Shenzhen, uma cidade projectada para o futuro

Tecnologias de ponta por uma sociedade melhor.

As Regiões Administrativas Especiais de Macau e de Hong Kong têm algo em comum que as distancia pela negativa de Shenzhen. Só para citar alguns exemplos: na RAEM o planeamento urbano é uma miragem, sendo bastante evidente a poluição visual e atmosférica. Na RAEHK é gritante o contraste entre o distrito financeiro, as zonas de turismo e o que resta do território, na sua maior parte dominada por prédios em altura bastante sujos, onde viver é um suplício.

Já em Shenzhen respira-se ar puro, a disposição dos edifícios, estradas e zonas verdes obedecem a uma rigorosa concepção de ocupação do espaço, e a cidade é dominada por veículos movidos a energia eléctrica.

Shenzhen deixou de ser uma área de campos de cultivo para passar a uma cidade-modelo da província de Guangdong às portas de Hong Kong. As avenidas e passeios largos, as imensas zonas verdes entre edifícios erguidos em altura, o desenho moderno de muitos deles e o asseio das ruas só é equiparável ao forte investimento no sector tecnológico – trunfo do Poder Central para modernizar a China continental.

A convite do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, O CLARIM esteve em Shenzhen, entre os dias 27 e 29 de Abril.

Visitar as instalações do WeBank, o primeiro banco online privado da China, cujo principal accionista é a Tencent; da Da-Jiang Innovations, maior produtora de drones civis do mundo; da Tencent, proprietária do WeChat e do QQ; e do Centro de Controlo de Transportes de Shenzhen é quase o mesmo que recordar as películas futuristas de Hollywood de há dez ou vinte anos.

No WeBank deparámo-nos com quadros qualificados contratados no exterior, um trunfo essencial para responder às exigências competitivas da actividade. Também o aparato das soluções tecnologicas para a monitorização de clientes ao segundo (e não só) deixam qualquer um de boca aberta.

Fomos invadidos por idêntico sentimento nas instalações da Tencent, ao percebermos que a monitorização dos clientes é feita ao pormenor, o que deixa algumas interrogações sobre a privacidade de cada um. No entanto, a optimização dos serviços, por exemplo hospitalares, agradece sobremaneira à inovação de se poder marcar consultas através da aplicação do WeChat.

A visita ao Centro de Controlo de Transportes de Shenzhen confirmou o que já suspeitávamos: a monitorização online de pessoas tem em vista uma melhor vida em sociedade – aqui com o sentido de evitar congestionamentos de tráfego automóvel. No entanto, pode sempre levantar várias dúvidas quanto ao objectivo principal da implementação de tais soluções tecnológicas.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

em Shenzhen (China)

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