

Pe. José Mario Mandía

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *