N. Sr.ª de Fátima, um refúgio para os necessitados
Mais de um ano depois de ter obrigado os casinos do território a fechar portas, a pandemia continua a ser sinónimo de dificuldades acrescidas para dezenas de pessoas na zona norte da península de Macau. Na paróquia de Nossa Senhora de Fátima, a Igreja é responsável pela única refeição decente que recebem ao longo do dia. Entre os mais necessitados estão trabalhadores não-residentes que perderam o emprego nos últimos meses, mas também moradores de rua a quem o Covid-19 dificultou ainda mais a vida.
Chegam à procura de comida, de alimentos, de uma refeição quente e, por vezes, de dinheiro ou de um agasalho. Na zona norte da península de Macau, a paróquia de Nossa Senhora de Fátima tornou-se uma paragem incontornável para muitos daqueles a quem a pandemia de Covid-19 trocou as voltas.
Ao longo do último ano, a Paróquia estendeu a mão a dezenas de pessoas que perderam o emprego ou que sofreram cortes salariais por causa do impacto que a crise de saúde pública teve na economia da RAEM. Para mais de sete dezenas e meia de pessoas, o pesadelo ainda não acabou. «Entre as pessoas mais necessitadas estão, obviamente, as trabalhadoras domésticas, sobretudo de nacionalidade vietnamita. Uma vez por mês, o padre James distribui quase uma centena de pacotes de arroz entre as pessoas que não têm emprego. Também ajudamos os membros da comunidade filipina que estão na mesma situação», explica o padre José Angel Hernandez, em declarações a’O CLARIM. «Também estamos a ajudar pessoas oriundas de outras paragens, nomeadamente de África. Estamos a ajudar uma família que se encontra numa situação de grande fragilidade. Fazemos-lhes chegar alimentos e bens básicos e também ajudamos com a renda, uma vez que não têm dinheiro e não têm como pagar pelo alojamento», acrescenta o sacerdote.
No total, a paróquia de Nossa Senhora de Fátima está a apoiar com arroz, ovos, leite e outros alimentos, cerca de seis dezenas de trabalhadores não-residentes, sendo que a este número acresce uma dezena e meia de sem-abrigo, a quem um benemérito oferece aquela que é para muitos a única refeição quente do dia. «Também asseguramos uma refeição por dia a pessoas que vivem na rua e que não têm de todo nada para comer. Isto é algo que fazemos de segunda a sexta-feira, no período do almoço. A refeição é, na verdade, oferecida por um paroquiano, que cozinha também para a Escola de Nossa Senhora de Fátima e oferece essas refeições. Todos os dias recebemos aqui entre doze a quinze pessoas», sublinha o padre José Angel. «Estas pessoas não têm emprego, não têm dinheiro, não têm comida, não têm nada. São pessoas que se encontram verdadeiramente em condições muito difíceis», enfatiza o pároco de Nossa Senhora de Fátima.
Marco Carvalho