SÃO BOAVENTURA DE BAGNOREGIO, BISPO

SÃO BOAVENTURA DE BAGNOREGIO, BISPO, É CELEBRADO A 15 DE JULHO

O Doutor Seráfico das regras e leis franciscanas

Também conhecido como São Boaventura de Bagnoregio (1217-1274), ou Bonaventura di Bagnoregio, nasceu nesta última localidade no Lácio (região onde se situa Roma), em Itália. Chamava-se, no século, Giovanni (João) di Fidanza; nasceu algures entre 1217 e 1221, e morreu a 15 de Julho de 1274, há precisamente 750 anos.

Frade franciscano, foi místico, filósofo, teólogo, e um dos discípulos do confrade Alexandre de Hales, na Universidade de Paris. Entre 1236 e 1242 estudou Artes em Paris, obteu o diploma de Mestre e passou a leccionar. Em 1243 entrou na Ordem Franciscana, onde viria a estudar Teologia. Em 1248 era bacharel em Sagrada Escritura e, em 1250, “sentenciador” (lente de sentenças teológicas), alcançando finalmente o grau de Mestre em Teologia, no ano de 1253. Posteriormente, assumiu a Cátedra que os franciscanos tinham naquela Universidade.

Com tese intitulada “Questões em torno do conhecimento de Cristo” e sendo a sua Teologia marcada pela tentativa de conciliar de forma plena a Fé e a Razão, Boaventura defendia que Cristo era o “único verdadeiro mestre”, aquele que oferece à Humanidade conhecimentos que provêm da fé e se desenvolvem através de uma compreensão racional e se tornam perfeitos pela união mística com Deus.

Boaventura leccionou na Universidade de Sorbonne, também em Paris, onde se tornou amigo do iminente teólogo dominicano (São) Tomás de Aquino. Foi mais tarde Ministro Geral da Ordem Franciscana, durante dezassete anos (1257-1274), tendo ficado denominado por muitos como “o segundo fundador”. Sob a sua orientação foram publicadas as “Constituições de Narbona”, nas quais se basearam todas as Constituições sucessivas da Ordem dos Frades Menores. Foi um organizador da Ordem, além de ter instituído uma biografia oficial e unívoca de São Francisco de Assis, por forma a evitar desvios “heréticos”. Assim, dirigiu a redacção da biografia oficial do Santo de Assis – a “Legenda Maior” – na qual Giotto se inspirou para pintar os frescos da Basílica Superior de Assis.

Durante o seu mandato como Geral dos Franciscanos, no Capítulo Geral de Narbona, realizado em 1260, além das referidas Constituições, promulgou um decreto a proibir a publicação de qualquer obra por membros da Ordem sem permissão prévia da hierarquia franciscana. Um dos autores atingidos por esta disposição foi Roger Bacon, filósofo medieval, a par de outros como o espiritual dissidente Gerardo de Borgo San Donnino, que publicara em 1254, sem permissão, uma obra considerada herética denominada “Introductorius in Evangelium æternum” (“Introdução ao Evangelho Eterno”), que pugnava pelo regresso à Pobreza Evangélica e a uma depuração da Ordem Franciscana, no sentido de um retorno às origens a uma observância mais estrita da regra fundadora dos franciscanos. O referido decreto foi posteriormente revogado, em 1266.

Boaventura foi decisivo para a eleição do Papa Gregório X, o qual viria a premiar o Geral franciscano com o título de Cardeal-bispo da diocese de Albano, a 3 de Junho de 1273. O Papa fez ainda insistente questão que comparecesse no Concílio de Lyon de 1274. Boaventura viria a morrer repentinamente em Lyon, sob circunstâncias suspeitas, existindo a tese de que terá sido envenenado. Ficou conhecido na História da Igreja como o “Doutor Seráfico”.

Vítor Teixeira

Universidade Fernando Pessoa

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