TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (106)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (106)

Prestará Deus contas de todas as Suas acções?

Jesus disse que haveria um Julgamento Final ou Geral. O que quer isto dizer? O Juízo Final, de acordo com o Catecismo da Igreja Católica (nº 1038), “será «a hora em que todos os que estão nos túmulos hão-de ouvir a sua voz e sairão: os que tiverem praticado o bem, para uma ressurreição de vida, e os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de condenação» (Jo., 5, 28-29). Então Cristo virá «na sua glória, com todos os seus anjos[…]. Todas as nações se reunirão na sua presença e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. […].Estes irão para o suplício eterno e os justos para a vida eterna» (Mt., 25, 31-33.46)”.

Durante o Julgamento Privado, as almas penas enfrentarão (os corpos estarão nas campas). No Juízo Final está a totalidade da pessoa – corpo e alma – que é julgada e recebe a sua recompensa.

O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica ensina-nos no ponto 214: “Depois do juízo final, o corpo ressuscitado participará na retribuição que a alma teve no juízo particular”. E porquê? Porque é um homem completo, de corpo e alma, que fez o bem ou cometeu o mal. A alma não actua sozinha.

E quando tal acontecerá? Jesus ensinou-nos que ninguém sabe quando será o dia e a hora, nem mesmo os anjos do Paraíso, nem o Filho, apenas o Pai (Mateus 24:36; CIC nº 1040; CCIC nº 215).

Jesus também nos advertiu que «muitos falsos profetas surgirão e induzirão muitos em erro (Mateus 24:11)». São os mesmos que pretendem saber quando o fim está para chegar, para assim atraírem pessoas desavisadas a segui-los. «Assim, se alguém lhes disser: “Eis que aqui está o Cristo!”, não acreditem (Mateus 24:23)».

E por que razão é necessário o Juízo Final? O propósito do Juízo Final é tornar a verdade conhecida de todos. É uma consequência da infinita justiça e misericórdia de Deus.

Por meio deste julgamento, Deus trará à superfície (1) toda a verdade sobre nós próprios; e (2) toda a verdade das acções de Deus. Deus contará toda a história (das nossas vidas) do princípio ao fim; Ele fará uma divulgação completa: «Nada ficará encoberto que não seja revelado, ou oculto que não seja conhecido. Portanto, tudo o que se disse no escuro será ouvido na luz, e o que foi sussurrado em quartos privados será proclamado sobre os telhados (Lucas 12:3)».

A VERDADE COMPLETA SOBRE NÓS PRÓPRIOS

“É perante Cristo, que é a Verdade, que será definitivamente posta descoberto a verdade da relação de cada homem com Deus (João, 12:49). O Juízo final revelará, até às suas últimas consequências, o que cada um tiver feito ou deixado de fazer de bem durante a sua vida terrena” (CIC nº 1039).

Naturalmente que clamamos por justiça. Mas, muitas vezes, queremos obter justiça na terra, o que para nós pode ser fútil e até mesmo prejudicial.

Fútil, porque para podermos julgar temos que conhecer cada detalhe pertinente em relação a cada caso. E isso não é possível, pois nunca sabemos tudo.

Prejudicial, porque julgar outras pessoas precipitadamente ofende a justiça e a caridade.

Nosso Senhor Jesus Cristo avisou-nos: «Não julgueis, para não serdes julgados. Porque com o julgamento que proferirdes, por ele serás julgado, e a medida com que julgares será a medida que obtereis (Mateus 7:1-2)».

São Paulo afirmou: «Amados, nunca vingados por si próprios; deixem isso para a ira de Deus, porque está escrito: “A vingança é Minha, eu retribuirei, disse o Senhor”. Se o teu inimigo tiver com fome, dá-lhe de comer, se tiver sede, dá-lhe de beber, pois assim empilhará brasas acesas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem (Romanos 12:19-21)».

Entretanto, o que devemos fazer é examinarmo-nos frequentemente, para não sermos apanhados de surpresa quando finalmente formos julgados.

A VERDADE COMPLETA SOBRE AS ACÇÕES DE DEUS

O Juízo Final é na verdade mais sobre Deus do que sobre nós. Muitas vezes nesta vida, especialmente quando o infortúnio nos atinge, julgamos Deus ou começamos a duvidar da sua justiça ou do seu amor. Naquele momento da verdade, Deus prestará contas das Suas acções e finalmente compreenderemos que Deus não é apenas infinitamente justo, mas infinitamente misericordioso.

“Ficaremos a saber o sentido último de toda a obra da criação e de toda a economia da salvação, e compreenderemos os caminhos admiráveis pelos quais a sua providência tudo terá conduzido para o seu fim último. O Juízo Final revelará como a justiça de Deus triunfa de todas as injustiças cometidas pelas suas criaturas e como o seu amor é mais forte do que a morte” (CIC nº 1040).

Pe. José Mario Mandía

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