Podemos rezar em qualquer lugar?
Por que razão necessitamos de um lugar específico para rezar? Não podemos fazê-lo em qualquer lugar?
Sim, podemos não apenas rezar em qualquer lugar, como devemos rezar em qualquer lugar que desejemos. O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, no ponto 244, refere: “O culto «em espírito e verdade» (Jo., 4,24) da Nova Aliança não está ligado a nenhum lugar exclusivo, porque Cristo é o verdadeiro templo de Deus, por meio do qual também os cristãos e toda a Igreja se tornam, sob a acção do Espírito Santo, templos do Deus vivo. Todavia o Povo de Deus, na sua condição terrena, tem necessidade de lugares nos quais a comunidade se possa reunir para celebrar a liturgia”.
A necessidade de lugares de culto deriva do facto de nós rezarmos não apenas com a nossa alma, mas também com o nosso corpo. O corpo necessita de um lugar apropriado para rezar. É por isso que a Igreja precisa de lugares sagrados, de edifícios sagrados.
A este respeito, diz CCIC (nº 245): “São as casas de Deus, símbolo da Igreja que vive num lugar e também da morada celeste. São lugares de oração, nos quais a Igreja celebra sobretudo a Eucaristia e adora Cristo realmente presente no tabernáculo”.
Mais, também segundo o CCIC (nº 246), os referidos lugares de oração têm espaços específicos para a celebração da liturgia, nomeadamente: 1) Altar, onde é oferecida a Eucaristia; 2) Tabernáculo, onde é guardada a Sagrada Eucaristia; 3) o lugar onde se guarda o santo crisma e os outros óleos sagrados; 4) Púlpito ou Ambão, onde a Palavra de Deus é proclamada e explicada (não é um lugar para meros dissertadores ou maestros, por exemplo); 5) Cadeira do bispo (a “cátedra” que apenas existe nas catedrais) ou as cadeiras dos padres; 6) Pia baptismal; 7) Confessionário.
A igreja é um lugar sagrado, um local dedicado à adoração de Deus. Assim sendo, é necessário que seja desenhada e construída de modo a sempre relembrar os fiéis que se trata de um local de oração. O desenho da igreja, bem como tudo o que ele contém, deve contribuir para que os fiéis foquem a sua atenção em Deus.
Por ser um lugar sagrado, os materiais usados na sua construção devem ser nobres, de primeira qualidade e não baratos. Devem ser materiais dignos do Senhor do céu e da terra. Observe-se a quantidade de detalhes que Deus especificou nas instruções dadas a Moisés para a construção do Tabernáculo no Êxodo (25:1-9).
Mais, a igreja deve ser mantida limpa e arrumada. O linho do altar, os vasos, os livros, os paramentos, as paredes e o chão devem revelar a todos os fiéis que tudo foi tratado e manuseado com o mais primoroso cuidado, como expressão de profundo respeito para com Deus. Também no livro do Êxodo (28:2-39, 42-43) é-nos dito que Deus especificou como os sacerdotes deviam vestir-se quando estivessem a desempenhar as sagradas funções, «para que não tragam culpas sobre si mesmos e morram» (versículo 43).
Por que recorremos a imagens sagradas?
“A iconografia cristã transpõe para a imagem a mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite pela palavra” (Catecismo da Igreja Católica nº 1160), ou por outras palavras: a iconografia cristã expressa em imagens a mesma mensagem do Evangelho que as Escrituras comunicam por palavras.
Os seres humanos precisam de sentir para saber. As imagens ajudam-nos a aprender e a compreender melhor a nossa fé. As imagens ajudam-nos a rezar porque são representações de Nosso Senhor, de Nossa Senhora e dos santos. Não as adoramos mas usamo-las para focar a nossa atenção nas verdades da nossa fé. As imagens “proclamam a mesma mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite através da palavra e ajudam a despertar e a alimentar a fé dos fiéis” (CCIC nº 240).
O Catecismo da Igreja Católica sublinha que “já no Antigo Testamento Deus ordenou ou permitiu a instituição de imagens, que conduziriam simbolicamente à salvação pelo Verbo encarnado: por exemplo, a serpente de bronze, a arca da Aliança e os querubins” (CIC nº 2130).
São João Damasceno escreveu: “A beleza e a cor das imagens estimulam a minha oração. É uma festa para os meus olhos, e, tal como o espectáculo do campo, impele o meu coração a dar glória a Deus” (CIC nº 1162).
Pe. José Mario Mandía