Portugal recebeu Missão Apostólica e Evangelizadora desde o seu berço

Fundado por Cristo, para Cristo.

Os portugueses, desde o berço da sua nação, são conhecidos, por lenda ou milagre, por terem sido chamados por Deus, de uma forma especial e abençoada, para se unirem a Cristo, numa missão apostólica e evangelizadora, e de expansão do Cristianismo. Os barcos que mais tarde se lançaram a descobrir o mundo foram instrumentos do Senhor, “sacrários” flutuantes do Evangelho que neles seguia, deixando as sementes cristãs em terras onde as suas naus chegavam. Nossa Senhora está também muito presente na História de Portugal. Presenteou-nos com uma aparição em Fátima, na Cova da Iria, confortando-nos: «Em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé». É preciso voltarmos ao primeiro amor, ao primeiro chamamento, e cada um sentir-se impelido pela fé a ser luz de Cristo para o mundo.

Como nos dizem as Escrituras: «A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito será pedido» (Lc., 12:48). Assim, cada um deverá sentir-se honrado por esta bênção e este chamamento em ser mensageiro fiel de Cristo e da Virgem Santíssima, Mãe de Deus, mãe da Igreja e mãe de todos nós (Jo., 19:26).

Portugal parece ter, desde a sua fundação, uma vocação especial por parte de Deus, vocação que está presente num episódio – milagre ou lenda – durante a Batalha de Ourique, também citado por Camões nos “Lusíadas”. Dom Afonso Henriques († 1185), primeiro Rei de Portugal, em 25 de Julho de 1139, quando estava prestes a travar a difícil batalha contra o exército dos mouros, entre preocupações e pensamentos, tomou nas mãos a Bíblia Sagrada que tinha na sua tenda e deparou-se com o relato da vitória de Gedeão, insigne capitão do povo judaico, o qual, com trezentos soldados, rompeu os quatro reis madianitas e os seus exércitos.

O infante ficou alegre com esta leitura e com o bom presságio que ela lhe trazia. Com o coração inflamado e olhos postos no Céu, rompeu estas palavras: “Bem sabeis vós, meu Senhor Jesus Cristo, que por vosso serviço e pela exaltação do vosso santo nome, empreendi eu esta guerra contra vossos inimigos; vós, que sois todo poderoso, me ajudai nela, animai e dai esforço a meus soldados para que os vençamos, pois são blasfemadores do vosso santíssimo nome”. Ditas estas palavras, sobreveio-lhe um grande sono, e começou a sonhar que via um velho de venerável presença, o qual lhe dizia que tivesse bom ânimo e que iria ter um sinal.

O infante, mais tarde, esperando pelo sinal prometido, pondo os olhos no Céu, viu da parte oriental um resplendor formosíssimo – no meio dele viu o salutífero sinal da Santa Cruz, e nela encravado o Redentor do mundo, acompanhado por uma grande multidão de anjos.

No diálogo entre Dom Afonso Henriques e o Senhor, Cristo conclui o divino encontro com estas palavras: “Não te apareci deste modo para acrescentar a tua fé, mas para fortalecer o teu coração nesta empresa e fundar os princípios de teu Reino em pedra firmíssima. Tem confiança, porque não só vencerás esta batalha, mas todas as mais que deres aos inimigos da fé católica. Tua gente acharás pronta para a guerra e com grande ânimo pedir-te-á que com título de rei comeces esta batalha; não duvides de o aceitar, mas concede livremente a petição porque eu sou o fundador e destruidor dos Impérios do mundo, e em ti e na tua geração quero fundar para mim um reino, por cuja indústria será meu nome notificado a gentes estranhas. E para que os teus descendentes conheçam de cuja mão recebem o reino, comprarás as tuas armas do preço com que comprei o género humano, o daquele porque fui comprado dos judeus, e ficará este reino santificado, amado de mim pela pureza da fé e excelência da piedade”.

Passados poucos séculos, atendendo a um pedido especial do Rei Dom Dinis († 1325), o Papa João XXII instituiu a Ordem de Cristo, ordem religiosa e militar, herdeira do tesouro material e espiritual dos Templários. Ela foi protagonista, durante o período das Grandes Navegações, na expansão da fé católica e do Império Português, cumprindo o que Nosso Senhor havia anunciado a Dom Afonso Henriques.

Muitos conhecedores da História de Portugal lembram-nos os excessos e crueldades do período dos Descobrimentos Portugueses, de muitos homens tripulantes das embarcações que conquistaram oceanos e novos horizontes, presentes nos relatos repugnáveis da História. É verdade que “nem tudo foi um mar de rosas”, nem há a intenção de idealizar romanticamente tudo o que aconteceu. Mas não esqueçamos a expansão da fé. Onde se pisava o solo, os portugueses cravavam a Cruz de Cristo, como aconteceu no Brasil, que foi baptizado como Terra de Santa Cruz. Ali eram celebradas missas e o corpo místico do Senhor a todos iluminava.

Como crentes em Jesus Cristo, olhando o plano da Salvação, as palavras de São Paulo na sua carta aos Romanos dão-nos conforto: «Onde aumentou o pecado, superabundou a graça» (Rm., 5:20). Estas palavras apontam a forma como Deus supera as sementes do pecado, e na Sua sabedoria infinita encaminha a humanidade com vista aos Seus desígnios. É neste ponto que nos queremos focar.

 

Lutar contra o erro em busca da verdade

Hoje, há muitos que vivem longe da sua fé católica, longe dos Sacramentos, da oração e da Santa Missa. O mundo, infelizmente, parece caminhar para uma apostasia globalizada. Em parte, por uma falta de conhecimento da fé e ignorância da sua riqueza, história e tradição. Por desconhecimento do lado santo da Igreja de Cristo, que nos mostra Jesus caminhando ao nosso lado desde que foi arrebatado ao Céu, não só em espírito, mas presente misticamente em muitos dos Seus seguidores ao longo dos séculos – muitos deles hoje canonizados, pois Ele nos disse que estaria connosco até ao fim dos tempos e não nos deixaria órfãos (Mt., 28:20; Jo., 14:18).

O Homem prefere seguir as ideologias do homem, que com as suas ideias, as suas loucuras mundanas e existências criaram filosofias de vida sem Deus, sem o criador, como se tudo o que existe fosse fruto de um acaso. E nem se dão ao trabalho de meditar sobre o mistério da vida. Vivem como o apóstolo Paulo disse um dia, se não tivéssemos evidências da Ressurreição de Cristo: «Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos porque amanhã morreremos» (1 Co., 15:32).

Marx considerava a religião como o ópio do povo, e é por homens como este que o veneno do demónio continua a incumbir-se do povo de Deus, na Igreja – todos nós – o Corpo místico de Cristo, na sociedade global em estado de oxidação, onde Deus não têm lugar, mas isto é que é “cool” aos olhos do mundo. Tem-se mais fé nos homens – que procuram a sua glória – do que em Deus, mesmo olhando a criação que “grita” e reflecte o Criador.

Nada há no mundo que não tenha sido criado, nada pode vir à sua existência: se não for pensado, idealizado, concebido e impulsionado… Se olhamos uma esfera em movimento, é porque foi impulsionada por algo. O Universo encontra-se em expansão, num movimento que é “impulsionado” por Deus.

Foquemo-nos na nossa fé: «Há um só Corpo e um só Espírito, assim como a vossa vocação vos chamou a uma só esperança; um só Senhor, uma só fé, um só baptismo; um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por todos e permanece em todos» (Ef., 4:4-6).

Miguel Augusto

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