TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (120)

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Por que a Igreja baptiza as crianças?

Quem pode ser baptizado? A Igreja diz-nos que “é capaz para receber o Baptismo toda a pessoa ainda não baptizada” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica nº 257). Todos as pessoas não baptizadas são elegíveis a receber o Baptismo, porque Deus «deseja que todas as pessoas sejam salvas e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (I Timóteo 2:4)».

Deus, o nosso Pai amantíssimo e misericordioso, quer que voltemos para casa, onde Ele nos espera com muitas surpresas. Isto só é possível porque Jesus Cristo, pela Sua Paixão, Morte e Ressurreição (o chamado “Mistério Pascal”), abriu as portas da felicidade eterna para todos como Ele prometera: «Aquele que crer e for baptizado será salvo. Todavia, quem não crer será condenado! (Marcos 16:16)».

Através da Sua Igreja, Jesus torna a graça santificante disponível a todos. Como refere o “slogan” de uma conhecida companhia aérea: “Agora todos podem voar” – neste caso, para o Céu! O Baptismo é como um balcão onde reservamos o nosso voo.

«Porquanto, todos vós sois filhos de Deus por meio da fé que tendes em Cristo Jesus, pois todos quantos em Cristo fostes baptizados, de Cristo vos revestistes. Não há judeu nem grego, escravo ou livre, homem ou mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então, sois descendência de Abraão e plenos herdeiros de acordo com a Promessa (Gálatas 3: 26-29)».

Quando alguém é baptizado, torna-se católico para sempre! Mesmo no infeliz caso de uma pessoa deixar a Igreja, jamais deixará de ser católica. Porquê? O Baptismo é um dos três Sacramentos que imprimem um selo na alma, com carácter vitalício. Daí que se essa pessoa quiser regressar ao seio da Igreja, não necessita ser novamente baptizada; apenas precisará do Sacramento da Reconciliação.

E no que respeita aos cristãos não-católicos?

Os cristãos não-católicos que tenham sido baptizados de forma válida, isto é, de acordo com os ritos essenciais da Igreja Católica, e que desejem estar em plena comunhão com a Igreja Católica, passam por uma cerimónia de recepção na Igreja, mas não precisam ser novamente baptizados.

E por que razão a Igreja baptiza as crianças, na sua grande maioria quando ainda são bebés? Por que não esperar até que atinjam uma idade suficientemente crescida, de modo a serem elas próprias a decidirem a religião a seguir? O CCIC responde no ponto 258: “Porque tendo nascido com o pecado original, elas têm necessidade de ser libertadas do poder do Maligno e de ser transferidas para o reino da liberdade dos filhos de Deus”.

Neste âmbito, o Catecismo da Igreja Católica sublinha no ponto 1250: “Na pura gratuidade da graça da salvação é particularmente manifesta no Baptismo das crianças. Por isso, a Igreja e os pais privariam, a criança da graça inestimável de se tornar filho de Deus, se não lhe conferissem o Baptismo pouco depois do seu nascimento”. Além disso, “os pais cristãos reconhecerão que esta prática corresponde, também, ao seu papel de sustentar a vida que Deus lhes confiou” (CIC nº 1251).

Posto estas indicações, é um dever dos pais proporcionarem aos filhos o melhor que lhes poderem dar. Certamente, o melhor que uma pessoa pode ter é a vida sobrenatural; ser um filho adoptivo de Deus!

Há pessoas que levantam objecções ao Baptismo infantil, argumentando que os pais deveriam esperar até que seus filhos se tornassem livres para escolher por si mesmos. Ora, se fossemos seguir este argumento, os pais também não deveriam escolher os alimentos que consideram adequados para seus filhos-bebés; deveriam igualmente esperar até que estes atingissem a idade suficiente para escolherem o que comer!…

Mas ao que parece, na Igreja primitiva, apenas os adultos eram baptizados. É verdade, a maioria das pessoas eram adultas. Esta realidade tem a ver com o facto de no início da Igreja os convertidos serem adultos. Não tiveram, pois, muitas hipóteses de serem baptizados em idade jovem, dado que não havia Igreja naquela época. No entanto, muito provavelmente, também baptizaram os seus filhos-bebés.

O CIC esclarece no ponto 1252: “A prática de baptizar as crianças é tradição imemorial da Igreja. Explicitamente atestada desde o século II, é no entanto bem possível que, desde o princípio da pregação apostólica, quando ‘casas’ inteiras receberam o Baptismo se tenham baptizado também as crianças”.

Pe. José Mario Mandía

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