SOCIEDADE DE JOGOS DE MACAU ATRIBUIU 34 NOVAS BOLSAS DE ESTUDO

SOCIEDADE DE JOGOS DE MACAU ATRIBUIU 34 NOVAS BOLSAS DE ESTUDO

MGM e Cáritas lançam programa de apoio a pessoas com demência

A crise em que a pandemia de Covid-19 mergulhou a indústria do jogo não colocou em cheque as estratégias de responsabilidade social corporativa das operadoras do sector em Macau, a julgar pelas iniciativas promovidas nos últimos dias pelas concessionárias SJM Resorts e MGM Macau.

No início da semana, a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) atribuiu um total de 34 novas bolsas de estudo a filhos e familiares de funcionários da concessionária liderada por Daisy Ho. A empresa anunciou ainda a renovação das 24 bolsas atribuídas pela companhia desde 2017. Cada um dos novos e velhos bolseiros vai receber uma dotação de vinte mil patacas anuais até concluir os estudos universitários. A SJM atribuiu ainda um bónus adicional de cinco mil patacas ao aluno e à aluna que obtiveram a melhor prestação académica ao longo do último ano lectivo.

Já a MGM Macau anunciou, no final do mês de Julho, o lançamento de um novo programa de apoio a pessoas que sofrem de demência. A iniciativa, em colaboração com a Cáritas e com outras associações de cariz comunitário, prevê a organização de excursões e passeios para idosos que foram diagnosticados com demência. A acção destina-se também a familiares, a cuidadores e a assistentes sociais que trabalhem com pessoas que padecem de doenças do foro mental. Ao abrigo do programa, a MGM Macau compromete-se a compilar um guia prático sobre a forma de lidar com a demência e a promover uma maior consciencialização por entre a população para problemas como a doença de Alzheimer ou a demência vascular.

INDÚSTRIA DE CONTRADIÇÕES

As seis concessionárias e sub-concessionárias de jogo estão obrigadas por lei a promover práticas solidárias e a desenvolver estratégias de responsabilidade social corporativa, mas para o padre Luís Sequeira o bem que as operadoras possam fazer não compensa outros males. «Eu, como sacerdote e como homem, a minha perspectiva é que esta estratégia da responsabilidade social corporativa não compensa. Um jogador ou uma jogadora, em si mesmos, vivem sempre uma dependência e, portanto, um vício. Este vício, eu diria, merece compaixão. O segundo aspecto é o dos grandes problemas que o jogo traz à família. Eu não vejo ninguém, que sendo jogador, consegue resolver o problema em casa», argumenta, em declarações a’O CLARIM.

O sacerdote jesuíta, que viu a indústria do jogo crescer e atingir uma magnitude internacional, considera que as concessionárias de jogo fazem um esforço para limpar a imagem, um esforço que, para ele, ainda está aquém do desejado. «Eu olho para a problemática como ela está e tenho pena, embora entenda que há um esforço de ajudar a sociedade. É verdade que a indústria do jogo faz um esforço nesse sentido. Eu reconheço isso, mas parece-me que podiam ser mais generosos. Acabam por fazer aquilo que a lei já diz que eles devem fazer», sustenta. «A indústria do jogo é uma indústria que é baseada na exploração da fraqueza humana e que está, muito concretamente, na origem de dependências, de obsessões e de compulsividades. É muito difícil prefigurar uma solução que afaste este espectro», defende o antigo Superior da Companhia de Jesus em Macau.

Marco Carvalho

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *