Paul Pun e a lista de espera para Lares da Terceira Idade

Número de centros aquém da procura.

O novo lar de idosos gerido pela Cáritas Macau em Seac Pai Van, com capacidade para 318 utentes, pode encurtar o tempo de espera dos candidatos que precisam de cuidados pessoais. Acontece que se não forem entretanto tomadas medidas adicionais o mais certo é que o prazo médio, a rondar actualmente um ano, será facilmente ultrapassado.

«Esperamos acolher os novos utentes em finais de Dezembro, mas se puderem vir mais cedo ainda melhor», disse a’O CLARIM o secretário-geral da Cáritas, Paul Pun, acrescentando que não tem «a mínima ideia» de quantas idosos estão actualmente em lista de espera para darem entrada em lares no território, porque essa competência recai no Instituto de Acção Social.

«Normalmente é de um ano e mais alguns meses, mas com esta nova capacidade acredito que o tempo de espera seja encurtado. Estimo que mais de quinhentos idosos necessitem deste tipo de cuidados pessoais. Em virtude de uma população envelhecida, vamos ter mais idosos no futuro. Agora ainda podemos encurtar o tempo de espera, mas se Macau não tiver mais lares o período será maior», sublinhou Paul Pun.

De acordo com o mesmo responsável, «há quem veja o envelhecimento [da população] como um problema. No entanto, o envelhecimento é uma realidade. Se houver um bom planeamento, pode não ser necessariamente um problema, permitindo que as pessoas desfrutem da sua idade avançada».

A RAEM está dependente de um modelo económico cujo motor é a indústria do Jogo. Os problemas que este sector causa em muitas famílias também afectam o elo mais fraco: os idosos.

Segundo Paul Pun, os horários por turnos prejudicam quem tem idosos a seu cargo, pois se muitos familiares até querem cuidar deles, a verdade é que estão presos às suas actividades laborais nas operadoras do Jogo. «No passado, a Cáritas só estava encarregue de lares para pessoas sem apoio familiar. Actualmente, também recebemos quem tem apoio familiar. Ao aliviarmos o fardo dos familiares com pouco tempo, podem assim trabalhar e visitar os seus parentes. Houve uma mudança», explicou o secretário-geral da Cáritas.

«É necessário que haja mais lares na península de Macau e na ilha da Taipa. É ainda preciso fortalecer a mão-de-obra – assistentes sociais e pessoas que cuidam dos idosos, entre outras – elevando o nível da sua formação para melhor servirem os outros. É preciso um melhor planeamento, tanto por parte do Governo, como das Organizações Não Governamentais e da sociedade em geral», referiu.

O novo lar de idosos em Seac Pai Van integra quatro sectores – área residencial para utentes com serviço de enfermagem, centro de dia, serviço comunitário de cuidados básicos e apoio aos profissionais que cuidam dos idosos.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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