Mensagem de D. Stephen Lee.
«Que a Quaresma neste Ano Jubilar seja vivida mais intensamente como tempo forte para celebrar e experimentar a misericórdia de Deus» (Misericordiae Vultus, 17).
A Quaresma é o tempo de penitência e renovação interior que nos permite preparar para a Páscoa. A liturgia da Igreja convida-nos a purificar as nossas almas e a começar novamente. O Senhor diz: «Mas agora ainda, convertei-vos a Mim de todo o vosso coração, com jejuns, com lágrimas e com gemidos; rasgai os vossos corações e não as vossas vestes; convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, porque Ele é bom e compassivo» (Joel 2, 12).
Virar os nossos corações a Deus, e converter-se, significa que devemos estar preparados para usar todos os meios para viver como Ele espera. Deus quer que abandonamos o pecado, afastando-nos de qualquer pecado deliberado na nossa vida, e voltamos para a fonte de vida e alegria. Ele procura um coração contrito no meio de nós, um coração que reconhece as suas fraquezas e pecados e está preparado para purificar-se.
Deus quer de nós uma contrição genuína pelos nossos pecados, que acima de tudo manifestamos com o exame de consciência e o Sacramento da Confissão. O Papa Francisco encoraja-nos que «a iniciativa “24 horas para o Senhor”, que será celebrada na sexta-feira e no sábado anteriores à quarta semana da Quaresma, deva ser implementada em todas as dioceses. Assim, muitas pessoas, incluindo os jovens, estão a aproximar-se do Sacramento de Reconciliação; através desta experiência, eles reencontram o caminho para voltar ao Senhor, viver um momento de intensa oração e redescobrir o sentido da sua vida. Vamos colocar novamente no centro o Sacramento de Reconciliação, porque permite tocar sensivelmente a grandeza da misericórdia de Deus com as suas próprias mãos. Para cada penitente, isto será a fonte da verdadeira paz interior» (Misericordiae Vultus, 17).
Mostramos também a nossa verdadeira conversão a Deus, esforçando-nos para viver uma vida de penitência e mortificação. As nossas obrigações diárias são a principal fonte desta mortificação: ordem, pontualidade na iniciação do nosso trabalho, concentração e intensidade no estudo e trabalho, o que nos torna mais eficientes. Mortifiquemos o nosso egoísmo e ajudemos a criar uma atmosfera mais agradável à nossa volta, especialmente na família e no local de trabalho.
Neste ano, em que a quarta-feira de Cinzas coincide com o terceiro dia do Ano Novo Lunar, e é costume nesta Diocese que os fiéis sejam dispensado do jejum e da abstinência, eu encorajo todos os fiéis para procurarem um outro dia para viverem esta mortificação especial que a Igreja nos manda. Ofereçamos esta mortificação com alegria, já que sabemos que irá reforçar o nosso espírito, uma vez que mortifica a nossa carne e sensualidade. Isto leva a nossa alma para Deus, livrando-nos de concupiscência e dando-nos força para superar e mortificar paixões, e dispondo o nosso coração que nada procura senão agradar a Deus em tudo.
Através da conversão a Deus, experimentamos a misericórdia paternal de Deus no fundo do nosso coração. A sua misericórdia transforma o coração do homem e faz-lhe experimentar um amor fiel, tornando-o assim, por sua vez, capaz de misericórdia. Isto inspira «cada um de nós, estimulando-nos ao amor do próximo e animando aquilo que a tradição da Igreja chama as obras de misericórdia corporal e espiritual. Estas obras recordam-nos que a nossa fé se traduz em actos concretos e quotidianos, destinados a ajudar o nosso próximo no corpo e no espírito. Por meio das obras corporais, tocamos a carne de Cristo nos irmãos e irmãs necessitados de ser nutridos, vestidos, alojados, visitados; por meio das obras espirituais da misericórdia – aconselhar, ensinar, perdoar, admoestar, rezar – tocamos mais directamente o nosso ser de pecadores. As obras corporais e espirituais nunca devem ser separadas» (Papa Francisco, Mensagem de Quaresma, 2016).
Peço que ofereceis as vossas mortificações diárias e todos os esforços para realizar obras de misericórdia nestes dias para mim e para o meu clero servirmos a Diocese de Macau. Preciso das vossas orações e de apoio para que possa discernir bem e dirigir diligentemente a Diocese de Macau segundo a Vontade de Deus.
Neste período quaresmal no Ano Jubilar da Misericórdia, peço a todos vós que se voltem para a Mãe da Misericórdia, para que a pureza e amor justo do rosto dela velem por nós, e que possamos conseguir a misericórdia do Pai Celeste na nossa conversão diária constante e ter presente a sua misericórdia quando cuidamos daqueles que estão à nossa volta.