TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (111)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (111)

Podemos rezar em qualquer lugar?

Por que razão necessitamos de um lugar específico para rezar? Não podemos fazê-lo em qualquer lugar?

Sim, podemos não apenas rezar em qualquer lugar, como devemos rezar em qualquer lugar que desejemos. O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, no ponto 244, refere: “O culto «em espírito e verdade» (Jo., 4,24) da Nova Aliança não está ligado a nenhum lugar exclusivo, porque Cristo é o verdadeiro templo de Deus, por meio do qual também os cristãos e toda a Igreja se tornam, sob a acção do Espírito Santo, templos do Deus vivo. Todavia o Povo de Deus, na sua condição terrena, tem necessidade de lugares nos quais a comunidade se possa reunir para celebrar a liturgia”.

A necessidade de lugares de culto deriva do facto de nós rezarmos não apenas com a nossa alma, mas também com o nosso corpo. O corpo necessita de um lugar apropriado para rezar. É por isso que a Igreja precisa de lugares sagrados, de edifícios sagrados.

A este respeito, diz CCIC (nº 245): “São as casas de Deus, símbolo da Igreja que vive num lugar e também da morada celeste. São lugares de oração, nos quais a Igreja celebra sobretudo a Eucaristia e adora Cristo realmente presente no tabernáculo”.

Mais, também segundo o CCIC (nº 246), os referidos lugares de oração têm espaços específicos para a celebração da liturgia, nomeadamente: 1) Altar, onde é oferecida a Eucaristia; 2) Tabernáculo, onde é guardada a Sagrada Eucaristia; 3) o lugar onde se guarda o santo crisma e os outros óleos sagrados; 4) Púlpito ou Ambão, onde a Palavra de Deus é proclamada e explicada (não é um lugar para meros dissertadores ou maestros, por exemplo); 5) Cadeira do bispo (a “cátedra” que apenas existe nas catedrais) ou as cadeiras dos padres; 6) Pia baptismal; 7) Confessionário.

A igreja é um lugar sagrado, um local dedicado à adoração de Deus. Assim sendo, é necessário que seja desenhada e construída de modo a sempre relembrar os fiéis que se trata de um local de oração. O desenho da igreja, bem como tudo o que ele contém, deve contribuir para que os fiéis foquem a sua atenção em Deus.

Por ser um lugar sagrado, os materiais usados na sua construção devem ser nobres, de primeira qualidade e não baratos. Devem ser materiais dignos do Senhor do céu e da terra. Observe-se a quantidade de detalhes que Deus especificou nas instruções dadas a Moisés para a construção do Tabernáculo no Êxodo (25:1-9).

Mais, a igreja deve ser mantida limpa e arrumada. O linho do altar, os vasos, os livros, os paramentos, as paredes e o chão devem revelar a todos os fiéis que tudo foi tratado e manuseado com o mais primoroso cuidado, como expressão de profundo respeito para com Deus. Também no livro do Êxodo (28:2-39, 42-43) é-nos dito que Deus especificou como os sacerdotes deviam vestir-se quando estivessem a desempenhar as sagradas funções, «para que não tragam culpas sobre si mesmos e morram» (versículo 43).

Por que recorremos a imagens sagradas?

“A iconografia cristã transpõe para a imagem a mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite pela palavra” (Catecismo da Igreja Católica nº 1160), ou por outras palavras: a iconografia cristã expressa em imagens a mesma mensagem do Evangelho que as Escrituras comunicam por palavras.

Os seres humanos precisam de sentir para saber. As imagens ajudam-nos a aprender e a compreender melhor a nossa fé. As imagens ajudam-nos a rezar porque são representações de Nosso Senhor, de Nossa Senhora e dos santos. Não as adoramos mas usamo-las para focar a nossa atenção nas verdades da nossa fé. As imagens “proclamam a mesma mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite através da palavra e ajudam a despertar e a alimentar a fé dos fiéis” (CCIC nº 240).

O Catecismo da Igreja Católica sublinha que “já no Antigo Testamento Deus ordenou ou permitiu a instituição de imagens, que conduziriam simbolicamente à salvação pelo Verbo encarnado: por exemplo, a serpente de bronze, a arca da Aliança e os querubins” (CIC nº 2130).

São João Damasceno escreveu: “A beleza e a cor das imagens estimulam a minha oração. É uma festa para os meus olhos, e, tal como o espectáculo do campo, impele o meu coração a dar glória a Deus” (CIC nº 1162).

Pe. José Mario Mandía

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