Um saber de experiências feito

PROVÉRBIOS VÃO CAINDO EM DESUSO

Um saber de experiências feito

Senso comum é um saber adquirido pelo Homem a partir de vivências e observação do mundo, no volver dum quotidiano de experiências feito. É uma forma de conhecimento vulgar ou popular, que se caracteriza por aprendizagens úteis acumuladas ao longo da vida e passadas de geração em geração.

O senso comum é uma herança cultural, que tem a função de orientar a sobrevivência humana nos mais variados aspectos. Através do senso comum uma criança aprende o que é o perigo e a segurança, o que pode e o que não pode comer, o que é justo e o que é injusto, o bem e o mal, e outras normas de vida que vão direcionar o seu modo de agir e pensar, as suas atitudes e decisões. Engloba costumes, hábitos, tradições, normas, éticas e tudo aquilo que se necessita para viver bem. De maneira espontânea e sem querer, as pessoas utilizavam-no quase a todo o momento em forma de provérbios, ditados populares, quadras, etc. Muitas gerações foram moldadas sob sentença popular, que dia-após-dia se foi infiltrando no nosso ouvido e tomando força de lei.

Era ainda uma forma indirecta de nos darem um raspanete cheio de autoridade… “Pelo andar da carruagem, logo se vê…” ou “Diz-me com quem andas, dir-te-ei…” e tantos outros sem fim que vagueavam pelos ambientes de então, mas tinham o condão de serem certeiros e atingiam sempre o objectivo pretendido.

Talvez à força de tantos ouvir e gostar de repetir, ainda hoje são uma paixão e não abdico de as acrescentar às minhas advertências e diálogos. Sem grandes pedagogias, psicologias, sociologias ou outras “ias”, sempre aplico uma expressão popular, recordando que a “A voz do povo é a voz de Deus”.

Com muita pena minha, hoje esta força educativa e formadora passou de moda, muitos pais já não sabem provérbios e os avós, se ainda se recordam, são abafados e apelidados de tudo o que possa cheirar a naftalina…

É pena, é uma parte da sabedoria humana muito rica e enriquecedora, douta e com humor, que se vai perdendo em prol dum silêncio, por vezes sepulcral, que se abate entre a família, a sociedade, a TV, o telemóvel, o PC, etc.

Susana Mexia 

Professora

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