Os primeiros cristãos celebravam a Eucaristia?
Já vimos antes que o “partir do pão” foi uma acção que identificou Jesus. O facto foi registado por São Lucas (24:35) na sua descrição de como os dois discípulos que se dirigiam a Emaús foram capazes de reconhecer Jesus “ao partir o pão”.
São Paulo, em Coríntios (11:23-27), resume a doutrina eucarística, relacionando a Última Ceia com o Sacrifício da Cruz e à consequente Presença Real do Senhor: «Pois eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, logo após haver dado graças, o partiu e disse: “Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em memória de mim”. Do mesmo modo, depois de comer, Ele tomou o cálice e declarou: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue. Fazei isto todas as vezes que o beberdes, em memória de mim”. Portanto, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice proclamais a morte do Senhor, até que Ele venha. Por esse motivo, quem comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente será culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor».
Como foi depois do tempo dos Apóstolos? Estas práticas continuaram? Se sim, onde podemos encontrar indícios que o comprovem?
É pois aqui que os Pais da Igreja aparecem. Praticamente todos os Pais e documentos da Igreja atestam a prática de “partir o pão”.
No website da Internet, therealpresence.org, o padre Burns K. Seeley, SSJC, sumariza os pronunciamentos mais importantes dos Pais da Igreja. Aqui deixamos alguns, começando pelos primeiros:
1– LIVRO “DIDAQUÉ”(90 d.C, também conhecido como “The Lord’s Teaching Through the Twelve Apostles to the Nations” – O Ensino do Senhor por Intermédio dos Doze Apóstolos das Nações) menciona a palavra “Eucaristia” (palavra grega para “Acção de Graças” que foi usada nos documentos primevos). E de onde foi tirada esta palavra? Ora, daquilo que nosso Senhor fez depois de tomar o pão: εὐχαριστήσας (pronuncia-se eucaristesas – “dando graças” – Coríntios 11:24).
O “Didaqué” refere: “No que diz respeito à Eucaristia, depois desta, agradeça (dê graças)”. Em seguida, indica qual oração deve ser dita sobre o pão e o cálice. Tal queria também indicar que uma pessoa precisava ser baptizada antes de receber a Eucaristia. Pois que ninguém comesse ou bebesse da Sua Eucaristia, para além dos que foram baptizados em nome do Senhor, pois na verdade o Senhor disse a respeito: «Não deis o que é sagrado aos cães (Mateus 7:6)».
Muitas vezes referimo-nos à Eucaristia como “Sagrada Comunhão”. Pois ao recebê-la, os fiéis afirmam: “Estou em comunhão com a Igreja e unido a tudo o que ela me ensinar”.
Além disso, o “Didaqué” requer a confissão dos pecados antes da Comunhão: “No Dia do Senhor, ao Senhor juntavam-se, partiam o pão e davam graças, depois da confissão das suas transgressões de forma a que o seu sacrifício pudesse ser mais puro”.
2– SANTO INÁCIO DE ANTIQUÍA(110 d.C) escreveu: “Desejava ser o Pão de Deus, que é a Carne de Jesus Cristo, (…) e como Bebida, desejou o Seu Sangue”.
3– SÃO JUSTINO, O MÁRTIR(100 – 165 d.C) reiterou a necessidade do Baptismo antes de se receber a Eucaristia. São Justino falou da transubstanciação do pão e do vinho para a “carne e sangue de Jesus Cristo”.
Justino também identificou a Eucaristia como o sacrifício que cumpre a profecia de Malaquias (1:10-12).
4 – E todos os outros Pais da Igreja, especialmente os QUATRO GRANDES DO ORIENTE(Santo Atanásio, 295 – 373 d.C; São Basílio, O Grande, 330 – 379 d.C; São Gregório de Nazianzeno, 330 – 389 d.C; São João Crisóstomo, 344 – 407 d.C) e os QUATRO GRANDES DO OCIDENTE(Ambrósio de Milão, 333 – 397 d.C; São Jerónimo, 347 – 420 d.C; Santo Agostinho, 354 – 430 d.C; São Gregório, o Grande, 540 – 604 d.C).
A fé confirmada na Eucaristia, como Sacramento da Presença do Senhor, como sacrifício da Nova Lei, e como o Banquete Sagrado que nutre as almas dos baptizados que se encontram em estado de graça santificante.
Pe. José Mario Mandía