O Intermediário de Jesus
Santo André foi um dos Doze Apóstolos de Jesus Cristo. A Igreja celebra-o como um dos colaboradores mais próximos de Jesus e como uma das figuras fundamentais na missão da “Igreja” (Mt., 28, 16-20; Ap., 21, 14). André era pescador, como o seu irmão, São Pedro; foi também crucificado numa cruz em forma de X. A Igreja celebra a Festa Litúrgica deste santo no dia 30 de Novembro. Com efeito, foi a 30 de Novembro do ano de 63 que foi martirizado, reinava o Imperador Nero.
Nasceu em Betsaida, na Galileia (Norte de Israel), tendo sido o primeiro discípulo de Jesus, a par de São João Evangelista, depois do baptismo do Mestre no Rio Jordão. André e João eram discípulos de João Baptista. Este, quando viu Jesus passar em Betânia, além do Jordão (no regresso do deserto, depois do jejum e das tentações), exclamou: «Eis o cordeiro de Deus (…)» (Jo., 1, 29-40). André ficou emocionado ao ouvir tais palavras e foi atrás de Jesus. Este, entretanto, virou-se e disse-lhes: “O que é que vós procurais?”. Eles responderam: “Senhor, onde Tu moras?”. Jesus respondeu-lhes: “Vinde e vede”. E assim foram e com Ele passaram aquela tarde. Aliás, André nunca mais abandonaria Jesus.
Tudo mudou na vida de André, que foi ter com o irmão, Simão Pedro, e lhe disse que juntamente com João (Evangelista) havia encontrado o Salvador do mundo. Porém, o chamamento definitivo de André só se deu quando Jesus o encontrou com o seu irmão Simão (o apóstolo Pedro), lançando as redes para pescar, no lago Tiberíade. Daí a tradição eclesiástica lhe conferir o título de “Protocleto” ou “Primeiro Chamado” (pelo Senhor). O beijo dos dois irmãos, Pedro e André, tornou-se o símbolo da luta pela unidade das Igrejas do Oriente e do Ocidente.
André serviu muitas vezes como intermediário. No dia do milagre da multiplicação dos pães, foi André quem trouxe o menino que tinha os cinco pães para Jesus. Quando os gregos “procuraram” Jesus, encontraram-No na pregação de André, que exerceu a sua missão no que é hoje a Grécia. O santo presenciou grande parte dos milagres que Jesus realizou e ouviu, um por um, os seus sermões, tendo estado junto dEle durante os três anos da Sua vida pública.
São João Evangelista narra também que certa vez alguns gregos queriam ver Jesus, tendo para isso falado primeiro com o apóstolo Filipe, que foi até André, que por sua vez transmitiu a Jesus a intenção dos indivíduos (João 12, 20-22). André esteve também presente na Última Ceia, tal como os outros apóstolos.
Mais tarde, no dia de Pentecostes, André estava com a Virgem Maria e os Apóstolos quando o Espírito Santo se manifestou em forma de línguas de fogo, iniciando ali a sua pregação e labor evangélico.
Partiu depois, para pregar o Evangelho, numa longa viagem pelas costas do Mar Negro (que se chamava genericamente de “Ponto Euxino”). Segundo a tradição eclesial, estas viagens levaram-no à Mesopotâmia, Bitínia (costa da Anatólia), Éfeso, Trácia marítima (região entre o Bósforo e o cabo Kaliakra, no Nordeste da actual Grécia), Cítia Menor (costa da actual Ucrânia), Crimeia, Bizâncio e, finalmente, Acaia (região ao norte do Peloponeso), onde acabou crucificado, sob o Imperador Nero, em Patras, no ano de 63, de acordo com a tradição.
A Lenda Áurea (Século XIV) relata os milagres de Santo André, como a ressurreição de um grupo de marinheiros, além do relato da sua tortura, que foi ordenada pelo procônsul Egeu, cuja esposa André teria convertido e baptizado. O procônsul ofereceu a seguinte alternativa ao torturado: ou fazia um sacrifício aos deuses de Roma, ou morria na cruz. Tendo escolhido o martírio, o apóstolo sobreviveu dois dias, durante os quais pregou a uma grande multidão, que ficou indignada diante do procônsul, temendo o castigo divino. Mandou então que o descessem da cruz, mas não conseguiram desatá-lo e sempre louvando a santa cruz em magníficos elogios, Santo André entregou a sua alma, no meio de uma enorme luz brilhante.
Como se acredita que tenha circum-navegado o Mar Negro, Santo André é considerado o padroeiro da Igreja na Roménia e da Marinha Russa.
Vítor Teixeira
Universidade Fernando Pessoa