34º DOMINGO COMUM – Ano A – 19 de Novembro

34º DOMINGO COMUM – Ano A – 19 de Novembro

(SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO)

Deus oferece-nos, antecipadamente, uma cópia do exame final

Neste último Domingo do Ano Litúrgico, a Igreja recorre à imagem da realeza como metáfora para celebrar o Rei do Universo, Nosso Senhor Jesus Cristo – uma forma mais elegante de dizer que Deus deve ser, absolutamente, a nossa prioridade número um, para além de abrangente (sem igual na face da terra).

O que podemos saber sobre o momento final do julgamento diante de Deus? A parábola das ovelhas e cabritos dá-nos algumas luzes. Gostaria de salientar três pontos.

Primeiro: Jesus diz-nos que as decisões que tomamos na nossa vida são importantes. Temos responsabilidades e esta parábola alerta-nos para que as aceitemos. Alguns pensam que todas as pessoas serão eternamente reconciliadas com Deus, que o amor de Deus vencerá qualquer resistência humana. Um pensamento positivo, à luz do Evangelho de hoje! (Mt., 25, 31-46).

Se o amor de Deus não é coercivo, então como podemos ter a certeza de que alguns não resistirão a esse amor, principalmente aqueles que levam uma vida inteira a rejeitar a oferta do amor de Deus.

As Escrituras ensinam que não é desejo de Deus que alguém pereça. O Evangelho de hoje deixa claro que as nossas decisões diárias têm consequências duradouras.

A experiência mostra-nos que as nossas decisões ou nos unem ou nos separam uns dos outros. E a soma total das nossas decisões faz com que nos unamos ou separamos de Deus.

Segundo: Deus (e não nós) é que estabelece o critério para o julgamento final. Jesus sugere que quando o Sol se pôr no que respeita à história humana, Deus nos irá separar tendo por base os nossos corações. Ele nos atribuiu dois mandamentos. Deus tanto olha para as nossas decisões, como para as motivações por detrás das nossas decisões, enquanto cuida dos menos poderosos da sociedade com os quais Ele se identifica. Fazer ou deixar de fazer pelos menos poderosos é o mesmo que deixar de fazer por Deus. Se desde sempre fomos motivados pelo reconhecimento pessoal, então já teremos ouvido muitos elogios. No entanto, se a nossa motivação for agradar a Deus por meio de obras, então já teremos sido verdadeiramente recompensados. É que o único motivo válido para as nossas acções do dia-a-dia é o AMOR! É significativo que tanto as ovelhas como os cabritos tenham ficado surpresas com o critério utilizado no julgamento. Quer as ovelhas alimentassem e vestissem os pobres, quer os cabritos os ignorassem, eles agiriam ou deixariam de agir conforme o seu coração fosse ou não amoroso. Neste episódio, Jesus promove o altruísmo genuíno. Os “cabritos” ignoravam os pobres, mas as “ovelhas” cuidavam dos pobres, sem sequer saberem se receberiam qualquer recompensa pelo seu serviço. Foi esta última atitude – o estar preocupado em amor os outros – que Deus viria a recompensar.

Terceiro: À semelhança dos que o precederam, Jesus recorre a esta parábola para ajudar a evitar um julgamento triste. Ouvimos na Primeira Leitura (Ez., 34, 11-12.15-17) deste Domingo, as palavras de Ezequiel: “Eu mesmo cuidarei de vós e cuidarei das minhas ovelhas”. Já o Salmo Responsorial é uma oração elogiosa à ternura do divino pastor para connosco. Exemplos não faltam. Através de Moisés, Deus alertou o Faraó sobre as pragas que viriam – tentando, assim, ajudar o Faraó a evitar tais pragas. Através de Jonas, Deus ameaçou julgar a perversa cidade de Nínive – como um último esforço para ajudar a cidade a evitar a destruição. Através dos ensinamentos de Jesus sobre ovelhas e cabritos, Ele tenta ajudar-nos a compreender as consequências da atitude do nosso coração.

O Evangelho de hoje é como se Deus nos oferecesse antecipadamente uma cópia do exame final. Ele fá-lo porque é Sua vontade que com Ele estejamos para sempre.

Se Deus nos dá o exemplo de Jesus como modelo de vida, como o caminho a seguir, como pode qualquer um de nós recusar-se a ouvir?

Gostamos de ser nós a terminar, a decidir o final das coisas, não é? Todos já terminámos de ver um filme ou de ler um livro com sensação de frustração por considerarmos que o final não foi que desejávamos. Talvez, simplesmente, muitas coisas parem em determinado ponto, mas não se concluam na realidade. As Escrituras falam muitas vezes desta nossa frustração. Contudo, dão-nos uma certeza: Deus deu origem à história humana, e Deus a levará até ao fim. O tempo, esse, terminará aos pés de Cristo, o Rei dos nossos corações.

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