SE O RIDÍCULO MATASSE, EMANUEL CLEAVER TERIA CAÍDO FULMINADO

SE O RIDÍCULO MATASSE, EMANUEL CLEAVER TERIA CAÍDO FULMINADO

Abaixo “um-homens”!

Há dias, Emanuel Cleaver abriu a nova legislatura do Congresso dos Estados Unidos com uma espécie de oração terminando com “a-men and a-woman”. Se o ridículo matasse, o homem teria caído fulminado.

Embora este político seja pastor metodista, não sabia que “ámen” vem do Hebraico “confirmo” e que, por isso, em todas as línguas, os cristãos terminam as orações com “ámen”.

Como Cleaver tem dificuldades na ortografia, confundiu “amen” com “a man”, que significa em Inglês “um homem”, e deduziu que as orações cristãs terminavam com o apelo machista: “um homem”!

A confusão ainda é mais divertida por causa da mistura do singular com o plural. Em Inglês, “a-men” significa “um-homens”. Se é “um”, não devia ser “homens”, no plural; mas isso é o de menos.

Convencido de que os cristãos de todo o mundo (incluídos os pastores protestantes, como ele), terminavam as orações com uma exclamação machista, Cleaver resolveu ser inclusivo e inventar aquele “‘um-homens’ e ‘uma-mulher’” (“‘a-men’ and ‘a-woman’”).

A risada alastrou pelo mundo. O vídeo tornou-se viral. As redes sociais de língua inglesa começaram a descobrir elementos masculinos e femininos em todas as palavras, acrescentando erros ortográficos divertidos. Por exemplo, como em Inglês ele e ela se dizem “he” e “she”:

– “‘Amen’ is indeed a Hebrew word, but we must acknowledge that ‘Awoman’ is a Shebrew word”. (É facto que “um-homens” é uma palavra “he”braica, mas temos de concordar que “uma-mulher” é uma palavra “she”braica).

Outros, adaptaram frases românticas:

– “When Amen loves Awomen!” (Quando “um-homens” ama “uma-mulheres”!).

Em Inglês, os possessivos dele e dela são “his” e “her” e, forçando um bocadinho a pronúncia de “hys”:

– “I’m laughing hersterically”. (Estou a rir “dela”-estericamente).

Outros protestaram em nome da ideologia do género, porque Cleaver só se lembrou dos homens e das mulheres:

– “They mustn’t say Amen and Awoman and then end there. They should continue to say Agay, Alesbian, A-lgbtq+”. (Não deviam dizer apenas “um-‘homens’ e ‘uma-mulher’” e mais nada, deviam continuar: “um-homossexual”, “uma-lésbica”, um “sabe-se lá o quê”).

Quando o politicamente correcto invade tudo e a arrogância se mistura com a ignorância, o resultado é esta amostra de ridículo. Na versão benigna, faz rir; nas formas agressivas, é impertinente e chega a ser cruel.

Nos antípodas culturais de “um-‘homens’ e ‘uma-mulher’”, a agenda da Biblioteca Apostólica Vaticana de 2021 celebra a mulher e o livro. Na introdução da agenda, o cardeal Tolentino conta que Santo Ambrósio, bispo de Milão no Século IV, estava convencido de que a leitura do profeta Isaías tinha sido útil a Nossa Senhora como preparação para a Anunciação do Anjo e essa opinião inspirou muitos artistas a representarem Nossa Senhora com um livro nas mãos. Divulgou-se assim uma imagem de Maria culta, atarefada com a lide da casa mas não dispensando uma biblioteca em pano de fundo.

Encontramos dezenas de livros diferentes nos vários quadros da Virgem, porque ninguém sabe o que Nossa Senhora lia naquele momento, o importante é que o livro se tornou indissociável da vida espiritual.

O cardeal explica ainda que a história da Biblioteca dos Papas está ligada ao contributo de muitas mulheres, escritoras, artistas, teólogas, protagonistas da vida da Igreja, mecenas, mulheres de ciência e de cultura… e termina com uma estatística interessante. Ámen!

José Maria C.S. André

Professor do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa

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