Fé no meio académico.
Congregar os jovens num ideal comum é o principal objectivo da Sociedade Católica da Associação de Estudantes da Universidade de Macau, sublinha a presidente Eunice Vong, responsável pela reactivação do grupo, após vários anos de inactividade. Celebração de missas na UMAC, retiros espirituais e caminhadas em Coloane são algumas iniciativas em agenda.
A Sociedade Católica da Associação de Estudantes da Universidade de Macau (CATSO), reactivada em Agosto do ano passado, pretende congregar os jovens do meio académico no ideal de partilhar a vida estudantil com o lado espiritual.
«Queremos juntar os estudantes que partilham o mesmo tipo de visão. Damos as boas-vindas a todos os estudantes da UMAC, sejam católicos ou não-católicos», disse a’O CLARIM Eunice Vong, presidente da CATSO, a frequentar o quarto ano de licenciatura em Contabilidade Profissional.
O grupo conta com cerca de quinze membros activos, sendo a maioria proveniente de Macau e de Hong Kong. O número total chega aos trinta e um elementos, incluindo dois funcionários da Universidade.
«Temos vindo a organizar actividades espirituais na UMAC, entre as quais a missa celebrada no início do primeiro semestre e a via-sacra realizada no último sábado – a primeira desde a reactivação da Sociedade. E é já no próximo mês que vamos ter a missa de encerramento, dado que o ano académico termina em Maio», sustentou Eunice Vong, de 21 anos.
«Em Junho pretendemos organizar um retiro em Cheoc Van. Queremos também organizar caminhadas com períodos de meditação em Coloane, entre outras actividades», acrescentou.
Os desafios da CATSO são muitos, até porque os jovens têm muitas vezes outras prioridades. «É difícil atrair novos participantes. Afixamos cartazes em todo o lado da Universidade, temos uma página de Facebook e uma longa lista de contactos», explicou.
No seu entender, há vários aspectos para justificar um certo alheamento: «Em termos gerais, há outras organizações na UMAC e os estudantes aderem às que mais lhes dizem respeito. Penso que os jovens de Macau não gostam muito de estar profundamente envolvidos na religião, mas sim de se divertirem, de terem um trabalho em part-time, de estudarem e de conviverem com os amigos. Por isso, não vão à igreja».
«Talvez cinco ou dez por cento dos estudantes da UMAC sejam católicos, enquanto os restantes são não-católicos. Assim sendo, não há muitos potenciais membros. É realmente um desafio», completou Eunice Vong.
Unidade
Katie Au, de 21 anos, é natural de Hong Kong. Conheceu Eunice Vong através da MAGIS, grupo jesuíta que organizou a viagem do ano passado à Polónia para a comitiva conjunta das duas Regiões nas Jornadas Mundiais da Juventude. A amizade ficou e a reactivação da CATSO voltou a juntá-las no mesmo propósito.
«Ela [Eunice] pediu-me para apoiá-la a revitalizar esta Sociedade, por forma a juntar todos os católicos do campus da Universidade. É também meu propósito que todos estejam juntos e cooperem uns com os outros na organização de actividades que não estejam apenas viradas para o divertimento próprio, mas também para espalhar a palavra de Deus aos outros», referiu Katie Au, tesoureira da CATSO, a frequentar o segundo ano da licenciatura em Comunicação.
A estrutura da CATSO opta por não pedir muita ajuda à Diocese de Macau, pois o líder espiritual do grupo, padre Pedro Chung, incutiu-lhes a ambição de serem eles próprios a tentar colocar em prática o que pretendem levar a cabo. «Tentamos dar o nosso melhor. No entanto, dão-nos sempre conselhos sobre as actividades», explicou Katie Au.
Vincando que os jovens católicos das duas RAE «são mais ou menos o mesmo» em termos de atitude, a estudante caracteriza-os como «simpáticos, prestáveis e positivos».
Sentimento de pertença (Caixa)
O líder espiritual da CATSO, padre Pedro Chung, revelou a’O CLARIM que é seu desejo que o grupo consiga congregar os jovens com fé católica para se apoiarem uns aos outros na Universidade. «Para ser um estudante universitário, qualquer um deles já terá que ter passado por uma grande mudança no seu modo de vida», salientou o também vigário-geral da Diocese de Macau, acrescentando que «a CATSO poderá proporcionar um sentimento de pertença para que os católicos organizem eventos e também para chegarem aos não-fiéis». Embora o grupo tenha passado por períodos de adormecimento, a actual presidente, cujo mandato termina no próximo ano, espera que haja agora uma base sólida para que a estrutura perdure no tempo, inclusivamente após terminar o curso na UMAC. Para além de Eunice Vong e Katie Au, fazem parte dos órgãos sociais o vice-presidente John Bosco Mak, o director Herman Chiang e a secretária Viviana Lei.
PEDRO DANIEL OLIVEIRA