O problema principal é o negócio das armas. Não são os refugiados!
Como se pode resolver isto?
Oh, deixem-nos abrir as fronteiras. Deixem-nos abrir as fronteiras e receber toda a gente.
Temos que compreender que os refugiados necessitam de ajuda, e que é bom ajudá-los, mas enquanto ajudarmos os refugiados não estaremos a resolver o problema – estaremos apenas a “tapar buracos”. Enquanto a torneira não for fechada, enquanto alguém não fechar a fábrica de refugiados (a guerra e as perseguições), continuaremos a ter refugiados.
Também este facto está a ser manipulado e usado por alguém. Desde que apareceu a fotografia da criança morta numa praia de uma ilha da Grécia nunca mais se falou de outra coisa – os refugiados vão para aqui, os refugiados vão para ali… estão apenas a distrair-nos com algo novo, que não é o facto mais importante desta guerra. Os refugiados são apenas uma consequência desta guerra.
Se não pensarmos como este problema está a ser gerido não teremos soluções. A solução mais lógica seria a dos Estados Islâmicos; por exemplo, os Estados do Golfo (que são países ricos) deveriam ter aberto as fronteiras para receber os seus irmãos; os refugiados Islâmicos são seus irmãos. Não será assim?
Por que, em vez de enviarem milhões de euros para a Europa, para se construírem Mesquitas, não se prontificaram a receber os refugiados nos seus países? Teria sido a coisa mais natural a fazer. Seria mais fácil para os refugiados adaptarem-se no seio da sua religião, nas suas terras. E a Europa, numa primeira instância, receberia os seus irmãos cristãos. Isto não é descriminação! É simplesmente verificar que a caridade não significa ser-se “bonzinho”.
O problema dos refugiados também está a ser manipulado. A maior parte da vaga de refugiados que assolou a Europa nem sequer veio da Síria. Entrou na Europa toda a espécie de gente, oriunda das mais diversas origens.
Conhecemos algumas famílias refugiadas na Alemanha, que conseguiram ali chegar por intermédio da paróquia de Aleppo. Na semana passada falei com uma senhora refugiada. Estava aterrorizada por tudo o que teve de passar. Viajou de barco com a família. Foi algo assustador. Quinze dias de viagem, a andar a pé… foi terrível… apenas para poder chegar à Alemanha.
Disse-nos: «Sofremos com o tratamento dado aos refugiados muçulmanos. Eram maltratados, obrigados a rezar com eles cinco vezes por dia e as mulheres tinham de se cobrir. Estavam a fugir da perseguição religiosa na Síria. Chegaram à Europa, à nossa terra, terra da Cristandade, e sofriam de novo perseguições, na Europa».
A mim disse-me: «Esses vizinhos muçulmanos nem sequer são sírios. Porque se fossem sírios não nos tratariam assim (nós sempre tivemos um bom relacionamento com os muçulmanos). Mas não, eles nem sequer são sírios. Eles são afegãos, paquistaneses, marroquinos… temos de tudo!»
Deve-se notar que, também aqui, precisamos de discernimento. O problema dos refugiados é preocupante, mas o facto mais preocupante é a guerra e as perseguições. E é por isso que a voz da Igreja, na pessoa dos Bispos da Síria, do Iraque, do Líbano, e o próprio Papa Francisco, têm falado frontalmente durante já alguns anos, tentando arranjar soluções efectivas para esta guerra e as perseguições. Eles falam em não fornecer armas aos rebeldes, porque afinal, isto é apenas um grande negócio, o comércio de armas. E é um negócio que vai mais longe, e inclui o tráfico de drogas.
É por isso que os Bispos da Síria têm apelado ao fim da venda de armas à “oposição moderada”, porque a “oposição moderada” na Síria não existe!
Irmã Maria da Guadalupe Rodrigo
(Tradução: Pe. José Mario Mandía e António R. Martins)