Qual o modo correcto de receber a Comunhão?
Certa vez, Santo Agostinho disse-nos: «Cristo entregou-se nas Suas mãos quando deu o Seu Corpo aos Seus discípulos: “Este é o meu corpo. Ninguém participará desta carne antes de a ter adorado”».
“Adoração” – esta a palavra-chave para receber a Eucaristia de forma digna.
Como o homem é tanto corpo como alma, a sua adoração tem que ser feita tanto com o corpo como com a alma, ambas exteriores como interiores, ambas visíveis e invisíveis. Debrucemo-nos sobre os elementos exteriores e visíveis.
A Adoração ao Senhor requere que cuidemos do nosso aspecto exterior. Devemos reconhecer que Ele é o Senhor e nós os seus servos, na forma como nos comportamos e vestimos – “a atitude corporal (gestos, trajes), como sinal de respeito para com Cristo” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica nº 291). A Santa Missa não é um jogo de ténis ou uma ida à praia; não é uma reunião num clube ou um almoço de trabalho. É um momento de adoração.
A Instrução Redemptionis Sacramentum (sobre algumas coisas que se devem observar e evitar acerca da Santíssima Eucaristia), redigida pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, a 25 de Março de 2004, dá-nos orientações específicas.
DE PÉ OU DE JOELHOS?– Ambas as posições são aceitáveis. “Quando comungarem de pé, recomenda-se fazer, antes de receber o Sacramento, a devida reverência, que devem estabelecer as mesmas normas” (Redemptionis Sacramentum nº 90).
O SACERDOTE PODE RECUSAR A COMUNHÃO A ALGUÉM?“‘Os ministros sagrados não podem negar os sacramentos a quem os pedem de modo oportuno, e estejam bem dispostos e que não lhes seja proibido o direito de receber’[Código de Direito Canônico, cânone 843 § 1; cf. cânone 915]. Por conseguinte, qualquer baptizado católico, a quem o direito não o proíba, deve ser admitido à sagrada Comunhão. Assim pois, não é lícito negar a sagrada Comunhão a um fiel, por exemplo, só pelo facto de querer receber a Eucaristia ajoelhado ou de pé” (Redemptionis Sacramentum nº 91).
NAS MÃOS OU NA LÍNGUA?“Todo fiel tem sempre direito a escolher se deseja receber a sagrada Comunhão na boca ou se, o que vai comungar, quer receber na mão o Sacramento. Nos lugares aonde Conferência de Bispos o haja permitido, com a confirmação da Sé apostólica, deve-se lhe administrar a sagrada hóstia. Sem dúvida, ponha-se especial cuidado em que o comungante consuma imediatamente a hóstia, na frente do ministro, e ninguém se desloque (retorne) tendo na mão as espécies eucarísticas. Se existe perigo de profanação, não se distribua aos fiéis a Comunhão na mão” (Redemptionis Sacramentum nº 92).
USO DA BANDEJA NA COMUNHÃO. O ponto 284 do Compêndio do Catecismo da Igreja Católica refere que segundo a crença “a fracção do pão não divide Cristo: Ele está presente todo inteiro em cada uma das espécies eucarísticas e em cada uma das suas partes”. Daí que a Instrução Redemptionis Sacramentum determine, no ponto 93, que “a bandeja para a Comunhão dos fiéis se deve manter, para evitar o perigo de que caia a hóstia sagrada ou algum fragmento”.NÃO HÁ “SELF-SERVICE”. Quando Jesus multiplicou os pães e os peixes, não pediu à multidão que viesse e tomasse a comida. Antes encarregou os apóstolos de fazer a distribuição (Mateus 14:13-21; Marcos 6:31-44; Lucas 9:12-17; João 6:1-14). Neste quadro, a Redemptionis Sacramentum sublinha no ponto 94: “Não está permitido que os fiéis tomem a hóstia consagrada nem o cálice sagrado por si mesmos, nem muito menos que se passem entre si de mão em mão. Além disso, deve-se suprimir o abuso de que os esposos, na Missa nupcial, administrem-se de modo recíproco a sagrada Comunhão”
Pe. José Mario Mandía