TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (109)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (109)

Qual a figura principal na Liturgia?

Na liturgia, tanto Deus (Pai, Filho e Espírito Santo) como o homem estão envolvidos. A liturgia não é como um banquete ou festa de pessoas que se juntam por iniciativa própria, as quais têm o poder de se comportar de forma arbitrária. É antes uma acção na qual Deus abençoa o homem e o homem abençoa Deus.

A carta de São Paulo aos Efésios (1:3-6) diz-nos: «Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, nos céus, nos encheu de toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo.(Benedictus Deus et Pater Domini nostri Iesu Christi, qui benedixit nos in omni benedictione spiritali in caelestibus in Christo)». Esta passagem, referida no Catecismo da Igreja Católica (nº 1077), apresenta-nos o significado duplo da palavra “bênção”, utilizada por Deus e pelo homem.

Também o ponto 1078 do CIC faz referência a esta matéria: “Abençoar é uma acção divina que dá a vida e de que o Pai é a fonte. A sua bênção é, ao mesmo tempo, palavra e dom (Latim: ‘bene-dictio’; Grego: ‘eu-logia’). Aplicada ao homem, tal palavra significará a adoração e a entrega ao seu Criador, em acção de graças”.

Há uma passagem muito bonita no “YouCat” (trata-se de uma anotação ao ponto 170) que explica as bênçãos de Deus: “Deus, o Pai e Criador de todas as coisas, disse: «É bom que existas. O facto de existires é algo de maravilhoso»”.

Há uma acção dupla, bidireccional, uma troca sagrada de bênçãos, que tem lugar na liturgia: de Deus para o homem e do homem para Deus. Esta dupla acção nos dois sentidos é intermediada por Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote. Em cada acto litúrgico, Deus está pronto com as suas bênçãos. E nós, estaremos prontos para as receber? Vejamos:

1– De Deus para o homem (CIC nº 1082): “Na liturgia da Igreja, a bênção divina é plenamente revelada e comunicada: o Pai é reconhecido e adorado como a Fonte e o Fim de todas as bênçãos da criação e da salvação; no seu Verbo – encarnado, morto e ressuscitado por nós –, Ele cumula-nos das suas bênçãos e, por Ele, derrama nos nossos corações o Dom que encerra todos os dons: o Espírito Santo”.

2– Do homem para Deus (CIC nº 1083): “Compreende-se então a dupla dimensão da liturgia cristã, como resposta de fé e de amor às «bênçãos espirituais» com que o Pai nos gratifica. Por um lado, a Igreja, unida ao seu Senhor e «sob a acção do Espírito Santo», bendiz o Pai «pelo seu Dom inefável» (2 Cor 9, 15), mediante a adoração, o louvor e a acção de graças. Por outro lado, e até à consumação do desígnio de Deus, a Igreja não cessa de oferecer ao Pai «a oblação dos seus próprios dons» e de Lhe implorar que envie o Espírito Santo sobre esta oblação, sobre si própria, sobre os fiéis e sobre o mundo inteiro, a fim de que, pela comunhão na morte e ressurreição de Cristo-Sacerdote e pelo poder do Espírito, estas bênçãos divinas produzam frutos de vida, «para que seja enaltecida a glória da sua graça» (Ef., 1, 6)”.

Cristo, o Mediador, age por meio da liturgia: “‘Com razão se considera a liturgia como o exercício da função sacerdotal de Jesus Cristo. Nela, mediante sinais sensíveis e no modo próprio de cada qual, significa-se e realiza-se a santificação dos homens e é exercido o culto público integral pelo corpo Místico de Jesus Cristo, isto é, pela cabeça e pelos membros. Portanto, qualquer celebração litúrgica, enquanto obra de Cristo Sacerdote e do seu corpo que é a Igreja, é acção sagrada por excelência e nenhuma outra acção da Igreja a iguala em eficácia com o mesmo título e no mesmo grau’ (Vaticano II, Sacrosanctum Concilium 7 n.os2-3)” (CIC nº 1070).

O ponto 1070 também fala sobre a participação de todos os fiéis que foram batizados na liturgia: “Na celebração litúrgica, a Igreja é serva, à imagem do seu Senhor, o único ‘Liturgo’, participando no seu sacerdócio (culto) profético (anúncio) e real (serviço da caridade)”.

Pe. José Mario Mandía

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