Se os Sacramentos não são meros símbolos, então o que são?
Os Sacramentos são sinais eficazes da Graça, não são meros símbolos, pois eles possuem o poder de nos transformar. E transformam-nos de diferentes maneiras.
GRAÇA SANTIFICANTE– A primeira coisa que os Sacramentos fazem é dar-nos a graça santificante. Qual é o efeito da graça santificante? O efeito é melhorar a nossa condição. «Vejam o que o amor do Pai nos deu; nós devemos ser chamados de Filhos de Deus; e assim o somos(I João 3:1)».
Esta nova condição traz agregados novos privilégios, sendo que grande parte serão concedidos após a morte. «Adorados, nós agora somos Filhos de Deus; ainda não parecemos o que seremos, mas sabemos que quando Ele aparecer, seremos como Ele, pois o veremos como Ele é. E todo aquele que assim espera, nele purificar-se-á, porque Ele é puro(I João 3:2-3)».
É a mais pura das verdades: Nós seremos como Ele! Iremos adquirir privilégios divinos, os quais jamais nos serão revelados na terra. Não é do Homem imaginar que privilégios serão esses.
A graça santificante é o nosso passaporte para o Paraíso. Concede-nos o direito de lá morar e desfrutar de todas os privilégios.
Dos Sete Sacramentos, dois têm a possibilidade de nos dar a graça, quando a não temos, seja devido ao pecado original (ultrapassado pelo Baptismo), seja por culpa dos pecados mortais (pela via da Confissão). Os restantes Sacramentos aumentam em nós estas graças.
GRAÇAS ACTUAIS– Para além da graça santificante, também recebemos outras graças. Deus assiste-nos por intermédio das graças actuais, para que possamos pensar, falar e agir como Seus filhos.
Entre as graças actuais, há graças específicas para cada Sacramento. São chamadas graças sacramentais. E o que é isso de graça sacramental? O ponto 231 do Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC) responde: “A graça sacramental é a graça do Espírito Santo, dada por Cristo e própria de cada sacramento. Tal graça ajuda o fiel, no seu caminho de santidade, bem como a Igreja no seu crescimento na caridade e no testemunho”.
SELO SACRAMENTAL– Para além dos Sacramentos nos imporem o Baptismo, a Confirmação e as Ordens Sagradas, também imprimem nas nossas almas uma marca denominada “Selo Sacramental”. Este selo nunca poderá ser apagado. Dado que se trata de um selo indelével, os Sacramentos não podem ser repetidos. Uma vez baptizados, somos cristãos para todo o sempre. Padre ordenado, é padre toda a vida, mesmo que um dia venha a desistir do Ministério.
O CCIC (nº 227) explica que o selo “é promessa e garantia da protecção divina. Em virtude de tal selo, o cristão é configurado a Cristo, participa de diversos modos no seu sacerdócio, e faz parte da Igreja segundo estados e funções diversas, sendo pois consagrado ao culto divino e ao serviço da Igreja. Dado que o carácter é indelével, os sacramentos que o imprimem recebem-se uma só vez na vida”.
EX OPERE OPERATO– No ponto 229, o CCIC esclarece de onde os Sacramentos conseguem os seus poderes: “Os sacramentos são eficazes ex opere operato(‘pelo próprio facto de a acção sacramental ser realizada’), porque é Cristo que neles age e comunica a graça que significam, independentemente da santidade pessoal do ministro, ainda que os frutos dos sacramentos dependam também das disposições de quem os recebe”.
Em relação a esta última frase, vale a pena lembrar a máxima latina “Quidquid recipitur ad modum recipientes recipitur” (o que uma pessoa recebe é recebido de acordo com a sua capacidade natural). Se uma pessoa se preparar bem para receber um Sacramento, receberá mais Graça do que uma pessoa pouco ou mal preparada. Recorrendo a uma analogia, aquele que tiver um “recipiente” maior obterá mais água, embora, em princípio, todos possam obter a mesma quantidade de água. A grande diferença é o modo como cada um saciará a sua sede….
Pe. José Mario Mandía
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